65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE A AFETIVIDADE DOCENTE
Patrícia Irene dos Santos - Prefeitura da Cidade do Recife – PE
INTRODUÇÃO:
Compreendendo que a construção do conhecimento ocorre a partir de um intenso processo de interação entre as pessoas, corroboramos com Wallon (1978) quando afirma que é possível atuar sobre o cognitivo via afetivo e vice-versa, pois a criança acessa o mundo simbólico por meio das manifestações afetivas que permeiam a mediação que se estabelece entre ela e os adultos que a rodeiam. Vygotsky (1994) enfatizou, em seus estudos, a íntima relação entre afetividade e o cognitivo. Ele defende que as emoções não deixam de existir, mas evoluem para o universo do simbólico, entrelaçando-se com os processos cognitivos. Nesse sentido, torna-se evidente que condições afetivas favoráveis facilitam a aprendizagem. Adotamos, portanto, a Teoria das Representações Sociais –TRS (MOSCOVICI, 2003; JODELET, 2003) devido a sua especificidade nos estudos de fenômenos sociais que circulam e orientam as ações dos grupos. Trata-se de um estudo relevante, pois seus resultados suscitam a ampliação do debate acerca da importância da afetividade no sentido de intervir na realidade e possibilitar a transformação dos alunos e seus processos de aprendizagem.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar as representações sociais de professores dos anos iniciais sobre a afetividade e sua influência no processo de aprendizagem; Identificar os fatores que compõem a relação afetiva e os elementos limitadores desse processo.
MÉTODOS:
A teoria das representações sociais nos permite compreender o sentido que os professores, em sua prática, atribuem à afetividade e a natureza dos obstáculos que eles encontram para efetivar um processo educativo que leve em conta a dimensão afetiva. Adotamos a abordagem qualitativa aliada à Teoria das Representações Sociais, de base psicossocial com enfoque dialético, por compreendermos que esta abordagem se propõe a abarcar o sistema de relações que constrói o modo de conhecimento exterior ao sujeito, mas também as representações sociais que traduzem o mundo dos significados (MINAYO, 2000). O campo empírico da nossa pesquisa foi uma escola pública da RMER - PE. Os participantes da pesquisa foram seis professores efetivos que atuam na rede. Adotamos o uso de questionário como procedimento de coleta. Para a análise dos dados o recurso empregado foi a Análise de Conteúdo, considerando que essa técnica permite acessar as opiniões, crenças, informações, imagens e atitudes contidas nos discursos dos sujeitos (BARDIN, 2002).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os professores atestam, de forma unânime e consensual, que a afetividade é imprescindível para que se estabeleça uma melhor relação educativa entre professores e alunos, favorável, consequentemente, à aprendizagem dos conteúdos escolares. A concepção de afetividade se baseia na experiência e troca estabelecida com o outro e se fundamenta através de fatores como: respeito, a confiança, o diálogo, a solidariedade e o carinho. Mesmo mantendo-se o contato corporal como forma de carinho, falar da capacidade do aluno, elogiar o seu trabalho, reconhecer seu esforço, constituem-se formas cognitivas de vinculação afetiva. Os professores sinalizaram que a indisciplina, a agressividade e a falta de respeito são elementos limitadores desse processo.
CONCLUSÕES:
É possível concluir que a afetividade não se limita apenas às manifestações de carinho físico e de elogios superficiais. Outro ponto observado nos dados foi a importância das diversas formas de interação entre as professoras e os alunos, para a construção da auto-estima e da autoconfiança, influindo diretamente no processo de aprendizagem. Os participantes reivindicam também a inclusão da dimensão afetiva nos programas de formação dos professores.
Palavras-chave: Aprendizagem, Professor, Aluno.