65ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental |
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NÃO-FORMAL E O SENTIDO DA TRANSFORMAÇÃO SOCIAL NA COMUNIDADE PESQUEIRA. |
Ana Maria Francisca da Silva - Curso de Pedagogia. Universidade Estadual Vale do Acaraú. UVA/ núcleo: Recife-PE José Barbosa da Silva - Curso de Pedagogia. Universidade Estadual Vale do Acaraú. UVA/ núcleo: Recife-PE Emyli Souto Viana - Curso de Direito – Faculdade Boa Viagem – FBV. Rosiglay Cavalcante Vasconcelos - Profª. Mestre/Orientadora- Curso de Pedagogia – Universidade Estadual Vale do Ac |
INTRODUÇÃO: |
A educação ambiental requer uma análise complexa sobre o processo de formação e informação dos indivíduos, quando o desenvolvimento social é orientado para a consciência critica e a transformação nas relações sociais sobre as questões ambientais. Na concepção de Leff (2001) o princípio do Desenvolvimento Sustentável surge no contexto da globalização que representa a marca do limite da atuação do processo civilizatório ocidental, e faz questionar a racionalidade que legitimou o crescimento econômico, negando a natureza. Nesse sentido, Reigota (2000) evidencia que a educação ambiental deve capacitar os indivíduos ao pleno exercício da cidadania, permitindo a formação de uma base conceitual, técnica e cultural, que permita a superação dos obstáculos à utilização sustentável do meio. Sendo assim, a abordagem sociocultural de Freire (1991) trabalha que o ser humano é o agente e objeto da história, pela possibilidade que tem de transformá-la, ao mesmo tempo em que sofre a influência de fatores sociopolíticos, econômicos e culturais. Portanto, o sentido da educação ambiental é interdisciplinar e transversal quanto ao seu processo amplo e de transformação, ocorrendo a partir da vivencia e das ações dos pescadores na sua prática social. |
OBJETIVO DO TRABALHO: |
Analisar a educação ambiental não-formal a partir da prática social dos pescadores da comunidade Caranguejo Tabaiares, destacando as relações sociais com os recursos ambientais e as transformações sobre o meio. Buscou-se, assim, identificar as políticas públicas para a comunidade pesqueira; além de compreender as ações desses sujeitos como condição de valorização do meio socioambiental. |
MÉTODOS: |
O estudo sobre a Educação Ambiental Não Formal na Comunidade Caranguejo Tabaiares, na cidade do Recife/PE, surgiu a partir da construção do Trabalho de Conclusão de Curso, devido a uma pesquisa realizada na comunidade com os pescadores locais. As leituras bibliográficas, as visitas na comunidade e os trabalhos na área de educação ambiental possibilitaram questionar a problemática ambiental na sociedade capitalista, através do modelo de sociedade consumista e desigual, em que o processo educacional não-formal e a atuação dos pescadores são relevantes para compreendê-los como sujeitos de sua história. Para isso, foram realizadas entrevistas com as lideranças comunitárias e a aplicação de questionários com dezessete pescadores. Desse procedimento, os resultados obtidos culminaram em dados onde foram realizadas análises críticas sobre a visão dos pescadores e a relação com os recursos ambientais. Isso porque esse estudo pautou-se numa análise crítica sobre a educação ambiental e sua ação transformadora. |
RESULTADOS E DISCUSSÃO: |
Na análise realizada sobre a Educação Ambiental Não-Formal foram analisados os seguintes resultados: sobre a identificação dos pescadores com a Comunidade 82% responderam que gostam de morar na comunidade, e tem identificação com a vida de pescador; enquanto 18% responderam que não gostam do local, e explicaram que os maiores problemas são a falta de segurança no local, as dificuldades financeiras e a pouca valorização do Governo com a profissão deles. Em relação a participarem em algum projeto social, 47% disseram que fazem parte do projeto da prefeitura sobre reciclagem do lixo; já 53% não estão inseridos em nenhum projeto. No tocante a relação entre o trabalho e o modo de vida dos pescadores, todos afirmam que há relação da pesca com os recursos ambientais, e colocaram a importância destes para a sobrevivência da comunidade como um todo. Verificou-se, desta forma, que para Milaré (2009) a educação ambiental é um processo de efeitos socializantes, atinge os indivíduos e o seu alvo principal são os grupos sociais, a comunidade, com os quais pretende repartir as preocupações e soluções para o Meio Ambiente. Nessas circunstâncias, a participação da comunidade em projetos sociais transforma o espaço público em gestão ambiental, o que faz com que Leonardi (1997) ressalte que a educação ambiental está vinculada à formação da cidadania e à reformulação de valores éticos e morais. |
CONCLUSÕES: |
No decorrer do processo de estudo da temática ambiental relacionada ao desenvolvimento sustentável da sociedade capitalista percebeu-se que a problemática das relações sociais e da produção do espaço reflete sobre o modo de vida de comunidades pesqueiras, e com isso, a educação ambiental é um dos parâmetros que atua na transformação social. Com isso, a educação ambiental no sentido do desenvolvimento sustentável questiona esse modelo de sociedade consumista e degradante, e aponta como mudança social a valorização do comportamento pautado pelas relações dos homens com os recursos ambientais. O ser humano como sujeito e objeto de sua história implica reconhecer-se como parte integrante dessa natureza. O que requer uma atuação mais forte por parte do Estado na construção de projetos socioambientais que atuem em toda a comunidade pesqueira, onde os valores aos direitos sociais expressam a valorização da identidade local. No decorrer das análises dos dados percebeu-se que os pescadores predominantemente gostam do local de moradia, mas boa parte não são incluídos em projetos sociais. Outro ponto importante é que eles reconhecem a importância dos recursos ambientais para a própria vida, o que implica uma identificação como parte da natureza, portanto, é preciso reconhecê-los como sujeitos que atuam na preservação dos recursos naturais e são dependentes deles para viverem. |
Palavras-chave: Educação Ambiental Não Formal, Desenvolvimento Sustentável, Prática social. |