65ª Reunião Anual da SBPC |
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 2. Manejo Florestal |
DANOS OCASIONADOS EM ÁRVORES PELA EXPLORAÇÃO DE IMPACTO REDUZIDO EM UMA FLORESTA DE TERRA FIRME EM PARAGOMINAS, PARÁ |
Fábio de Jesus Batista - Prof. M.Sc. - Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA Luciana Maria de Barros Francez - Profa. M.Sc. - Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA João Olegário Pereira de Carvalho - Prof. Visitante Nacional Sênior (CAPES/UFRA) Jhulia Melo Nobrega - Discente de Eng. Florestal da Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA Janderson de Oliveira Silva - Discente de Eng. Florestal da Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA Jhonnathan Lima da Silva - Discente de Eng. Florestal da Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA |
INTRODUÇÃO: |
A exploração florestal, no município de Paragominas, era realizada de forma desordenada, sem planejamento adequado, ocasionando danos severos à floresta remanescente. O município compõe a antiga fronteira (>30 anos) de exploração madeireira da região Amazônica (PEREIRA et al., 2010). Segundo Pinto et al. (2009) as florestas remanescentes de Paragominas, ainda, estão sobre pressão da exploração madeireira e da atividade carvoeira. Em 2009, o pólo madeireiro da zona leste do Pará foi o que apresentou o maior consumo anual de madeira em tora legalizada (2.893.000,00m3), sendo Paragominas responsável por quase 26% desse volume de madeira. Neste ano, o município foi o que mais contribuiu com a produção de matéria prima de floresta nativa (PEREIRA et al., 2010). O manejo florestal prevê a gestão adequada da floresta remanescente, uma vez que a mesma assegurará a prestação dos serviços ambientais, bem como a colheita para o próximo ciclo de corte. Os danos da atividade madeireira podem ser previstos, contudo, suas implicações não são claramente conhecidas. Desta forma, estudos sobre os danos ocasionados pela exploração florestal são importantes para avaliar a intensidade do impacto sobre o estado de sanidade das árvores remanescentes. |
OBJETIVO DO TRABALHO: |
Avaliar os danos ocasionados em indivíduos de espécies arbóreas pela exploração de impacto reduzido em uma floresta de terra firme em Paragominas, Estado do Pará. |
MÉTODOS: |
O trabalho foi desenvolvido no Projeto de Manejo Florestal Fazenda Rio Capim, pertencente à Cikel Brasil Verde Madeiras Ltda., Paragominas, Pará. A vegetação predominante é a floresta ombrófila densa de terra firme. Foram instaladas 24 parcelas de 50mx50m, sendo 12 parcelas em floresta não explorada (T0) e 12 em floresta explorada (T1). Os indivíduos arbóreos com diâmetro a 1,30m do solo > 0,10m foram mensurados e identificados. Foi registrada a variável qualitativa “Danos”, que se refere ao estado de sanidade das árvores encontradas na floresta, em função da dinâmica natural ou devido à alteração provocada pela exploração florestal nas árvores remanescentes. Os danos foram classificados em 10 classes: C1- Árvore sem dano; C2, C3 e C4- Danos leves (causas naturais, exploração florestal e tratamentos silviculturais); C5, C6 e C7- Danos severos (causas naturais, exploração florestal e tratamentos silviculturais); C8 e C9- Danos leves e severos (fogo); C10- Dano cicatrizado. A mensuração dos dados ocorreu antes (2003) e após a exploração florestal (2007 e 2011). Os dados foram analisados pelo programa Excel e Monitoramento da Floresta Tropical (MFT). |
RESULTADOS E DISCUSSÃO: |
Algumas árvores morreram, por causas naturais ou pela exploração, e outras não foram mais encontradas. No T0 ocorreu a perda de 114 árvores (2007: 46; 2011: 68) e no T1 93 (2007: 56; 2011: 37). As classes de danos observadas em T0 foram 1, 2, 5 e 10, e no T1, além destas, ocorreram às classes 3 e 6, que são específicas de danos ocasionados pela exploração. O comportamento das classes se assemelhou entre os tratamentos e anos. O número de árvores por classe de danos em T0 foi: C1 – 1.331 em 2003, 1.200 em 2007 e 1.312 em 2011; C2 – 35 em 2003, 140 em 2007 e 110 em 2011; C5 – 102 em 2003, 91 em 2007 e 49 em 2011; e C10 – 0 (zero) em 2003, 22 em 2007 e 12 em 2011. Em T1: C1 – 1.335 em 2003, 1.142 em 2007 e 1.304 em 2011; C2 – 31 em 2003, 72 em 2007 e 86 em 2011; e C3 – 0 (zero) em 2003, 12 em 2007 e quatro em 2011; C5 – 82 em 2003, 87 em 2007 e 57 em 2011; C6 – 0 (zero) em 2003, 26 em 2007 e quatro em 2011; C10 – 0 (zero) em 2003, 28 em 2007 e 11 em 2011. Os danos decorrentes de causas naturais foram superiores ao da exploração. Considerando as classes 3 e 6, em T1, os danos somaram 2,8% em 2007 e 0,6% em 2011, afetando 38 e oito árvores, respectivamente. As árvores das espécies mais afetadas pela exploração foram de: Vouacapoua americana, Rinorea flavescens e Eschweilera amazonica. |
CONCLUSÕES: |
Ocorreu pouca variação do número de árvores entre as classes de danos por tratamento e ano. Em geral, o estado de sanidade predominante foi de “árvore sem dano”. O aparecimento de classes específicas de danos decorrentes da exploração em T1 era esperado, entretanto a intensidade dos danos foi baixa. Estes fatos indicam que o estado de sanidade das árvores remanescente na floresta explorada está bastante preservado. Algumas espécies apresentaram uma quantidade de danos superior às demais ocorrentes na área. Entretanto, deve ser levada em consideração a densidade de cada espécie. Espécies com maiores densidades tem uma probabilidade maior de terem mais indivíduos danificados pela exploração, como foi constatado em R. flavescens, espécie mais abundante em ambos os tratamentos. Por outro lado, espécies menos densas são mais vulneráveis, correndo o risco de serem extintas de uma área de manejo, se a intensidade dos danos for alta. Novos estudos devem ser realizados em florestas nativas considerando outras formas de danos proporcionados pela exploração florestal, como por exemplo, a construção da infraestrutura, visto que os mesmos também interferem na sustentabilidade da atividade. |
Palavras-chave: Manejo florestal, Medição de parcelas permanentes, Sanidade da árvore. |