65ª Reunião Anual da SBPC

G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia

DIAGNÓSTICO DOS ALAGAMENTOS SAZONAIS NO BAIRRO LOTEAMENTO SÃO PAULO EM BARREIRAS – BA

Almir Ferreira Lopes Junior - Instituto Federal da Bahia - Campus Barreiras Adriano Conceição dos Santos - Instituto Federal da Bahia - Campus Barreiras Jusciele da Silva Rocha Jeremias - Instituto Federal da Bahia - Campus Barreiras Robson Braga Dantas - Prof. Esp./ Orientador - IFBA/Barreiras Valdirene Santos Rocha Sousa - Profa. Msc/Orientadora - IFBA/Barreiras

INTRODUÇÃO:

O município de Barreiras possui uma população de aproximadamente 138 mil habitantes (IBGE, 2012). O Loteamento São Paulo, está situado na parte sul da cidade de Barreiras, à margem direita do Rio de Ondas e, é predominantemente de uso residencial. Contudo, observa-se um crescimento acentuado no número de instituições de ensino superior e profissionalizante, instaladas neste bairro e adjacências provocando considerável elevação dos preços dos terrenos devido à especulação imobiliária. Nesse loteamento as edificações residenciais têm um padrão médio e médio baixo, com base na classificação proposta pelo Plano Diretor Urbano (PDU) do município. O processo de urbanização tem papel fundamental nos danos ambientais que têm ocorrido nas cidades. O rápido crescimento causa uma pressão significativa sobre o meio físico urbano, tendo consequeências variadas, entre elas os alagamentos, como alerta Guerra (2004). Verifica-se-se que o PDU não dissocia a apropriação e uso do solo urbano do uso do solo físico. Assim, tendo em vista a ausência de planejamento no que tange ao “uso do solo físico”, a população local acaba sendo acometida por transtornos trazidos pela influência dos fenômenos climáticos devido, sobretudo, a insuficiência e/ou inexistência de sistema de rede de drenagem pluvial.

OBJETIVO DO TRABALHO:

Analisar os frequentes alagamentos no Bairro Loteamento São Paulo, observando as causas e consequências dos alagamentos sazonais, no sentido de contribuir para um planejamento urbano que garanta uma melhor qualidade de vida para a população local e refletir sobre a relação entre meio ambiente, planejamento urbano e qualidade de vida.

MÉTODOS:

Para o desenvolvimento da pesquisa foram utilizadas fontes primárias e secundárias no sentido de contemplar os objetivos propostos e realizar uma análise qualitativa e quantitativa do fenômeno. Desse modo, foram realizadas visitas ao referido bairro em diferentes momentos (secos e chuvosos) para reconhecimento, delimitação da área de pesquisa e coleta de imagens visando identificar os principais pontos de alagamento e escoamento hídrico, realização de entrevistas semiestruturadas com a comunidade local e com representantes do poder público (Secretaria de Infraestrutura e de Meio Ambiente) e aplicação de questionário para a população do bairro, no sentido de perceber o posicionamento da população bem como, do poder público local com relação à problemática dos alagamentos no Loteamento São Paulo. As fontes secundárias foram de extrema importância para a sistematização e análise dos dados e informações obtidas, tendo em vista que embasaram todo o processo de pesquisa. Assim, cocomitantemente às fontes primárias foram levantadas as fontes secundárias através da seleção da literatura (periódicos, dissertações, teses, livros e artigos) que trata das questões em foco nesta pesquisa. Além disso, foi fundamental à consulta e análise documental do Plano Diretor Urbano municipal.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Na década de 1980 a população residente de Barreiras aumentou em 123%, passando de 41.454 para 92.640 habitantes. Com um clima tropical quente e seco, os períodos que apresentam os maiores indícies pluviométricos vão de outubro a abril, com uma média anual de 1018mm. As cidades que “crescem” rapidamente, como é o caso de Barreiras, apresentam inúmeros problemas de ordem socioambiental, resultado da ausência de planeamento urbano. As disparidades socioeconômicas se expandem de maneira acentuada e conflituosa principalmente nos bairros constituídos por uma classe social menos favorecida economicamente (Carlos, 2008). No Loteamento São Paulo, percebe-se que nos períodos com maior regime de chuva ocorrem diversos pontos de alagamentos devido à insuficiência dos sistemas de escoamento das águas pluviais. É importante destacar que grande parte dessas águas pluviais tem sua origem na Serra do Mimo. Esta apresenta elevado grau de desmatamento o que acelera o processo erosivo, dificultando a absorsão hídrica e escavando os solos. Assim, grande quantidade de água pluvial percorre o bairro Morada da Lua, e se acumula em maior proporção no Loteamento São Paulo, causando diversos transtornos devido ao acúmulo de águas que, em muitos casos, acabam adentrando a residência dos seus moradores.

CONCLUSÕES:

No Loteamento São Paulo, considerável parte das ruas não é pavimentada e não possui sistema de drenagem das águas pluviais, fatores que causam inúmeros transtornos em períodos chuvosos, compromentendo a qualidade de vida de seus habitantes. A vegetação original tem sido degradada ao longo do tempo, devido à urbanização acelerada causando problemas ambientais específicos no referido bairro e produzindo uma gama variada de efeitos ambientais adversos. Sabe-se que a maneira de apropriação do homem sobre o espaço vem mudando, a ponto de colocar suas ações de posse e articulação socioeconômica acima das relações existentes entre sociedade e natureza. Assim, é premente que os orgãos competentes providenciem obras relativas à drenagem e ao escoamento hídrico das águas pluviais, no sentido de mitigar os problemas identificados, e consequentemente, garantir melhorias para a qualidade de vida da comunidade local. Neste contexto, é imprescindível ainda que os mecanismos de planejamento urbano, de controle e uso desse espaço, atentem para a existência de áreas propensas e/ou suscetíveis a problemas ambientais, tendo em vista o controle e a ordenação da ocupação dessas areas, bem como a recuperação de espaços degradados.

Palavras-chave: Urbanização, Planejamento Urbano, Qualidade de vida.