65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 7. Ciência e Tecnologia de Alimentos - 4. Ciência e Tecnologia de Alimentos
Condições higiênico-sanitárias da comercialização de plantas medicinais em feira livre do Seridó do Rio Grande do Norte.
Francisco Angelo Gurgel da Rocha - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do R. G. do Norte - IFRN
Magnólia Fernandes Florêncio de Araújo - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN.
Nilma Dias Leão Costa - Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN.
Priscila Vanini Dantas de Medeiros Queiroga - Universidade Potiguar - UNP
Leonardo de Almeida Marciano - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do R. G. do Norte - IFRN
Eduarda Denyse Medeiros de Pontes - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do R. G. do Norte - IFRN
INTRODUÇÃO:
A feira livre é um espaço socialmente construído e aceito como eficiente elemento integrador entre comunidades, especialmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Tal interação favorece o intercâmbio cultural e financeiro entre consumidores e produtores locais e/ou provenientes de outras comunidades. Dentre os produtos frequentes, destacam-se as plantas medicinais brutas e seus derivados. Parte integrante dos sistemas de Medicina Tradicional, tais recursos terapêuticos encontram ampla aceitação popular, sendo as feiras a fonte preferencial para a sua aquisição pela parcela mais carente da população, dentre outras. A tradição familiar, a necessidade de complementação de renda e o desemprego, são fatores que influenciam este tipo de comércio. Contudo, a percepção deficiente dos feirantes acerca de interações complexas, tais como a existente entre as baixas condições de higiene em sua prática profissional, a presença de patógenos e a transmissão de doenças, pode influenciar negativamente a qualidade do produto disponível aos consumidores. Neste contexto, o diagnóstico das condições higiênico-sanitárias presentes na comercialização informal das plantas medicinais em feiras livres, pode fornecer bases para o desenvolvimento de ações que visem à proteção da saúde do consumidor.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalhou objetivou: avaliar as condições higiênico-sanitárias presentes na comercialização informal de plantas medicinais na feira livre de Currais Novos/RN; identificar falhas capazes de influenciar de forma negativa a qualidade e segurança do produto disponível ao consumidor e classificar os pontos de comercialização estudados em concordância com a sua adequação higiênica.
MÉTODOS:
O estudo foi desenvolvido na feira livre do município de Currais Novos/RN (6o15’39,6” Sul; 36o30’54” Oeste). Foram realizadas observações in loco norteadas por check-list elaborado com base nas orientações contidas nas RDC 275/2002 e RDC 216/2004, cuja aplicação fosse viável em feiras livres. Foram registrados aspectos relacionados à adequação higiênico sanitária dos pontos de venda (cobertura, bancadas de exposição/trabalho, armazenamento, higiene geral/pessoal, práticas de comercialização) e entorno (pavimentação, gerenciamento de resíduos, acesso de animais, presença de instalações sanitárias adequadas). Os dados obtidos foram tratados com uso de ferramentas da Estatística Descritiva (médias e frequências). Os pontos de comercialização foram classificados em três grupos, baseando-se em seu grau de adesão aos itens descritos no check-list: Grupo 1: adesão entre 76 a 100% dos itens – “condições de higiene boas”; Grupo 2: adesão entre 51 a 75% dos itens – “condições de higiene regulares”; Grupo 3: adesão entre 0 e 50% dos itens – “condições de higiene ruins”. Após sistematização, os resultados foram expressos na forma de gráficos e tabelas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram estudados 6 pontos de venda. Perante o check-list, observou-se no entorno inadequação média em 52,1% dos itens (lixeiras, sanitários, trânsito livre de veículos e de animas). A estrutura física das barracas apresentou frequência média de inadequação correspondente a 87,5%. Os pontos negativos mais observados relacionavam-se à cobertura (conservação/adequação à área de exposição), bancadas (inexistência ou materiais utilizados na sua confecção, drenagem de água, conservação/limpeza) e área de armazenamento (inexistência ou materiais utilizados em sua construção, acondicionamento dos produtos, controle de estoque, acesso livre de insetos e roedores). 91,4% das práticas empregadas na comercialização, armazenamento e rotinas de higiene foram consideradas inadequadas. Todos os pontos de venda estudados apresentaram frequência de adesão ao check-list inferior a 50% com média de 22,53%, sendo classificados como pertencentes ao Grupo 3 - condições de higiene ruins. A conjunção dos fatores uso de materiais inadequados, conservação precária, ausência de rotinas de higiene pessoal/geral e inadequações presentes na área de entorno, impactam negativamente a conservação e a qualidade das plantas medicinais disponíveis, oferecendo risco à saúde da população.
CONCLUSÕES:
Considerando-se a alta aceitação das plantas medicinais pela população local, sua comercialização sob as condições precárias observadas e relatadas representa risco à sua saúde. Recomendamos a continuidade dos estudos e o desenvolvimento de atividades educativas, voltadas à capacitação em Boas Práticas para os comerciantes do produto na feira livre estudada. É também urgente que seja criado aparato legal destinado ao estabelecimento de padrões de qualidade e higiene no comércio de plantas medicinais e seus derivados em feiras livres.
Palavras-chave: feira livre, plantas medicinais, Boas Práticas.