65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO LAGO VERDE, LAGOA DA CONFUSÃO, TO
Daniel Araujo Ramos dos Santos - Laboratório de análises Geoambientais- UFT
Fernando de Morais - Prof. Dr./Orientador-Laboratório de análises Geoambientais-UFT
INTRODUÇÃO:
A Geomorfologia se destaca como a ciência que busca a compreensão dos processos morfogenéticos e morfodinâmicos do relevo, frutos da relação antagônica entre forças endógenas e exógenas. O mapa geomorfológico é uma representação gráfica que busca apresentar a síntese da pesquisa geomorfológica, e não necessariamente a conclusão de tal análise.
As ferramentas de geotecnologias têm sido um suporte para a melhoria da acurácia do mapeamento, concedendo ainda a possibilidade de uma análise integrada dos elementos constituintes do relevo. Porém, há de se pontuar que tais geotecnologias, por si só não são o bastante para o entendimento conceitual do mapeamento e análise geomorfológica. O domino das bases conceituais, como por exemplo o uso de escalas adequadas e uma boa intepretação visual são os alicerces para a classificação e cartografação dos fatos geomorfológicos.
O presente trabalho realizou o mapeamento geomorfológico da bacia hidrográfica do rio Lago Verde, que está localizada entre os paralelos: s11°05’19” e s10° 51’ 31” e os meridianos w 49° 45’ 33” e w 49° 20’ 19”, no município de Lagoa da Confusão, TO.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo da pesquisa foi a realização do mapeamento das formas e padrões do relevo da bacia hidrográfica do rio Lago Verde, buscando por meio da análise geomorfológica a compreensão dos fatores da morfoestrutura, morfogênese e morfodinâmica do relevo.
MÉTODOS:
Para a realização do trabalho foram adotados os procedimentos metodológicos do IBGE para mapeamento geomorfológico, que foram desenvolvidos para estudos integrados com uso de produtos de Geotecnologias. A metodologia para instrumentalização da pesquisa foi dividida em 4 etapas: 1) Obtenção dos dados e levantamento bibliográfico; 2) Processamento e armazenamento dos dados; 3) Trabalho de campo e 4) Análise integrada e validação dos dados coletados em campo. Para compartimentação e análise geomorfológica da bacia estuda foram utilizadas as cartas topográficas “Lagoa da Confusão, Cristalândia, Dueré e Lagoa Bonita”, todas na escala de 1:100.000, além de imagens dos satélites Resourcesat – 1, sensor LISS-3 e LANDSAT 7, sensor ETM+. Para a construção do Modelo Digital de Elevação, foram utilizados os dados do projeto TOPODATA com resolução espacial de 30 m, fazendo o uso de variáveis morfométricas do relevo, tais como altimetria, declividade, curvatura horizontal e curvatura vertical. Com os dados altimétricos foi gerado imagens de relevo sombreado e de grade TIN (Triangular Irregular Network). Com o uso do software livre SPRING 5.1.8 m, elaborou-se uma série de mapas temáticos que deram suporte à compartimentação geomorfológica da área estudada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A bacia possui uma área de 623,13 km², com uma rede de drenagem equivalente a 383,68 km, organizada num padrão do tipo dendrítico, tendo o seu canal principal uma extensão de 65,77 km. A bacia se situa nos domínios da Faixa Paraguai-Araguaia e da Bacia Sedimentar do Bananal. Foram identificadas formas geomorfológicas de acumulação, aplainamento e dissecação. A “Planície fluvial” é um modelado de acumulação ligado aos canais fluviais, influenciados pelos períodos de chuva e seca, onde os materiais são depositados nas margens e no leito do rio em formas de barra, gerando canais meandrantes. Os “Planos de Inundação” estão no baixo curso da bacia, com declividade de 0 a 3%, sendo as formas de relevo mais expressivas na área estudada (40% da área). As “Planícies Fúlviolacustres” são constituídas pela acumulação de sedimentos fluviais e lacustres, influenciados pela sazonalidade hídrica da região, formando lagos temporários. O modelado de Aplainamento apresento-se retocado com área de desnudação ocupando 1/3 da bacia, se concentrando no médio curso, caracterizando a unidade geomorfológica da Depressão do Araguaia. O modelado de Superfície de Dissecação apresentou-se de forma tabular dissecada, estando estre as cotas 260 a 280 m, limitada ao alto curso, com relevo suave ondulado.
CONCLUSÕES:
Este trabalho buscou realizar a compartimentação geomorfológica da bacia hidrográfica do rio Lago Verde, contribuindo para o entendimento da fisiologia da paisagem. A partir dos dados levantados pode-se notar que o arcabouço geológico influencia diretamente na forma da bacia, que se mostra alongada no sentido SE-NW, com baixa amplitude altimétrica (100 m) e com vertentes planas.
O baixo curso e os vales planos do médio curso apresentam cotas de 180 a 240 m, constituindo uma área de agradação da Planície do Bananal.
A sazonalidade hídrica reflete-se no sistema geomorfológico, com grandes áreas sem canal fluvial bem definido, com baixa densidade hidrográfica e má organização da rede de drenagem, favorecendo às inundações.
A análise dos dados topográficos aplicados no mapeamento revela que a baixa declividade é a variável morfométrica do relevo que mais influencia na dinâmica da bacia hidrográfica, evidenciada na interpretação da maioria dos índices levantados.
A bacia tem dificuldade na renovação de sua rede de drenagem, tendo um favorecimento a ação da variável morfológica perpendicular (infiltração) em detrimento da paralela (escoamento superficial). Desta forma os processos de sedimentação superam os de erosão, favorecendo a pedogênese se comparados a morfogênese do relevo.
Palavras-chave: Compartimentação do relevo, Bacia hidrográfica, Geotecnologias.