65ª Reunião Anual da SBPC

G. Ciências Humanas - 7. Educação - 7. Educação Infantil

A CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO INFANTIL NA VISÃO DOS AUXILIARES DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL: UM ESTUDO DE CASO NA REDE MUNICIPAL DE RECIFE

Nadja Maria Barbosa da Silva - Faculdade Frassinetti do Recife – FAFIRE Mônica Maria Gadêlha Gaspar - Universidade de Pernambuco - Campus Mata Norte - UPE

INTRODUÇÃO:

Propomos neste trabalho uma discussão sobre as concepções de educação infantil dos auxiliares de desenvolvimento infantil das creches e Centros Municipais de Educação Infantil - CEMEIS no município do Recife. Na Educação Infantil os auxiliares recebem nomenclaturas diversas e atuam diretamente com as crianças, sem a formação mínima exigida pela lei, além de receberem baixos salários, embora sejam, também, considerados como professores de educação infantil leigos (RCNEI, 1998). Esses profissionais vivenciam uma constante crise de identidade decorrente do enquadramento funcional como funcionários administrativos, mas que na prática cotidiana desenvolvem um trabalho pedagógico. Dentro desse conflituoso cenário, o modo como os ADIs compreendem essa etapa da Educação Básica vai influenciar para um trabalho voltado ou não para o desenvolvimento integral das crianças nos aspectos físicos, cognitivos, emocionais e psicológicos. Assim, observamos as concepções de educação infantil e creche nos discursos dos funcionários observando a relação com as políticas públicas para Educação Infantil.

OBJETIVO DO TRABALHO:

O objetivo geral é analisar as concepções de educação infantil dos auxiliares de desenvolvimento infantil. Especificamente, objetivamos, identificar as concepções de educação infantil e de creche dos auxiliares, bem como verificar a concepção de educação infantil presente nos documentos oficiais.

MÉTODOS:

Para analisar as concepções dos auxiliares de desenvolvimento infantil, optamos pela abordagem qualitativa da pesquisa. A pesquisa é um estudo de caso que permite a observação de determinada realidade de modo mais detalhado e apresenta a complexidade da situação investigada. O campo empírico estudado foi uma creche municipal da rede pública da cidade de Recife/PE. Os participantes investigados são dez ADIs selecionados a partir da disponibilidade de participação. Após o convite e aceitação, foram realizadas a leitura e a explicação da proposta de pesquisa com o termo de consentimento. Optamos pela entrevista dirigida como instrumento para coleta de dados. A entrevista foi realizada no primeiro semestre de 2010 e gravada em áudio e transcrita seguindo as normas gramaticais. As questões norteadoras giraram em torno de analisar as concepções de educação infantil dos auxiliares de desenvolvimento infantil. A exploração do material visou à organização das categorias iniciais para estudo: perfil dos sujeitos investigados; concepções de educação infantil, creche; o trabalho na Educação Infantil enquanto auxiliar de desenvolvimento infantil.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Nesta investigação, buscamos como objetivo principal analisar as concepções de educação infantil dos auxiliares de desenvolvimento infantil a partir da construção teórica (RCNEI, 1998; KRAMER, 2005; OLIVEIRA, 2010), bem como respaldamos nosso percurso metodológico na teoria da Análise de Conteúdo(BARDIN, 1977) A análise dos dados revela que as concepções de Educação Infantil na visão dos auxiliares circundam entre o que propõe os documentos, a legislação em vigor e as concepções relativas a práticas assistencialistas voltadas à higiene, alimentação e cuidados. A creche é entendida como instituição educativa, como espaço de atendimento a cuidados físicos e instituição em transição cercada de avanços e retrocessos. As funções da creche segundo as falas analisadas apresentam como cuidar e educar de crianças. A formação dos profissionais investigados apresentam que 09 (nove) ADIs possuem formação em nível médio na modalidade Normal e/ou curso de licenciatura em Pedagogia em andamento ou concluído. Apenas uma das funcionárias possui Ensino Fundamental incompleto. E como a LDB exige para a formação mínima do professor que atua na Educação Infantil o nível Médio Normal, esses profissionais buscam o reconhecimento como educadores e a valorização profissional.

CONCLUSÕES:

Analisar as contribuições da pesquisa na Educação Infantil na concepção de profissionais do desenvolvimento infantil é traçar as relações que constituem a atuação e a formação profissional no contexto de trabalho. A Educação Infantil é uma etapa da Educação Básica que ainda carece de muitos estudos, principalmente sobre os profissionais que atuam nessa modalidade diretamente com as crianças. O papel dessas pessoas está muito ligado a práticas de atendimento da criança ou educação de criança de acordo com o entendimento de cada sujeito. A visão oficial presente na legislação educacional sobre essa etapa de ensino ainda aparece distante dos discursos analisados. Os ADIs têm opiniões diferentes mais pautadas pelas aprendizagens diárias no exercício do cargo. Ou seja, apresentam ideias do senso comum. E analisando esse fato, refletimos sobre os estudos sobre Educação Infantil nos cursos de formação de professores em Nível Médio e Superior. Será que a formação inicial desse profissional contemplou assuntos essenciais para atuação na área educacional ou foi um processo formativo voltado apenas para colocar mais profissionais no mercado de trabalho?

Palavras-chave: Creche, Educar e cuidar, Valorização profissional.