65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
LEVANTAMENTO DO PERFIL DE CAÇADORES E COMERCIANTES DA FAUNA CINEGÉTICA NA CIDADE DE COARI, AM, BRASIL.
Jéssica Emiliane dos Santos Ribeiro - Instituto de Saúde e Biotecnologia - UFAM
Gerson Paulino Lopes - LSc./Co-orientador - Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá/IDSM
Maria Raquel de Carvalho Cota - MSc./Co-orientadora - Instituto de Saúde e Biotecnologia/UFAM
João Valsecchi do Amaral - Dr./Orientador - Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá/IDSM
INTRODUÇÃO:
A primeira forma de utilização da fauna pelo homem foi como fonte de alimentos e, provavelmente, o consumo de animais silvestres teve um grande papel na evolução humana. No Brasil, bem como em outros países que possuem florestas tropicais, os animais silvestres são utilizados para diversas finalidades, desde alimentação, atividades culturais, comércio de animais (partes deles ou subprodutos) para diversos fins e possivelmente uma múltipla combinação destes fatores. A caça de subsistência é praticada intensamente por populações ribeirinhas da Amazônia, sendo o principal fator de redução faunística na região, pois esta constitui a principal fonte de proteína fundamental para sobrevivência dessas populações. A caça comercial é considerada como o segundo fator, em ordem de importância. Segundo autores, na Amazônia, o caititu (Tayassu tajacu), o queixada (Tayassu pecari) e a capivara (Hydrochaeris hydrochaeris) estão entre as espécies mais caçadas, principalmente por populações ribeirinhas e grupos indígenas. O projeto foi realizado na cidade de Coari com intuito de obter dados básicos sobre o perfil de caçadores ou comerciantes que revendem a carne de caça na cidade, sendo de grande relevância para gerar conhecimento sobre a fauna cinegética do município de Coari.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho teve como proposta realizar um levantamento do perfil de caçadores e comerciantes da fauna cinegética, além de identificar as espécies que são comercializadas na cidade de Coari.
MÉTODOS:
O município de Coari está localizado na margem direita do Rio Solimões entre o Lago do Mamiá e o Lago de Coari, no Estado do Amazonas. A área territorial é de aproximadamente 57.277,90 km2. A coleta de dados na cidade consistiu em entrevistas abertas e estruturadas com caçadores e comerciantes da fauna cinegética. A atividade econômica do município está concentrada na agricultura, pesca, extrativismo florestal e extração de gás e petróleo. É considerada a quarta cidade mais rica da região Norte brasileira, superada apenas por Manaus, Belém e Porto Velho (IBGE, 2010). As primeiras entrevistas foram realizadas aleatoriamente, onde estaspermitiram localizar outros caçadores e comerciantes. Para análise desses dados foram utilizados técnicas de estatísticas descritivas em Excel.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram realizadas 32 entrevistas entre outubro de 2011 e maio de 2012. Destes, 19 entrevistas foram realizadas com pessoas que se declararam caçadores e 13 entrevistas com comerciantes de caça. Os caçadores e os comerciantes entrevistados tinham idade entre 18 e 68 anos. Dos caçadores 84% residem na área urbana da cidade e 16% moram nas comunidades no interior do município. Estas pessoas veem à cidade a fim de vender a caça ou outros produtos rurais. Todos os comerciantes entrevistados residem na cidade. A maioria dos entrevistados, 58%, possui o ensino fundamental incompleto ou nem mesmo este. A pesca foi estabelecida como profissão ou atividade produtiva por vendedores e, principalmente, por caçadores (38%) sendo esta uma atividade propícia a comercialização ilegal de caça. Foram registrados um total de 12 espécies de animais silvestres como caçadas e/ou comercializadas. As principais espécies citadas como comercializadas foram o queixada (Tayassu pecari), a anta (Tapirus terrestris), a paca (Cuniculuns paca) e a cutia (Dasyprocta fuliginosa). Esses animais são geralmente espécies mais abundantes, e quase sempre, os mais comumente caçados são os maiores de cada grupo. Outras espécies foram citadas, como tatu, veado, mutum, peixe-boi, tracajá, iaçá, caititu e jabuti.
CONCLUSÕES:
Neste trabalho foi visto que tanto caçadores quanto as pessoas que revendem a carne de caça (comerciantes), possuem baixo padrão de vida necessitando dessa atividade para adquirir mais uma renda na família, já que a renda principal também não acarreta grandes lucros. E o baixo grau de escolaridade facilita na ocorrência desta profissão de caçador e comerciante, pois a maioria possui apenas ensino fundamental incompleto, impedindo na maioria das vezes obterem trabalhos com maiores rendas que não envolvam o comércio ilegal da caça, pois a maior parte das profissões citadas, sendo a principal pescador, pode-se dizer que estão propícios ao comércio da caça.
Palavras-chave: Fauna cinegética, Caçadores, Comerciantes.