65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Gestão e Administração - 3. Gestão da Produção e Marketing
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE METODOLOGIAS PARA O TRAÇADO DE BASES DE MODELAGEM PLANA MANUAL FEMININA
Dayse Larissa Batista de Azevedo Silva - Universidade Federal de Pernambuco UFPE|CAA
Dorivalda Santos Medeiros Neira - Profa. Dra. / Orientadora – Universidade Federal de Pernambuco – UFPE|CAA
INTRODUÇÃO:
O trabalho desenvolvido consistiu numa comparação entre as metodologias de modelagem plana manual do livro O Grande Livro da Costura (1979) e do livro MIB - Modelagem Industrial Brasileira (2010), estudando as principais mudanças ocorridas de uma publicação à outra em relação aos métodos de desenvolvimento dos diagramas ou traçados dos moldes.
O livro “O Grande livro da Costura” foi publicado em 1979, em Lisboa, Portugal e se define como um curso gradual que ensina desde as técnicas iniciais fundamentais até chegar à confecção do vestuário. Já o livro Modelagem Industrial Brasileira de Duarte e Saggese, foi publicado em 2010 e reúne todo o conhecimento adquirido pelas autoras na área de modelagem plana manual.
O estudo tem como relevância fornecer informações sobre como os métodos de modelagem evoluíram de forma a ficarem mais objetivos e didáticos. Além de levantar dados históricos e informações de como eram feitos os moldes nos anos 70. O levantamento de tais questões em tecnologia do vestuário pode incentivar outros estudos que avaliem modelagens de décadas passadas, oferecendo uma valiosa contribuição sobre o histórico da construção de moldes, já que as bibliografias nesse assunto ainda são escassas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho tem como objetivo identificar as principais diferenças nos métodos de construção de bases de modelagem plana manual feminina de duas publicações sobre o assunto. Levando-se em considerando a evolução do vestuário e aspectos didáticos (ensino/aprendizagem) de ambas.
MÉTODOS:
A pesquisa foi realizada no Laboratório de Moda do Centro Acadêmico do Agreste/UFPE. Inicialmente, traçaram-se moldes base, tamanho 42, das duas publicações, ressaltando as principais informações dos métodos. Após o traçado das bases, os moldes foram riscados, cortados e confeccionados em tecido plano. Foi elaborado um relatório onde era especificado o que foi destacado de cada base.
No caso do Grande livro da costura, no relatório é destacado os pontos que o autor considerava essenciais e registrava as informações que faltavam. Quando estas eram essenciais para o traçado (medidas), consultava-se a tabela de medidas de Duarte e Saggese, mais completa em relação à publicação de 79.
Com as bases confeccionadas procedeu-se à prova em manequim industrial e registro fotográfico. Analisou-se como cada peça se acomodava e realizou o registro das observações. Na última etapa, reuniram-se os relatórios das duas metodologias e as fotos das peças comparando-se as principais diferenças na modelagem e como isso resultou na peça pronta.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados obtidos foram: o ano de publicação dos livros que interferiu no modo como as instruções das modelagens eram dadas. No livro “O Grande Livro da Costura”, as instruções eram mais pessoais e reforçava-se sempre a ideia da costura em casa. Assim, nem todas as medidas eram fornecidas, reforçava que essas seriam as medidas da cliente, isso interferiu na peça final, pois a junção dessa tabela de medidas com as fornecidas por Duarte e Saggese (2010) provocou distorções na modelagem da manga, já que as bases da blusa e da manga eram que não forneciam todas as medidas. Já a saia e a calça, possuíam todas as medidas e acomodaram bem no manequim.
Já as bases de Duarte e Saggesse, acomodaram bem ao manequim, mas apresentaram folgas na blusa e saia, pois as bases devem ficar justas ao corpo. Em relação às medidas, a sua tabela era a mais completa e fornecia todos os dados necessários para a construção dos moldes. A linguagem era mais direcionada a produção industrial devido à objetividade e padronização da tabela de medidas e do diagrama. Observou-se que faltavam algumas justificativas durante o método em relação a algumas ações que eram estabelecidas, o que no Grande Livro da Costura (1979) não acontecia.
CONCLUSÕES:
Concluiu-se que as metodologias apresentadas nos dois livros possuem diferenças, devido ao período de publicação delas. O grande livro da costura (1979) possui uma linguagem mais pessoal o que implicou em adaptações na etapa de costura para que as bases se encaixassem devido à falta de algumas medidas. Já a metodologia de Duarte e Saggese (2010) resultou-se em bases que se acomodaram bem no manequim industrial.
Com o passar dos anos percebemos que o método de construção de moldes ficou mais objetivo e padronizado, em contrapartida foram abandonadas algumas justificativas que facilitariam a compreensão da construção dos moldes bases. Observou-se que a metodologia de 1979, era cheia de informações que causavam confusão no entendimento de como traçar as bases. Na intenção de tornar o método mais objetivo, algumas informações importantes foram esquecidas, e só são adquiridas com a experiência empírica do modelista.
Portanto, a modelagem sofreu alterações deixando-a mais objetiva, desde as representações dos diagramas até as instruções para o seu desenvolvimento. Outro estudo pode ser elaborado associando as justificativas dos traçados aos passo a passo padronizado que temos hoje, e assim surgir um material teórico mais completo.
Palavras-chave: Vestuário, Moda, Moldes base.