65ª Reunião Anual da SBPC

F. Ciências Sociais Aplicadas - 4. Turismo e Hotelaria - 1. Fundamentos Teóricos

A IMPORTÂNCIA HISTÓRICO-CULTURAL E OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DA FEIRA DO ALECRIM PARA A POPULAÇÃO DO SEU ENTORNO

Carlos Jefferson Rodrigues do Amaral - Depto. de Turismo - UERN Tácia Maria de Paiva - Depto. de Turismo - UERN Marília Medeiros Soares - Profa. Msc./Orientadora – Depto. de Turismo – UERN

INTRODUÇÃO:

A cidade de Natal, capital do estado do RN, possui vinte e duas feiras livres distribuídas entre os seus bairros. A organização destas é feita periodicamente entre os dias da semana, ficando o bairro do Alecrim com a montagem de sua feira aos sábados. A feira do Alecrim é uma das mais tradicionais e antigas da cidade, tendo início no ano de 1920, o bairro do Alecrim, foi criado em 23 de outubro de 1911, sob a gestão do então prefeito Omar O’Grady. De acordo com o exposto, optou-se no presente trabalho por mostrar a importância histórico-cultural desta feira para o bairro no qual ela se instala; seus impactos socioambientais e sua relação com o turismo de Natal. A feira do Alecrim está inserida em um dos bairros mais comerciais da cidade de Natal e do estado do RN, resistindo às forças adversas da produção globalizada, como a concorrência das grandes redes de supermercados, Shopping Centers, e o crescente comércio internacional (chinês) que vem se instalando neste bairro. Esta feira tem ainda uma grande importância na preservação da cultura popular, pois ela retém as tradições do comércio informal do interior do estado potiguar, como as barracas de produtos de medicina natural, comidas típicas da culinária sertaneja, produtos artesanais e costumes que remetem à vida do interior.

OBJETIVO DO TRABALHO:

Este artigo traz como proposta investigar qual é a importância histórico-cultural da feira livre do bairro do Alecrim, em Natal-RN, para os feirantes e moradores do bairro; analisar os principais impactos socioambientais causados por ela e pesquisar se há algum fluxo de turistas nesta feira, abordando quais são seus interesses e motivações que os levaram a mesma.

MÉTODOS:

A presente pesquisa foi realizada no período entre os dias 16 e 23 de março de 2013, in loco à feira do Alecrim, que se instala todos os sábados no Bairro do Alecrim em Natal-RN, oficialmente das 06h00min às 15h00min. Para registro destas informações fez-se utilização de equipamento como câmera fotográfica, para registrar cenas do cotidiano da feira livre. Os dados obtidos foram possíveis através da aplicação de questionários e entrevistas informais, aplicados junto aos feirantes, moradores do bairro, transeuntes e turistas que transitavam por esta feira. Foram elaborados dois tipos de questionários, sendo dez formulários direcionados aos frequentadores da feira e mais dez para os feirantes. 60% dos frequentadores tinha idade entre 36 a 50 anos, e 40% destes possuía o ensino médio completo. A maior parte dos feirantes entrevistados também tinha idade entre 36 e 50 anos sendo estes 45%, e 89% dos mesmos com mais de vinte anos de trabalho na feira livre do Alecrim e o nível de escolaridade entre os feirantes era o fundamental incompleto chegando a 45%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Após pesquisa realizada, evidenciou-se que a feira do Alecrim possui um alto grau de importância, tanto cultural como histórica para formação deste bairro, os frequentadores afirmam que gostam de ir à feira pelo fato desta relembrar os costumes do interior do nosso estado, não só nos produtos ofertados, mas também na forma de compra. De acordo com os entrevistados 30% afirmam que o problema que mais incomoda é o lixo, pois podem contaminar os produtos que estão á venda seguido do mau cheiro segundo a opinião de 21% dos frequentadores, e esse problema é visto principalmente nas bancas de peixe, onde os feirantes deixam os resíduos do produto, jogados ao chão, e que mesmo sendo coletados ao término da feira, provocam odores por vários dias, sendo este problema, alvo de muitas reclamações por parte dos moradores. Também foi possível identificar outros problemas socioambientais como o congestionamento do trânsito com 17%, e com níveis menores, mas não menos importante a poluição sonora e a violência com 16%. Foi comprovado, que esta feira, é bastante frequentada por turistas. Estes, não são um público de massa, mas são constantes. Contudo é preciso que se façam melhorias quanto à organização, higienização e acessibilidade da feira do Alecrim para a população local e os turistas.

CONCLUSÕES:

Concluímos que a feira do alecrim possui grande relevância para a população natalense, tanto na parte econômica, como cultural, pois se observa que ainda são preservadas as raízes culturais do bairro, e que uma relativa quantidade de produtos oferecidos vem do interior do estado. Fato que atrai turistas, que desejam conhecer de perto a história e os costumes do povo potiguar. Percebe-se também, que a feira livre do Alecrim traz algumas consequências socioambientais, como: lixo; mau cheiro; congestionamento do transito; poluição sonora e violência. Espera-se que este trabalho possa servir de ajuda para novas pesquisas que contribuam para sanar ou amenizar estes problemas expostos. Como futuros turismólogos e preocupados com a atual política de turismo adotada em Natal (sol e Mar), surge o desejo que, este artigo possa incentivar outros estudos relacionados ao turismo alternativo na cidade e que o poder público e privado venha a elaborar projetos, que padronizem e organizem melhor as feiras livres, para que possam também servir de atrativo turístico para os visitantes, visto que este mercado abarca vários elementos como a visitação a destinos culturais, bem como o lazer motivado pelo desejo de saborear as comidas típicas locais e de poder interagir com a população autóctone.

Palavras-chave: Feira Livre do Alecrim, Cultura Popular, Impactos Socioambientais.