64ª Reunião Anual da SBPC

D. Ciências da Saúde - 4. Odontologia - 8. Periodontia

RELAÇÃO DE LESÕES CERVICAIS NÃO CARIOSAS E A CONDIÇÃO PERIODONTAL EM ADULTOS

Mayra Moura Franco 1 Flávia Fernanda Carvalho Santos 2 Fernanda Ferreira Lopes 3 Érica Bárbara Abreu Fonseca Thomaz 3 Bruno Braga Benatti 3 Adriana de Fátima Vasconcelos Pereira 4

1. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Odontologia - UFMA 2. Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia - UFMA 3. Docente do Programa de Pós-Graduação em Odontologia - UFMA 4. Profa. Dra./Orientadora - Docente do PPGO - UFMA

INTRODUÇÃO:

Lesões cervicais não cariosas (LCNCs) são definidas como a perda de estrutura dentária na região cemento-esmalte. Um total de 25% da destruição patológica do tecido dental duro pode ser atribuído a processos não-cariosos, os quais são classificados em erosão, abrasão e abfração. Tradicionalmente, a erosão está associada à perda de esmalte e dentina pela ação química de ácidos de forma intrínseca ou extrínseca; abrasão é mais comumente relacionada ao contato físico repetido de estruturas às superfícies dos dentes; abfração está relacionada com um processo pelo qual as forças oclusais criam tensões em esmalte e dentina ao longo da região cervical, predispondo-a a erosão e abrasão. Um aspecto pouco considerado é a relação entre as LCNCs com as estruturas periodontais. Desta forma, o propósito deste estudo clínico foi avaliar as lesões cervicais não cariosas, relacionando-as aos aspectos periodontais dos dentes envolvidos.

METODOLOGIA:

Foram examinados 23 pacientes, atendidos na Clínica de Semiologia da Faculdade de Odontologia da UFMA, de ambos os sexos e na faixa etária de 18 a 65 anos. Um total de 491 dentes foi dividido em 2 grupos: Grupo 1 (Dentes com LCNCs; n=121) e Grupo 2 (Dentes sem LCNCs; n=370). Critérios como forma, dimensão horizontal e vertical, profundidade, término e classificação das lesões, além de sensibilidade dentinária e fatores oclusais foram investigados. Em relação aos parâmetros periodontais, avaliou-se profundidade de sondagem, nível de inserção clínica, recessão gengival, índice de placa visível, índice de sangramento à sondagem e índice de cálculo. Os pacientes foram diagnosticados em gengivite, periodontite crônica leve, moderada e severa. Os dados foram submetidos aos testes não paramétricos Exato de Fischer, Mann-Whitney e Kruskal-Wallis, com nível de significância de 5%. A análise descritiva foi realizada para dados que caracterizavam a amostra estudada no nível do indivíduo (sexo e fatores etiológicos associados às lesões cervicais não cariosas) e no nível do dente (presença e tipo de lesão, dentes e faces mais comprometidos), bem como para o diagnóstico periodontal.

RESULTADOS:

Observou-se que 60,87% dos pacientes eram do sexo feminino. De todos os dentes avaliados, um total de 24,64% possuía alguma das LCNCs, sendo que a abfração foi a lesão mais frequente (52,89%), e esta mais prevalente nos pré-molares (30,58%). Entretanto, fatores etiológicos que poderiam estar relacionados a esse tipo de lesão, tais como hábitos parafuncionais, interferências oclusais e presença de facetas de desgaste, não foram observados de forma significativa. As maiores médias dos índices periodontais foram observadas nos dentes com lesões de abfração, que tem sido associada com a maior quantidade de placa visível nas faces vestibulares dos dentes em pessoas que escovam pouco ou negligenciam a escovação ou em dentes de difícil acesso. Além disso, o formato em “V” ou cunha da lesão funciona como fator retentivo de placa. A maioria dos pacientes possuía diagnóstico de gengivite (69,57%), em decorrência da presença de sangramento à sondagem, alto índice de placa visível nos dentes com LCNCs, que passam a funcionar como fatores retentivos de placa, dependendo da profundidade da lesão ou pela sensibilidade dentinária. Dados sobre profundidade de sondagem, níveis de inserção clínica e recessão gengival foram maiores nos dentes com LCNCs em comparação aos dentes sem lesão.

CONCLUSÃO:

Concluiu-se que há uma relação muito próxima entre LCNCs e tecidos periodontais dos dentes envolvidos, já que estes se encontram intimamente relacionados, devido à localização das lesões ao nível gengival ou, até mesmo, subgengival, que podem levar ao acúmulo de biofilme, inflamação gengival e perda de inserção clínica.

Palavras-chave: Lesões cervicais não cariosas, Diagnóstico, Doenças periodontais.