64ª Reunião Anual da SBPC

G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana

TERRITÓRIOS ENTRELAÇADOS: SAÚDE, POBREZA E COR DE PELE EM JEQUIÉ, BAHIA

Aline Pires Lima 1 Alisson Silva Santos 2 Tânia Regina Braga Torreão Sá 3

1. Graduanda/ Orientanda - Departamento de Ciências Humanas e Letras, Colegiado do Curso de Pedagogia – DCHL/CCP - UESB 2. Graduando/ Orientando - Departamento de Ciências Exatas – Colegiado do Curso de Sistemas da Informação – DCE/CCSI - UESB 3. Professora Ma/Orientadora - Departamento de Ciências Humanas e Letras da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – DCHL/UESB

INTRODUÇÃO:

Sobre as condições de saúde no país, o Ministério da Saúde afirma “[...] no Brasil, a pobreza tem raça/cor, sexo e etnia [...]” (2004). Esta afirmação, interpretada por alguns como esquizofrênica, sendo pautada em estatísticas tão cruéis quantas absurdamente desequilibradas. O que se quer dizer com isto é que, além da inserção social desqualificada, desvalorizada (vulnerabilidade social) e da invisibilidade das necessidades reais nas ações e programas de assistência, promoção de saúde e prevenção de doenças (vulnerabilidade programática), indivíduos pobres (por que em boa parte) negros experimentam situações diferenciadas de promoção à saúde. Operando do plano da verificação da existência destas vulnerabilidades na cidade de Jequié, este trabalho propôs a realização de sobreposições cartográficas, que permitiram a visualização dos problemas de saúde, por grupos étnicos e por condições de salubridade ambiental dos bairros desta cidade. Nesta perspectiva, buscou-se a identificação de tais grupos étnicos, bem como, promover a caracterização dos territórios ocupados por esses.

METODOLOGIA:

O estudo se fundamentou na coleta de dados realizada em 5 USF´s da cidade de Jequié. Basicamente a partir dessa coleta, os dados foram organizados através de georreferenciamento direto (elaboração de cartogramas) e indireto (elaboração de tabelas e gráficos de dados). A primeira forma de representação, permitindo expressar a territorialidade dos fenômenos e a segunda consentindo na conjugação de diferentes informações alfanuméricas que subsidiam pesquisas seletivas e a formação de perfis. Estas formas de representação dos dados estruturaram-se, respectivamente, a partir da criação de Bancos de Dados Geográficos, característicos de Sistema de Informações Geográficas e Bancos de Dados Alfanuméricos, característicos de Sistemas Gerenciadores de Bancos de Dados. Ressalta-se, neste sentido, a capacidade dos SIG’s de integrar BDG’S e BDA’s, potencializando, assim o caráter de apoio à decisão destes sistemas. Apesar de estar utilizando SIG, há uma concordância aqui, quanto à impossibilidade de classificar os dados enquanto essencialmente geográficos. Acredita-se, pois, estes sejam, acima de tudo de caráter socioeconômicos, sendo geográfico, portanto, as formas de abordagem e tratamento dos mesmos.

RESULTADOS:

A partir da apresentação de 16 cartogramas, oferecemos uma contribuição ao fortalecimento dos cursos da área de Educação, Saúde e Ciências Biológicas da UESB/Jequié, vez que, este campi passou a dispor de uma caracterização da realidade da saúde, com a identificação de pontos nodais suscetíveis à intervenção pró-ativa dos pesquisadores que, se engajaram em projetos gerados a partir deste. No plano da administração municipal, a pesquisa também já auxilia aos gestores na consecução de programas e projetos que rompem com as barreiras das desigualdades, mormente àquelas que relacionam os problemas de saúde, decorrentes da precariedade de condições de salubridade ambiental, com o pertencimento a todos os grupos étnicos. Apesar de o estudo ser restrito a apenas um município, acredita-se que seus achados possam ser aplicados a outros municípios de porte pequeno e médio portes e que enfrentam situação similar na região sudoeste da Bahia.

CONCLUSÃO:

As observações e entrevistas realizadas em 5 USF's da cidade de Jequié apontaram a necessidade da realização de novas inferências (pesquisa de campo) em 166 outros logradouros públicos da cidade (ruas, praças, avenidas, travessas, etc), considerando-se para tanto, o raio de influência dessas USF's, definido em termos da detecção de limites espaciais de atendimento prestado à população. No processo de sistematização das informações coletadas, detectou-se que o maior grau de incidência de doenças e agravos a saúde está intimamente relacionada com o provimento de infraestruturas básicas a população (fornecimento de água e esgotamento sanitário). A sobreposição de mapas temáticos de grupos populacionais por cor/raça e provimento de infraestruturas básicas, outrossim, permitindo comprovar que as doenças relacionadas a fatores ambientais atingem significativamente muito mais os grupos de cor/raça preta e parda do que branca e amarela. Analisando os dados, conclui-se, portanto, que a inserção social desqualificada, desvalorizada, a invisibilidade das necessidades que os grupos de raça/cor preta e parda experimentam no plano social, refletem diretamente sob a sua saúde, evidenciando danos a mesma.

Palavras-chave: Pobreza, Cor/raça, Territórios.