64ª Reunião Anual da SBPC

G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial

ORGANIZAÇÃO DIDÁTICO - PEDAGÓGICA EM UMA SALA DE ESTIMULAÇÃO PRECOCE DE UMA CIDADE DO INTERIOR DO ESTADO DO TOCANTINS

Ana Paula Marques Leal Barbosa 1 Adriana Garcia Gonçalves 2

1. Curso de Pedagogia, campus Miracema – Universidade Federal do Tocantins – UFT 2. Dra./Orientadora - Curso de Pedagogia, campus Miracema – Universidade Federal do Tocantins – UFT

INTRODUÇÃO:

Segundo as Diretrizes Educacionais a Estimulação Precoce (EP) pode ser definida como um conjunto de atividades e de recursos humanos e ambientais incentivadores destinados a proporcionar à criança de risco, em idade de 0 a 3 anos, experiências significativas para alcançar desenvolvimento pleno no seu processo evolutivo. No Brasil, não há um modelo de atenção consistente em estimulação precoce e que embase o trabalho dos profissionais e, principalmente dentro de um modelo de equipe interdisciplinar. Alguns países como, por exemplo, a Espanha tem avançado teoricamente e na adoção de programas de estimulação precoce seguindo o modelo bioecológico do desenvolvimento humano de Bronfenbrenner. O modelo bioecológico de Bronfenbrenner propõe o estudo científico do progresso, da acomodação mútua, ao longo do curso da vida, entre um ser humano ativo em desenvolvimento, e mudanças dos atributos do ambiente no qual a pessoa em desenvolvimento vive, enquanto este processo é afetado pelas relações entre esses ambientes, e por contextos mais amplos nos quais os ambientes estão inseridos O presente estudo teve como objetivo verificar o funcionamento de uma sala de estimulação precoce de uma escola especial em uma cidade do interior do estado do Tocantins.

METODOLOGIA:

Na pesquisa educacional, um dos principais instrumentos de investigação é a observação por possibilitar experiência direta com o fenômeno pesquisado e maior aproximação na perspectiva dos participantes, além de possibilitar a descoberta de outros aspectos de um problema. É também por meio das técnicas de observação que se descobre outros aspectos de um determinado problema. A atividade de observação deu-se no mês de agosto até novembro de 2011. As observações foram realizadas duas vezes por semana no período matutino com duração ininterrupta de 08h00 as 10h30, horário de funcionamento da sala, observando as relações estabelecidas entre a área pedagógica (professoras) com a da saúde (profissionais como, psicóloga, fonoaudióloga, fisioterapeuta) e a rotina de trabalho, toda a situação vivenciada pelos alunos e profissionais. O procedimento de registro adotado foi a do registro escrito num caderno de campo especifico de anotações, cuja intenção da observação foi a de identificar toda a proposta e prática pedagógica.

RESULTADOS:

Os trabalhos pedagógicos desenvolvidos na sala de EP predominavam os de caráter individual, em que as professoras, assim como alguns profissionais da área da saúde desenvolviam atividades pontuais com cada criança. Apenas no início do dia, a rotina era estabelecida com a acolhida coletiva das crianças e seus acompanhantes, sendo composta na maioria pelas mães das crianças, com uma oração e músicas mediadas pelas professoras. Ficou evidente a fragilidade do trabalho pedagógico estruturado, uma vez que, a maioria das atividades apresentava caráter individual e fragmentada. Além disso, as professoras parecem desenvolver atividades extensionistas, ou seja, de continuidade ao trabalho dos profissionais da área de saúde. O termo “profissional” é muito proferido pelas professoras, como se elas não se sentissem parte da equipe de profissionais que atuam na EP. Também foi possível inferir que, mesmo o trabalho desenvolvido pela equipe da saúde, mostrou-se limitado, uma vez que o único profissional que fazia parte da rotina das crianças na sala de EP e que desenvolvia o trabalho no espaço da sala era a Terapeuta Ocupacional. Os outros como, fisioterapeuta, psicóloga atendiam as crianças separadamente, retirando-as da sala de EP, o que dificultava um trabalho em equipe interdisciplinar.

CONCLUSÃO:

Foi possível concluir que houve fragilidade no planejamento das atividades pedagógicas desenvolvidas pelas professoras. Essas atividades com as crianças apresentavam caráter individualista e extensionista do trabalho desenvolvido pelos profissionais da saúde, sendo estes muito valorizados pelas professoras. A falta de modelos de programas de EP no Brasil e de políticas educacionais voltadas para esta modalidade de ensino prejudica o andamento e a organização didático pedagógico, bem como a qualidade para o desenvolvimento pleno das crianças de risco.

Palavras-chave: Criança, Equipe interdisciplinar, Estimulação precoce.