65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 3. Enzimologia
Efeito de Íons em α-Amilases do Peixe Colossoma macropomum e Seu Uso Como Biomarcadores
Amália Cristine Medeiros Ferreira - Depto. de Bioquímica - UFPE
Ranilson de Souza Bezerra - Prof. Dr./Orientador - Depto. de Bioquímica - UFPE
INTRODUÇÃO:
O crescimento indiscriminado das atividades antropogênicas tem causado aumento nos níveis de contaminantes no ambiente aquático. Frente a esta realidade, o meio científico busca desenvolver pesquisas que contribuam para o diagnóstico e controle desses contaminantes ambientais. Atualmente vários trabalhos de biomonitoramento utilizando animais aquáticos tem sido realizados, principalmente com peixes. O tambaqui, Colossoma macropomum, é uma das espécies mais importantes da piscicultura brasileira. Esta espécie de águas tropicais apresenta hábitos onívoros e é bastante resistente a fatores externos ambientais, como mudanças de temperatura e pH, facilitando assim seu cultivo. Dentre as biomoléculas utilizadas para investigação biológica encontramos as enzimas digestivas, estas possuem alta eficácia catalítica, podendo atuar como marcadores fisiológicos, embora elas tenham sido pouco exploradas como ferramenta de biomonitoramento. A α-amilase, uma endocarboidrase encontrada no trato digestivo de animais, é responsável pela hidrólise de ligações glicosídicas α1-4, quando exposta a agentes como os íons, esta enzima pode sofrer modificações estruturais e funcionais. O biomonitoramento é essencial para identificar prováveis mudanças fisiológicas causadas pela exposição a esses contaminantes, tornando-se necessário, dessa forma, investigar sua atividade em condições normais e de exposição.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho tem como objetivo avaliar a atividade da α-amilase intestinal do peixe Colossoma macropomum exposta a diversos íons em concentrações definidas de 5 mM.
MÉTODOS:
Obtenção da α-amilase: As espécies capturadas foram sacrificadas e seu intestino foi removido para preparo do extrato bruto. Em seguida o extrato passou pelo processo de pré-purificação utilizando sulfato de amônio em concentrações já estabelecidas. A fração com maior atividade amilolítica, obtida através da purificação, foi utilizada para realização dos ensaios. Efeito de Íons: foram utilizados os seguintes íons: CuCl2, CaCl2, BaCl2, AlCl3, ZnCl2, CdSO4, HgCl2, ZnSO4, PbCl2, NaCl2 e KCl na concentração de 5mM. Cada íon foi incubado com uma alíquota de α-amilase por 30 minutos à 37°C, após o tempo de incubação foi mensurada a atividade amilolítica residual utilizando amido 2% como substrato (Bernfeld 1955).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A α-amilase se comportou de maneiras diferentes frente a cada íon, sofrendo fortes e fracas inibições quando expostas aos mesmos. Na presença de AlCl3 a enzima manteve-se 100% ativa, diferentemente de quando incubada com o íon HgCl2 em que foi observada atividade residual de apenas 3%. Dos íons que mais inibiram a atividade da α-amilase podemos citar CuCl2 e CdSO4 com atividades residuais de, respectivamente, 17,4 e 59,7%. PbCl2, KCl, ZnSO4 e BaCl2 apresentaram em média atividade residual de 70%. CaCl2, ZnCl2 e NaCl2 causaram menor efeito inibidor na enzima, permanecendo com 80% de atividade residual.
CONCLUSÕES:
A α-amilase sofreu forte inibição pelos íons CuCl2, CdSO4 e principalmente pelo HgCl2. Os íons ZnCl2, NaCl2 e CaCl2 apresentaram baixa inibição sobre a α-amilase. O íon AlCl3 não inibiu a α-amilase. Os demais íons, PbCl2, KCl, ZnSO4 e BaCl2, apresentaram, em média, inibição de cerca de 30%. De acordo com os dados obtidos na pesquisa, podemos concluir que a α-amilase do Colossoma macropomum apresenta significativa sensibilidade aos íons aos quais foi exposta, podendo assim ser utilizada como um biomarcador.
Palavras-chave: Alfa-amilase, Colossoma macropomum, Íons.