65ª Reunião Anual da SBPC |
H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 6. Literatura |
As aproximações quanto ao tema da seca nas literaturas africana e brasileira: percepções de discentes de uma escola estadual cearense. |
Maria Adelane Moura da Silveira (Orientação – Bolsista PIBID - Supervisora Escolar) - Profa.orientadora de Língua Portuguesa na EEFM Doutor Brunilo Jacó- Redenção-CE Ciro Almeida da Silva - Graduando Letras da UNILAB / bolsista PIBID-Capes Roberta Rafaela Bernardino da Silva - Graduanda Letras da UNILAB / bolsista PIBID-Capes José Emerson Lúcio Silveira. - Graduando Letras da UNILAB / bolsista PIBID-Capes |
INTRODUÇÃO: |
Este trabalho, estando inserido no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), tem seu destaque na compreensão da natureza intertextual das literaturas selecionadas de diferentes autores e épocas da cultura africana e brasileira. Intertextualidade, em linhas gerais, “é o processo de incorporação de um texto em outro, seja para reproduzir o sentido incorporado, seja para transformá-lo. Há de haver três processos de intertextualidade: a citação, a alusão e a estilização” (FIORIN, 1994, p. 30). A intertextualidade conduz então às relações existentes entre a literatura africana e a literatura brasileira. Para cumprir esse fim, a pesquisa aponta a intertextualidade a partir das observações dos alunos da Escola de Ensino Médio Dr. Brunilo Jacó em Redenção – Ceará, parceira do subprojeto Pibid/CAPES/Unilab, “Do Ceará à África, as imagens, os trânsitos literários e universos lingüísticos: um exame crítico da prática de ensino”. Face à existência da Lei nº. 10.639, que tornou obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira no ensino fundamental e médio, acredita-se que a relevância deste trabalho é oferecer um resgate da cultura afro-brasileira, contextualizada e centrada no diálogo e reflexão sobre as diferença e semelhanças que marcam o Ceará e os países parceiros da África com a UNILAB. |
OBJETIVO DO TRABALHO: |
A pesquisa se destina a verificar a dinâmica da intertextualidade em algumas obras que abordam o tema da seca que pode se apresentar em ambas as literaturas, bem como observar as maneiras de inserções da aplicabilidade da Lei acima referida no trato docente. |
MÉTODOS: |
Para a realização desta pesquisa, foi feito levantamentos de textos que tratam da seca no Brasil e no país africano de Cabo Verde. Apresentação dos textos selecionados aos alunos da escola para que estes apontem ou reconheçam intertextualidade por intermédio da aplicação de questionários a dez alunos da escola de ensino médio sobre textos que versam sobre a questão da seca em Cabo Verde, buscando observar o potencial de identificação dos alunos quanto às semelhanças ou diferenças da temática da seca no Brasil e no país africano, ou seja, a noção de intertextualidade na Escola. |
RESULTADOS E DISCUSSÃO: |
Com a aplicação do questionário, sobre a pergunta “você se considera um bom leitor?”, constatou-se que 90% responderam “sim”; 10%, “não”. Vê-se que basicamente a maioria se considera bons leitores, isto é, busca compreender o texto e associar seus conhecimentos. Na segunda pergunta “Você já leu “A triste Partida”, de Patativa do Assaré?”, somente 10% responderam que sim. Assim, 90% não tiveram contato, elemento que poderiam guiá-los durante a leitura dos poemas africanos. Ao responderem à pergunta “Você reconheceu nos poemas: Flagelados do vento Leste; Seca; Poema de Amanhã, alguma familiaridade com o contexto da região do nordeste?”, 100% fizeram relações alusivas ao nordeste. Sobre “Qual nacionalidade dos poemas?”, 40% disseram que se tratava de poemas africanos e 60% de poemas brasileiros, nesse aspecto, verifica-se que os alunos aproximam a literatura africana da literatura brasileira. A quinta pergunta, “qual tema (s) você reconheceu nos poemas”, entre as opções dadas, a maioria optou pelo item que indicava que os poemas tratavam de questões referentes à problemática da fome, da seca e da miséria. Quando foram solicitados a sublinhar, tivemos o resgate dos termos “estiagens”, “desgraça”, “lágrimas”, “falta d’água”, “êxodo” e “suor”, relacionaram na leitura os problemas e marcaram a perseverança da África. |
CONCLUSÕES: |
Conclui-se que esses alunos fazem o uso da intertextualidade através das estratégias de leitura como o processamento de um texto. Dessa forma, podemos notar que os alunos relacionam e reproduzem sentido através da alusão do tema da seca comum em Cabo Verde e no nordeste brasileiro. Através dos dados, os alunos percebem os elementos que conduzem a intertextualidade graças a seu repertório cultural e literário que permite a ele identificar, nos poemas, questões relevantes como a fome, êxodo e miséria. Isto é, [...] “quando as relações humanas perdem sua condição de humanidade e transforma-se em relações entre coisas” (D’Angelo, Marta, 2011, p.31). Concluiu-se, através do questionário, que os alunos aproximam a literatura africana da literatura brasileira em virtude da repetição de uma ideia ou de um ideal presente nas obras, característica essa primordial para a intertextualidade que é uma retomada de outros textos. Por meio desses estudos, espera-se compreender mais sobre a intertextualidade, entender como os alunos percebem o texto, se têm consciência da complexidade desse processo que é capaz através diálogo entre duas ou mais vozes e entre dois ou mais discursos, aproximar o Ceará e a África lusófona. |
Palavras-chave: África, Ceará, Intertextualidade. |