65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 1. Bioquímica da Nutrição
EFEITO DA DIETA COM ÓLEO DE CÁRTAMO EM RATOS WISTAR
Luana Jorge de Sousa - UPM - Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (IC)
Isabela Rosier Olimpio Pereira - Profª. Drª. - UPM - Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (Orientadora)
INTRODUÇÃO:
O cártamo (Carthamus tinctorius L.) tem uma longa história de cultivo como oleaginosa. As sementes de cártamo são ricas em óleo comestível, com teor de óleo semelhante ao de oliva, girassol e amendoim. O óleo é composto de 75% de ácido linoléico. A substituição da gordura saturada por insaturados reduz os níveis séricos de colesterol, mas os mecanismos subjacentes aos efeitos hipocolesterolêmicos não foram esclarecidos ainda. A alimentação com óleo de cártamo purificado ou bruto resultou em algumas alterações desejáveis, entre elas a redução de níveis de lipídeos no fígado e aumento do HDL-colesterol. O óleo de cártamo também pode elevar o catabolismo de ácidos graxos e diminuir a regulação dos estoques de gordura e lipogênese quando comparado com outras gorduras. Embora os estudos sugerirem que o óleo de cártamo tenha um efeito benéfico sobre o acúmulo de gordura corporal e lipídeos plasmáticos, não está claro se a suplementação deste óleo sobre a alimentação tradicional de um indivíduo traga todos esses efeitos benéficos. O simples fato de ser um óleo rico em ácido linoléico não justifica os efeitos relatados, e também não há na literatura informações de que outros óleos também muito ricos em ácido linoleico como soja e girassol possam ter efeito semelhante.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho visa esclarecer o efeito da suplementação com óleo de cártamo na dieta de ratos da linhagem Wistar comparado com o óleo de soja sobre o ganho e perda de peso e lipídeos plasmáticos.
MÉTODOS:
Foram utilizados 20 ratos recém desmamados, distribuídos em grupos. Cada fase teve duração de 28 dias. Fase I: EC– Dieta normal + 2% de óleo de Cártamo, Grupo CS– Dieta Normal + 2% óleo de soja e CN– Dieta normal. Objetivo : se o óleo de cártamo afeta o ganho de peso com uma dieta normocalórica. Fase II: EC- Dieta normal + 18% de banha de porco + 2% de óleo de cártamo, CS – Dieta normal + 18% de banha de porco + 2% de óleo de soja e CN – Dietal normal + 18% de banha de porco. Obejtivo: se o óleo de cártamo afeta o ganho de peso com uma dieta hipercalórica. Fase III: EC – Dieta normal + 5% de óleo de Cártamo, CS – Dieta Normal + 5% óleo de soja e CN – Dieta normal. Objetivo: se haveria maior perda de peso na dieta com óleo de cártamo, quando a dieta voltasse a ser normocalórica. Foi utilizado os dados de peso e comprimento naso-anal para calcular o Índice de Lee. A glicemia foi feita por meio do aparelho Accuchek na última fase. A eutanásia foi feita através de sobrecarga de anestésicos, depois, foi coletado o sangue por meio de punção cardíaca . O soro foi utilizado para análise de colesterol e triglicérides. O tecido adiposo foi coletado. Os resultados foram avaliados pela análise de variância com dois fatores, utilizando o Test T de Student (p<0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Quanto ao peso na fase II houve diferença estatística entre CN e EC, a dieta com óleo de cártamo sobre uma dieta hiperlipídica levou a um ganho de peso em relação ao grupo CN. Sales (2005), estudou o óleo de amendoim, óleo de açafrão e óleo de oliva, em humanos, o resultado foi semelhante à este estudo, houve um aumento peso, percentual de gordura corporal e massa gorda neste grupos. O Grupo CN, obteve menor Índice de Lee em relação aos outros. Segundo Stephens (1980) esse índice só é um bom indicador quando estiver acompanhado de ganho de peso. Neste estudo, índice de Lee foi adequado, esteve relacionado com o teor de gordura das dietas e ganho de peso. Os grupos CS e EC foram diferentes estatisticamente, assim como foram diferentes do grupo CN. Pauli (2007) encontrou que ratos sedentários-como neste estudo-submetidos à dieta hiperlipídica tiveram maior quantidade de gordura epididimal em relação à ratos com dieta padrão. Sales 2005, em seu estudo com humanos o grupo suplementado com óleo de açafrão, apresentou redução de colesterol total maior aos grupos com dieta com óleo de amendoim e óleo de oliva, diferente deste estudo. Ratos são resistentes a alterações lipídicas, Coimbra (2007) justifica pelo aumento na conversão do colesterol em ácidos biliares no fígado.
CONCLUSÕES:
Pode-se concluir a partir dos resultados dispostos neste trabalho que a suplementação de o óleo de cártamo não exerce efeito sobre o ganho de peso em ratos alimentados com dieta normal e dieta hiperlipídica quando comparados ao suplemento de óleo de soja ou a dieta controle hiperlipidêmica. A suplementação com óleo de cártamo teve efeitos semelhantes ao oléo de soja sobre o ganho de peso corporal e gordura epididimal. Fica claro, portanto, que utilizar-se de óleos como o de cártamo para promover a oxidação de lipídeos com o intuito de perda de peso não é um método eficaz, visto que neste trabalho ele não apresentou este efeito. Pelo contrário, por ser um óleo e ter alta densidade energética, este favoreceu o ganho de peso.A suplementação com óleo de cártamo não influenciou os lipídeos plasmáticos e a glicemia. Entretanto, é de suma importância que haja estudos posteriores que analisem os efeitos desse óleo, visando assim, desmistificar para a população leiga a ideia de que consumir óleos ditos como “emagrecedores” possa substituir uma alimentação equilibrada e a prática de atividade física para melhor manutenção do peso corporal.
Palavras-chave: obesidade, emagrecimento, triglicerídeos.