65ª Reunião Anual da SBPC |
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 5. Economia Internacional |
O CRESCENTE FLUXO DE IED E SEUS EFEITOS NO BALANÇO DE PAGAMENTO DA ECONOMIA BRASILEIRA |
Thaís Marculino da Silva - Depto. de Ciências Econômicas, Universidade Federal de Campina Grande – UFCG Thayse Andrezza Oliveira Do Bu - Depto. de Ciências Econômicas, Universidade Federal de Campina Grande – UFCG Rita de Cássia Vasconcelos Pedrosa - Depto. de Engenharia de Produção, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE |
INTRODUÇÃO: |
A partir da década de 90, o Brasil passa a apresentar mudanças significativas na política de comércio exterior, bem como, significativo desequilíbrio “estrutural” no balanço de pagamentos, oriundo de déficits na balança comercial e somados aos já históricos resultados negativos da balança de serviços. Promovendo, assim, à busca de uma política econômica que estimulasse a entrada de capitais internacionais sob a forma de investimento, o que fez com que o Brasil passasse a ser considerado espaço privilegiado, dentre os países em desenvolvimento, para o Investimento Externo Direto (IED); sendo registrado ao final de 1999, US$ 157 bilhões, em oposição ao registro de estoque da década anterior US$ 37 bilhões; significando uma elevação de mais de 400%. Tal evolução é fruto de fatores externos como, redução das taxas de juros dos países industrializados e fatores internos (abertura econômica, liberalização financeira e privatizações). Portanto, entende-se que a ampliação dos fluxos de IED cumpre muito mais uma função de suprir a permanente necessidade de compensação desse desequilíbrio. Assim, o presente trabalho tenta trazer uma contribuição para o tema, ao ressaltar as políticas de incentivos ao IED realizadas nos últimos anos, considerando o aumento da estrutura produtiva do país. |
OBJETIVO DO TRABALHO: |
Considerando que, o IED afeta as variáveis reais da economia (emprego, renda, PIB), o presente estudo teve como objetivo discutir o comportamento deste, a partir da década de 1980, bem como, verificar se o papel exercido por esse tipo de investimento, no âmbito da política econômica atualmente adotada, justifica o aumento desses fluxos e os efeitos gerados ao longo dos anos. |
MÉTODOS: |
O presente estudo teve sua gênese a partir de uma revisão bibliográfica realizada no âmbito de uma das atividades desenvolvidas no Programa de Educação Tutorial (PET) – Economia, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), que instigou o interesse pelo aprofundamento acerca dos impactos promovidos pelo elevado fluxo de investimento externo direto (IED) para a economia brasileira apresentado nas últimas décadas. Para tanto, realizou-se uma análise de dados secundários disponibilizados por órgãos oficiais do governo. Destarte, de um modo geral, a pesquisa pode ser caracterizada como qualitativa e quantitativa. |
RESULTADOS E DISCUSSÃO: |
Observou-se uma alteração na destinação dos fluxos do IED mundial. Ou seja, entre as décadas de 1985/1995 os países desenvolvidos receberam em média 71% dos IED`s no mundo e os países em desenvolvimento receberam 27%, tendo o Brasil, recebido apenas 1%. Em 1996, houve uma elevação substancial da participação dos países em desenvolvimento no IED mundial, saltando para 38% (tendo o Brasil atingido 3% de participação); em oposição aos países desenvolvidos que tiveram tal indicador reduzido para 58%. Além do contexto internacional, o papel do governo brasileiro foi preponderante, ao acionar uma política econômica de caráter ortodoxo, sob o argumento de estimular a concorrência, implantando abruptamente o processo de abertura econômica em paralelo a uma política de estabilização, que colocou os produtores locais, em situação desvantajosa em relação aos estrangeiros, resultando em muitas falências e aquisições de empresas nacionais por capitais externos. Assim, destaca-se, por exemplo, que, na década de 1990, o fluxo de investimento em fusões e aquisições realizadas nos países em desenvolvimento saltou de 1% no início da década, para 43% ao final da mesma; fazendo o Brasil sair da posição 14ª (em 1994) para 5ª (em 1996) no ranking dos países receptores de IED, segundo dados da UNCTAD. |
CONCLUSÕES: |
Os estudos possibilitaram perceber que o crescimento do IED, a princípio, deu-se, quase que exclusivamente, nos setores de serviços, utilizando mais uma vez, a via das privatizações, nos setores de energia e telecomunicações. Além disso, a manutenção de uma política de juros elevados e câmbio sobrevalorizado promovem a tendência dos novos investimentos se voltarem cada vez mais para os setores de não-comercializáveis, acirrando os constrangimentos no balanço de pagamentos. Até 2002 o Brasil era o sexto país em maior grau de internacionalização da produção industrial no mundo, com 32% controlado pelas Ets (Empresas Transnacionais). Cabe ressaltar que, em 2012, o Brasil foi o quarto país que mais recebeu IED`s. Dentro desse contexto, é imprescindível considerar a análise do IED em concomitância com a observação do saldo da balança comercial e do saldo em transações correntes que tem apresentado contínuo descasamento, promovendo significativo desequilíbrio no balanço de pagamento. Observou-se que o país ficou sujeito a negociar a renovação de seus débitos crescentes, de modo a promover concessões que vão, muitas vezes contra o interesse nacional devido à dependência externa e a desnacionalização da economia. |
Palavras-chave: Abertura comercial, Desequilíbrio, Dependência externa. |