65ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia |
AGORA SÃO ELAS: AS NOVAS IDENTIDADES DA MULHER IDOSA EM PERNAMBUCO |
Aline d Oliveria Bomfim - Coordenação Geral de Estudos Sociais e Culturais – PIBIC/Cnpq/FUNDAJ Isolda Belo da Fonte - Profa. Dra/Orientadora Coordenação Geral de Estudos Sociais e Culturais – FUNDAJ |
INTRODUÇÃO: |
Atualmente, o debate teórico sobre a identidade é algo que incessantemente vem instigando questões relativas às práticas políticas, devido ao que se tem sugerido como sendo a “crise da identidade”. Isso indica que antigas referências de suporte às identidades - como trabalho, a família, religião dentre outros – estão em conflito, dando espaço a outras referências ou simplesmente as reconfigurando, fazendo surgir novas identidades que questionam às anteriores. Segundo Manuel Castells (O Poder da Identidade, 1999) a identidade é um processo de construção de significados, baseado na cultura ou um conjunto de propriedades culturais que se relacionam entre si. Este último nos revela a conjuntura social global, atual, que edificam seus parâmetros com base nessas convergências. As configurações que permeiam a organização da conjuntura social produzirão novos significados e novas identidades. Indagamos: como a atual geração de mulheres idosas responde às novas demandas exigidas para o seu protagonismo, tendo em vista que foram sujeitas a construções sociais de caráter patriarcal? |
OBJETIVO DO TRABALHO: |
Identificar e analisar as estratégias de construção das identidades da atual geração das mulheres idosas sob a nova concepção de envelhecimento. Conhecer as especificidades relativas à sua realidade, a fim de identificar alternativas seguidas pelas mulheres idosas para o enfrentamento de suas dificuldades. |
MÉTODOS: |
A metodologia utilizada engloba aspectos quantitativos e qualitativos. No aspecto quantitativo foram aplicados questionários, que permitiram a definição de um perfil socioeconômico da mulher idosa da região metropolitana Recife/PE. Esses dados foram complementados pela análise das entrevistas com mulheres idosas, utilizando o software Alceste e de técnicas de análise do discurso. |
RESULTADOS E DISCUSSÃO: |
Observamos no desenvolvimento desta pesquisa, que as mulheres idosas se encaixam nos três tipos de construção de identidade citados por Manuel Castells (O Poder da Identidade, 1999 p.24): Identidade legitimadora introduzida pelas instituições dominantes da sociedade; Identidade de resistência: criada em posições/condições desvalorizadas e/ou estigmatizadas pela lógica da dominação; Identidade de projeto: uma nova identidade capaz de redefinir sua posição na sociedade em busca de transformações em toda estrutura social. De maneira geral a atual geração de mulheres idosas está inserida, em sua maioria, na identidade legitimadora e uma minoria nas identidades de resistência e projeto. Estas últimas são as que se encontram engajadas em lutas e movimentos políticos, principalmente da pessoa idosa, reivindicando o fim da violência física, moral e simbólica sofrida por elas, inclusive no âmbito familiar. O que chama atenção também é o baixo grau de instrução e de atuação política de parte deste coletivo. |
CONCLUSÕES: |
De acordo com os dados obtidos podemos constatar que a identidade da atual geração das mulheres idosas atravessa uma “crise”, decorrente de fragmentações de contextos culturais, onde novas identidades aparecem para questionar as velhas, considerando o conceito de sujeito pós-moderno defendido por Stuart Hall (A Identidade Cultural na Pós-modernidade, 2006). No tocante às mulheres idosas, as novas identidades surgem como respostas aos discursos hegemônicos – aqueles discursos, que produziram e, em grande parte, ainda produzem o pensamento e a ação social, essencialmente religiosos e patriarcais, defendidos ao longo de décadas e cada vez mais legitimados pelos meios de comunicação em massa. Esses discursos, em sua maioria, foram internalizados por essas mulheres, tal como a fragilidade física e emocional, associada não só ao envelhecimento, mas também à concepção sócio-histórica da mulher na sociedade. Uma parcela significativa da atual geração das mulheres idosas luta para reverter esses discursos de forma a superar os tabus que rodeiam as mulheres, buscando a superação da desigualdade de gênero. |
Palavras-chave: identidade, mulheres idosas, envelhecimento. |