G. Ciências Humanas - 6. Ciência Política - 1. Comportamento Político |
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A PAUTA DOS EDITORIAIS DO JORNAL "O ESTADO DE SÃO PAULO" NAS ELEIÇÕES DE 1998 |
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POLIANA PITTELKOW - TÉCNICO EM AGROECOLOGIA INTEGRADO AO ENSINO MÉDIO/IFRO campus CACOAL DAVYS SLEMAN DE NEGREIROS - PROF.MS./ORIENTADOR - IFRO campus CACOAL
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INTRODUÇÃO: |
De modo geral, persiste a preocupação de que, no espaço público configurado pela mídia, a política tende a perder o seu conteúdo próprio e os partidos políticos, sua identidade como mediadores de interesses entre a sociedade e o Estado. A contaminação da política pela comunicação não se esgota no deslocamento de poder ocasional pelo monopólio tendencial do ato de publicitar ou na criação de temas/atores/cenários. A questão da adequação da política às regras e à gramática da mídia, de imediato, coloca-se no centro da análise. Ao aceitar a premissa de incorporação da comunicação como componente da política, uma vez que a mídia monopoliza tendencialmente a enunciação pública, pode-se considerar que a política para incorporar a comunicação (midiática) deve resignar-se às regras e formatações derivadas da mídia, posto que isso não só facilita sua realização, como até se torna inevitável. Os elementos teóricos que orientam esta problemática estão fundados na hipótese da agenda setting. O argumento geral desenvolvido é o de que, conforme Shaw (1979:96), em função do que se publica ou veicula na mídia, as pessoas tendem a incluir ou a excluir do seu conhecimento e atribuir importância e ênfase a acontecimentos, problemas e pessoas de acordo com o que os mass media apresentam ao público. |
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OBJETIVO DO TRABALHO: |
Levantamento da agenda midiática ocorrida especificamente nos editoriais (não-assinados) de um dos jornais de maior relevância no país – "O Estado de São Paulo" - para notarmos os temas que foram relevantes e como se configuraram os noticiários/editoriais, o comportamento dos temas e seus respectivos assuntos no decorrer do período das eleições presidenciais de 1998. |
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MÉTODOS: |
O procedimento de coleta de dados foi realizado por meio da análise de conteúdo dos jornais editados nos meses de julho, agosto e setembro de 1998 (período correspondente ao das eleições presidenciais), especificamente as terças, quintas e domingos, dias estes de maiores tiragens dos jornais, especialmente aos domingos, como também, pelo fato de serem os dias em que se realizavam os Horários Eleitorais dos presidenciáveis. Nesses dias analisamos todos os editoriais não-assinados, somando-se um total de 34 periódicos diários, ou seja, 12 em Julho, 12 em Agosto e 10 em Setembro; supondo-se que o veículos possuem em média três editoriais não-assinados por jornal, temos que foram estudados em torno de 102 editoriais, cujo, análise de conteúdo resultou numa coleta de 1359 categorias/símbolos. Com o objetivo de reduzir os problemas de validação típicos da análise de conteúdo e relacionados ao grau de confiabilidade no processo de codificação foram definidos alguns procedimentos padrões. A unidade de registro (o que se conta) escolhida foi o tema (análise temática), considerado pela literatura pertinente como o mais adequado para registrar opiniões, atitudes, valores, e, quanto à unidade de contexto (onde se conta) foi adotado o seguinte critério: o parágrafo. |
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RESULTADOS E DISCUSSÃO: |
A distribuição dos editoriais por categoria temática revelou que os temas de cunho “políticos”, repetindo o padrão encontrado nas manchetes de primeira página, que no recorte desse trabalho não foram analisados, houve a atenção aos tópicos econômicos e sociais. De qualquer maneira, como ocorreram com as manchetes de primeira página, os assuntos econômicos predominaram nos editorais do veículo. Quanto aos temas mais frequentes (16) nos editoriais aqui considerados, 37,5%, ou seja, seis deles (crise financeira, campanha eleitoral, governo federal, reforma do Estado, ajuste fiscal e saúde pública), todos presentes também nas manchetes de primeira página do veículo com exceção do tema reforma do Estado. Desta maneira, apenas três dos temas (globalização, ciência e tecnologia e comércio exterior) estiveram ausentes das listas dos temas mais frequentes nas manchetes do jornal. Em outras palavras, 81,25% dos assuntos explorados pelos editoriais do diário tinham correspondência temática com as manchetes de primeira página indicando, assim, uma forte correlação entre ambos. |
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CONCLUSÕES: |
A análise dos dados demonstrou a existência de uma retroalimentação entre os assuntos do tema prevalecente. Pois, quando notamos em especial o tema – Economia – que com exceção do mês de julho no Estadão, foi o predominante, a frequência com que eram exibidos os diferentes assuntos pertencentes a tal tema, no geral estes faziam direcionar os seus resultados para o tema em questão. Ou seja, durante o período eleitoral, não houve um assunto que predominasse em todo o espaço de tempo, mas, vários assuntos, por isso a ideia de retroalimentação, pois, quando um assunto diminuía sua intensidade de aparições, outro surgia e predominava durante um tempo, e assim por diante. Dessa forma, podemos realmente afirmar, que esse foi um período eleitoral, na qual não se discutiu eleição, mesmo esse tendo sido um pleito excepcional, afinal essa era a primeira vez que poderia haver a reeleição dos cargos majoritários. De qualquer maneira, a agenda dos “mass media” nesse período, se concentrou nos aspectos econômicos, especialmente na crise das economias. Esse pode ter sido um dos fatores pelo quais se ofuscaram os temas eleitorais, mas não os políticos, especialmente quando se tratava de assuntos relacionados às ações administrativas do governo federal ou do Presidente Fernando Henrique Cardoso. |
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Palavras-chave: MÍDIA E POLÍTICA, AGENDA SETTING, ELEIÇÕES 1998. |