65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 7. Educação Infantil
O PERFIL DOS AUXILIARES DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL DAS CRECHES DA REDE MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DO RECIFE: PRIMEIROS DELINEAMENTOS.
Isabel Cristina dos Santos - Secretaria de Educação, Esporte e Lazer da Cidade do Recife - SEEL
Romualdo Tavares de Oliveira - Secretaria de Educação do Estado do Amapá - SEED
INTRODUÇÃO:
Tem sido um consenso entre os que estudam e para os que formulam as políticas públicas para a educação infantil a presença, nas salas das creches públicas, de um profissional que tenha como uma de suas principais atribuições auxiliar o professor em todas as atividades pedagógicas que visem o desenvolvimento das crianças. Na rede municipal de ensino do Recife, este profissional é conhecido por “Auxiliar de Desenvolvimento Infantil”. Em outras redes do ensino público, diversas nomenclaturas são dadas a este profissional. Tais como: Cuidador de crianças, Agente de Ensino Infantil, Educador Infantil e etc. Independentemente do nome que se der a tal função, ele irá auxiliar o professor na ação de cuidar e educar. De acordo com Oliveira, Mello, Vitória e Rossetti-Ferreira (1996), este profissional não é apenas aquele que cuida e toma conta, mas sim alguém que contribui ativamente para o desenvolvimento das crianças. Para Ramos e Porto (2003), o procedimento de cuidar e educar só devem ser realizados por aqueles que possuam a devida formação. Desse modo, é importante traçar o perfil do auxiliar de Desenvolvimento Infantil. Visto que esse conhecimento viabilizará o desenvolvimento de políticas públicas que melhorem a qualidade do atendimento das creches da cidade do Recife à população.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo central desse trabalho foi identificar o perfil socioeconômico dos Auxiliares de Desenvolvimento Infantil das creches do município do Recife. Como objetivos específicos: investigar a formação, tempo de atuação nas creches, idade, renda anterior e posterior a função de Auxiliar Desenvolvimento Infantil, tipo de locomoção, os motivos de ingresso e o grau de satisfação com a função.
MÉTODOS:
Participaram desta pesquisa 50 (cinqüenta) Auxiliares de Desenvolvimento Infantil que atuam nas creches da Secretaria Municipal de Educação do Recife. A aplicação do instrumento de pesquisa foi realizada momentos antes do início da assembléia da categoria, onde discutiriam as condições de trabalho e o piso salarial para o ano de 2013. A princípio, foi explicado a direção do sindicato sobre a pesquisa, sua importância e, em seguida, foi solicitado um tempo para a aplicação dos questionários com os Auxiliares de Desenvolvimento Infantil. Após explicação da pesquisa e permissão da presidência do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos Municipais da Administração Direta e Indireta da Cidade do Recife (SINDFEPRE) aos Auxiliares de Desenvolvimento Infantil, foi aplicado um questionário com cada um dos participantes, onde responderam à questões fechadas. Estes instrumentos foram tabulados e analisados por categoria numa abordagem quantitativa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Verificou-se que 40% dos Auxiliares de Desenvolvimento Infantil têm o curso superior completo; 28% cursam o ensino superior; 20% são pós-graduados e; 12% têm apenas o ensino médio. Quanto ao tempo de atuação em creches, 44% atuam entre 1 a 2 anos; 20% entre 5 a 6 anos; 18% entre 3 a 4 anos; 8% entre 9 a 10 anos; 6% há mais de 10 anos e 4% entre 7 a 8 anos. Com relação à idade, 40% têm entre 31 a 33 anos; 20% entre 24 a 26 anos; 10% entre 28 a 30 anos; 10% entre 34 e 37 anos; 10% mais de 40 anos; 6% entre 38 e 40 anos; 2% entre 18 e 20 anos e; 2% entre 21 e 23 anos. Sobre a renda antes de exercer a função de Auxiliar de Desenvolvimento Infantil, 42% têm uma renda entre 1 e 2 salários mínimos; 40% abaixo de 1 salário mínimo e; 18% entre 3 a 4 salários mínimos. Após a entrada na função; 90% passaram a ganhar entre 1 a 2 salários e; 10% entre 3 a 4 salários. Sobre a locomoção até o trabalho, 70% usam o ônibus; 10% usam o metrô; 10% usam carro e; 10% vão a pé. Quanto aos motivos de ingresso na função, 40% indicaram a estabilidade; 24% porque era a única opção naquele momento; 16% por identificação com a área; 12% já trabalharam antes na função e; 8% por incentivo da família. Com relação ao grau de satisfação, 60% estão insatisfeitos; 30% estão satisfeitos e; 10% pouco satisfeitos.
CONCLUSÕES:
Diante dos resultados apresentados, conclui-se que os Auxiliares de Desenvolvimento Infantil das creches da rede municipal de ensino da cidade do Recife possuem um nível de qualificação acima do determinado pela mantenedora para atuação na referida função. Estes profissionais, na sua maior parte, já passaram pelo período de estado probatório, apesar de existir um número expressivo nessa condição. Estão na faixa etária entre os 20 e 33 anos de idade. Verificou-se também que o ingresso na função de Auxiliar de Desenvolvimento Infantil proporcionou um aumento na renda pessoal desses profissionais. Por outro lado, na sua maioria, eles usam o transporte público para chegar ao local de trabalho. Também, a maior parte desses profissionais escolheu esta área de atuação vislumbrando a estabilidade do emprego e por não ter tido uma opção melhor de trabalho na época. A pesquisa constatou também que a maioria dos Auxiliares de Desenvolvimento Infantil estão insatisfeitos com a função que exercem. Diante dos achados, verifica-se a necessidade de outros estudos que aprofundem esta temática. Por outro lado, sindicato e Secretaria de Educação precisam rever o processo de promoção e progressão desses profissionais. Bem como, as questões de condições de trabalho e salarial.
Palavras-chave: Educação Infantil, Creches, Auxiliar de Desenvolvimento Infantil.