65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 2. Biologia Geral - 3. Biologia Geral
RELAÇÃO SAÚDE/SUSTENTABILIDADES NO ASSENTAMENTO RURAL PEQUENO RICHARD EM CAMPINA GRANDE/PB
Ângela Vieira Alves - Centro de Tecnologia e Recursos Naturais - UFCG-CG
José Dantas Neto - Profº Drº / Orientador - Centro de Tecnologia e Recursos Naturais da UFCG - CG
INTRODUÇÃO:
Na Constituição brasileira de 1988, no artigo 196, lê-se “saúde é direito de todos e dever do Estado garantindo através de políticas socioeconômicas ações que visem redução do risco a doença, acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação (SCLIAR, 2012).
Sustentabilidade é um processo de racionalização na utilização de recursos e diminuição de impactos políticos, sociais, econômicos, culturais, espaciais, biológicos e de respeito às futuras e presentes gerações. Então, compreende-se que saúde e sustentabilidade são termos intrinsecamente relacionados.
No decorrer dos tempos a concepção de causa das doenças variou do misticismo, microbiológica, desequilíbrio da energia humana, miasmática, multicausal ou social (ROUQUAYROL, 1994).
São inúmeros os estudos que associam precárias condições de vida às patologias humanas (BARBOSA e BARROS, 2002).
Políticas de saúde no Brasil caracterizam-se por cinco conjunturas e consequente, predomínio de determinadas doenças (PAIN, 2003).
Em zonas rurais aumentam os casos de doenças parasitárias ocasionadas por precariedade ou ausência de saneamento básico, assistência socioeconômica e agropecuária.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Esta pesquisa objetivou relacionar saúde e sustentabilidade familiar no assentamento rural Pequeno Richard através da análise da assistência socioeconômica, problemas de saúde, sustentabilidade agropecuária e uso de plantas medicinais pelos referidos assentados.
MÉTODOS:
A pesquisa foi desenvolvida no assentamento rural Pequeno Richard com coordenadas geográficas de – 6° 71’’ 69’ e – 35° 26’’ 89’, altitude de 482 m e área total de 1.295 hectares, em Campina Grande/PB, homologado através de portaria do MDA n° 69 de19 de outubro de 2006. Localizado na mesorregião agreste da Paraíba com temperatura média de 23,3°C e umidade do ar de 75% a 83% (Medeiros et al, 2011), com chuvas escassas e concentradas nos meses de junho e julho, solo raso,pedregoso e arenoso com economia baseada na agropecuária e extração mineral de balsato.
A investigação foi exploratória não experimental e descritiva realizada através de coleta e registro de dados (FERNANDES, 2007).
Os dados foram coletados com as 48 famílias moradoras do assentamento e analisados tanto quantitativamente quanto qualitativamente.
Foram os instrumentos utilizados no desenvolvimento da pesquisa: aula de campo, entrevista semiestruturada, ilustração do mapa da sustentabilidade e registros fotográficos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Incentivos governamentais financeiros e técnicos agropecuários são importantes para os assentamentos rurais em zonas semiáridas, consideradas a renda familiar mensal precária e dificuldades edafoclimáticas;
85% dos pesquisados participam tanto de associação quanto de sindicato rural, nestes, ocorrem trocas de experiências e luta pela melhoria das condições de vida;
Mais de 1/3 dos assentados local não foram alfabetizados, um dado preocupante, pois maiores índices de analfabetismo associam-se a maiores dificuldades de sobrevivência;
Verificou-se que 23% das famílias estiveram constituídas por mais de 10 pessoas, porém, constatou-se que estão mais sensibilizadas quanto ao controle da taxa da natalidade;
Os principais problemas de saúde informados pelos assentados foram: coceira no corpo causada por micróbios existentes na água dos barreiros usadas nos banhos, cansaço causado pela realização de atividades agropecuárias na exposição ao sol, dores abdominais causadas pela ingestão de água contaminada dos barreiros, estresse emocional causado por relações pessoais conflituosas e infecções respiratórias causadas por intempéries climáticos, as plantas medicinais mais usadas no assentamento foram: aroeira, erva cidreira e catingueira, usadas como anti-inflamatório, calmante e alivio da tosse.
CONCLUSÕES:
O assentamento rural apresentou-se carente de assistência socioeconômica e técnica agropecuária;
A participação dos agricultores em associação e sindicato rural é importante para que possam articular e reivindicar seus direitos;
A renda familiar mensal dos assentados foi insuficiente necessitando de complementação;
As famílias de Catolé de Boa Vista estão mais sensibilizadas quanto ao controle da taxa de natalidade;
O percentual de analfabetismo na comunidade foi elevado associando-se a maiores dificuldades de sobrevivência;
Os problemas de saúde informados pelos assentados correlacionaram-se com suas formas de sobrevivência;
Os assentamentos rurais apenas devem ser ocupados após a construção das residências familiares objetivando a salubridade da comunidade;
As plantas medicinais de uso local foram utilizadas como: chá, lambedor, garrafada, compressa e lavagem local;
Os fitoterápicos de uso local apresentaram indicações terapêuticas para diversos males que afetam os sistemas imunológicos, nervoso, circulatório, digestivo, respiratório, esquelético, sensorial e reprodutor;
O objetivo principal da pesquisa foi alcançado, foi estabelecida a relação saúde/sustentabilidade;
Cada família apresentou formas distintas de sustentabilidade e, por conseguinte, de adoecer.
Palavras-chave: doença, insustentabilidades, local..