65ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 4. Sociologia do Trabalho |
AS MÚLTIPLAS FACES DE UMA PROFISSÃO: IDENTIDADE E ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE RELAÇÕES PÚBLICAS |
Josilene Ribeiro de Oliveira - Profa. Ms. Depto. Comunicação e Turismo - UFPB Jamile Miriã Fernandes Paiva - Profa. Ms. Depto. Comunicação e Turismo - UFPB André Luiz Dias de França - Prof. Ms. Depto. Comunicação e Turismo - UFPB Gustavo David Araújo Freire - Mestrando PPGCOM - UFPB |
INTRODUÇÃO: |
Este trabalho discute as rupturas no processo de construção identitária dos profissionais de relações públicas, formados entre os anos 2000 e 2009, pela Universidade Federal da Paraíba, por meio do estudo de suas percepções, atuação e inserção no mercado de trabalho. Entendemos que a identidade profissional é uma componente importante da identidade social do indivíduo, pois ao entrar em uma organização este busca conquistar o reconhecimento e a aceitação de seus pares, fazendo do trabalho muitas vezes uma fonte de realização, além de uma forma de sobrevivência (HOPFER, LIMA, SOUZA, 2004). Observou-se, a luz da Sociologia do Trabalho, da teoria das representações sociais e conceitos da psicologia social, que a construção da identidade é um processo dinâmico, subjetivo e socialmente inacabado (OLIVEIRA M., 2004), envolvendo tanto as características individuais quanto as estruturas físicas e sociais, sob influência do contexto social (SANTOS, 2005). Daí a necessidade de compreender como atua um profissional pouco conhecido e valorizado e cujas competências, no campo acadêmico e no prático, parecem estar em conflito com a realidade e as demandas do mundo contemporâneo. Apesar disso se reinventa e se apresenta sob múltiplas faces, conquistando seu espaço para além da comunicação. |
OBJETIVO DO TRABALHO: |
O estudo buscou identificar como ocorre a inserção e em que áreas atuam os egressos de relações públicas formados pela UFPB no mercado de trabalho; levantar suas percepções sobre tal mercado e sobre suas trajetória e identidade profissional, apontando as dissonâncias e rupturas entre aquilo que lhes é apresentado durante a formação acadêmica e a realidade pós-conclusão do Curso Superior. |
MÉTODOS: |
A pesquisa, em sua primeira etapa, abrangeu uma amostragem probabilística, adotando uma margem de erro de 7%, em que coletamos 132 questionários eletrônicos válidos de um universo composto por 379 egressos que se formaram em relações públicas pela UFPB, entre os anos de 2000 e 2009. O questionário estruturado com conteúdo não-disfarçado, contendo 31 questões de múltipla escolha, dicotômica e/ou com gradação de opinião, foi aplicado entre outubro e dezembro de 2012, via internet, sendo enviado através de convite direto ao egresso (via e-mail pessoal), com link que o direcionava ao google docs - um pacote de aplicativos que funciona online, como um "HD virtual" (GOOGLE, 2011; RC, 2011), onde as respostas ficaram registradas. Na segunda etapa trabalhamos com uma amostragem não probabilística, coletando dados em um grupo focal, cujo eixo central da discussão foi identidade e representações sociais da profissão. O grupo focal realizou-se nas dependências da UFPB no dia 21 de março de 2013, com 7 indivíduos, previamente selecionados segundo critérios de julgamento estabelecidos pelos pesquisadores. Deste modo, desenvolvemos uma pesquisa de natureza quantitativa e qualitativa, de caráter descritivo-explicativa, utilizando o método hipotético-dedutivo. |
RESULTADOS E DISCUSSÃO: |
Passado mais de um século, desde o surgimento da atividade de relações públicas nos Estados Unidos, no Brasil muitos problemas não superados ainda afetam o campo acadêmico e o aplicado. Em conseqüência, percebe-se uma identidade e um futuro incerto para as relações públicas, haja vista a falta de reconhecimento e de valorização da profissão pelo mercado de trabalho, que abre poucas vagas para o cargo. Constatamos que apenas 6% dos profissionais formados pela UFPB assumem o cargo, sendo que a maioria em empresas ou órgãos públicos. No âmbito das empresas privadas, parece existir um desinteresse em investir em comunicação. De modo geral, o desconhecimento é generalizado, os diplomados são levados a exercer outras funções e identidades profissionais, tais como assessor de comunicação, consultor empresarial, servidor público, professor etc., embora apliquem e exerçam, em diferentes medidas, as atribuições de relações públicas no trabalho. Foram identificados também casos em que diplomados renegam a formação em relações públicas, fazem uma outra graduação, e abandonam a profissão. Para alguns, a falta de entendimento sobre a profissão causa desconforto entre os familiares, levando a frustração e ressentimento, de modo que não a recomendam a ninguém do seu círculo de relacionamento. |
CONCLUSÕES: |
Há uma série de ambiguidades quando ao que faz, onde trabalha e, sobretudo, quanto ao que é relações públicas inclusive na literatura acadêmica. A polissemia do termo, que simultaneamente refere-se ao profissional, à profissão, o processo, à função, às técnicas, já é um problema. A inexistência de uma definição e de um objeto bem delimitados é outro (SIMÕES, 1995). A história da profissão, no Brasil, resguarda pontos polêmicos, tais como a regulamentação prematura, a implantação de cursos universitários sem professores qualificados, a dedicação à propaganda política no regime militar, que impingem uma imagem negativa à profissão. Considerando que uma profissão e suas representações sociais são recursos instrumentais e metafóricos que permitem a um indivíduo explicar seu papel no grupo de pertencimento e na sociedade, conferindo funções tantos institucionais quanto simbólicas e notadamente identitárias àqueles que a assumem, concluímos que a falta de reconhecimento e valorização da atividade de relações públicas é conseqüência do seu desenvolvimento sob circunstâncias controversas, refletindo diretamente sobre a identidade profissional dos diplomados, que têm dificuldade para se inserir no mercado e obter aceitação social, ocasionando rupturas nas identidades individuais. |
Palavras-chave: Processo de construção identitária, Representações sociais da profissão, Mercado de Trabalho. |