65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 7. Economia Regional e Urbana
TRICICLO: INCLUSÃO SOCIAL, ALTERNATIVA DE RENDA E TRANSPORTE SUSTENTÁVEL NO MUNICÍPIO DE PARINTINS/AM.
Mônica Oliveira Costa - Depto. de Ciências Sociais - CESP/UEA
Paulo Isaac Gonçalves de Souza - Depto. de Ciências Sociais - CESP/UEA
Lena Andréa Lima Muniz - Profa. Msc./Orientadora - Depto de Ciências Sociais - UEA
INTRODUÇÃO:
A força de trabalho é toda capacidade facultativa física ou mental que o indivíduo tem a oferecer ao sistema (Karl Marx). Porém, o indivíduo que não as detiver, estará incapacitado de produzir, e este será ocasionalmente excluído. A exclusão lhe trará escassez de bens econômicos, e haverá então a necessidade de se criar novas alternativas de modos de produção que minimizem as desigualdades ocasionadas pela exclusão. É nesse contexto que, em Parintins município amazonense, com 102.033 habitantes (IBGE, 2010), há aproximadamente duas décadas, surgiu o Triciclo, veículo híbrido de bicicleta com carroça, movido por tração humana, construído a partir do reaproveitamento de ferros. Este veículo é utilizado para diversas utilidades no município de Parintins, dentre os quais podemos citar: lanchonetes, comércio ambulante, atração turística, city-tour e transportes diversos, todos estes como alternativa de sobrevivência, visando atender as necessidades dos indivíduos excluídos pelo sistema. Este trabalho de pesquisa junto aos tricicleiros que levantou dados para traçaro perfil socioeconômico desta nova classe, sua importância social e contribuição para a economia do Município de Parintins.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho tem com objetivo apresentar o perfil socioeconômico do tricicleiro, sua contribuição para a geração de renda no município de Parintins.
MÉTODOS:
A pesquisa foi realizada no município de Parintins tendo como público alvo os tricicleiros nos dias 10,11 e 12 de outubro de 2012. Utilizou-se 50 questionários contendo 22 perguntas abertas e fechadas, que foram aplicados aleatoriamente por dez pesquisadores divididos em duplas, que percorreram os principais pontos de atuação tais como: Cais do Porto, em frente a supermercados, praças, feiras e diferentes ruas, dada a disponibilidade dos entrevistados. As mostras obtidas foram agrupadas em conjuntos de dados, expressos em gráficos e porcentagens no programa Microsoft Office Excel facilitando sua verificação e compreensão de forma a responder os objetivos específicos preestabelecidos para o presente trabalho.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A atividade do tricicleiro é exclusivamente masculina pela força motriz necessária para conduzir o triciclo. Dentre os indivíduos pesquisados, a maioria destes considera se cabocla, com faixa etária acima de 35 anos, os dados informam que 80% são casados ou vivem em união estável, estes, são responsáveis economicamente pelo sustento e possuem casa própria. No que concerne ao grau de formação, apenas 17% informaram ter concluído o Ensino Médio, tendo esta atividade como uma profissão, com carga horária de trabalho, em média de dez horas, sendo quatro horas pela manhã, três à tarde e mais três no período noturno seis dias por semana, com faturamento mensal de um a dois salários mínimos. A maioria dos pesquisados afirma gostar da atividade desempenhada por estes, por sentir se, úteis e capazes de atender suas necessidades de consumo com produtos básicos para sua sobrevivência, fato este, que motivou a formação da categoria. Dos pesquisados apenas 44% possuem outra fonte de renda, das quais parte dessas são provenientes às transferências do governo e apenas 34% dos tricicleiros, afirmam ganhar o suficiente para suas necessidades.
CONCLUSÕES:
Este trabalho permite identificar a importância da atividade e geração de renda, inclusão do individuo no contexto social. Percebe-se que, alternativa como a do tricicleiros parintinense, tornam-se indispensáveis para a inclusão de indivíduos marginalizados que não correspondem às exigências atuais de mercado, profissional, em uma sociedade globalizada e excludente. A atividade do tricicleiro vai muito além de uma simples prestação de serviços, oportuniza aos seus agentes o resgate de sua condição como provedor dos subsídios básicos para sua sobrevivência. Há diversas dificuldades enfrentadas no desempenho da atividade do tricicleiro, contudo, sua forma de trabalho é vista como um negócio rentável e altamente sustentável inserindo se nos moldes de uma economia solidaria e empreendedora, que colabora com o desenvolvimento próprio e local através dos serviços disponibilizados por esta categoria no mercado informal, como transporte turístico e de cargas leves, não precisa de combustível para sua locomoção, ou seja, não polui por não ocorrer eliminação de gazes poluentes, sua manutenção é de custo acessível, não possuem um imposto tarifado pelo estado, o que torna viável aos proprietários uma melhor condição nos seus trabalhos.
Palavras-chave: Modo de vida, Alternativa de renda, Economia.