64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 3. Enfermagem Médico-Cirúrgica
ÚLCERA POR PRESSÃO: FATORES DE RISCO EM PACIENTES INTERNADOS NA CLÍNICA MÉDICA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
André Luís Braga Costa 1
Marina Apolônio de Barros 2
Ricardo Clayton Silva Jansen 1
Leandro de Sousa Rosa 1
Santana de Maria Alves de Sousa 3
1. Depto de Enfermagem - UFMA
2. Mestranda em Enfermagem. Depto. de Enfermagem – UFMA
3. Profa. Dra./ Orientadora- Depto. de Enfermagem – UFMA
INTRODUÇÃO:
A úlcera por pressão (UP) é definida como uma área de morte celular que se desenvolve quando um tecido mole é comprimido entre uma proeminência óssea e uma superfície rígida por um período prolongado. A UP é considerada um grave problema, especialmente em pacientes críticos, pessoas idosas e portadores de doenças crônico-degenerativas, uma vez que estes estão expostos a inúmeros fatores de risco para o desenvolvimento desse tipo de lesão. Esses fatores necessitam ser identificados de forma que medidas preventivas sejam implantadas e consequentemente, os índices de UP sejam reduzidos. Sendo assim, é fundamental a identificação precoce dos fatores de risco intrínsecos, como por exemplo, idade, sexo, hipótese diagnóstica, nível de consciência, umidade, nutrição inadequada; e extrínsecos, como por exemplo, colchão inadequado, posicionamento em um mesmo decúbito por mais de duas horas, força de cisalhamento/fricção e mobilidade inadequada. Diante do exposto, essa pesquisa tem como objetivo identificar os fatores de risco intrínsecos e extrínsecos na ocorrência de UP em pacientes internados na clínica médica de um hospital universitário.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo epidemiológico de corte transversal do tipo exploratório - descritivo de características quantitativas. O estudo foi realizado na clínica médica do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HUUFMA), durante um período de seis meses consecutivos, com início em novembro/2009 e término em maio/2010. A população-alvo do estudo constituiu-se de setenta pacientes restritos ao leito, que aceitaram participar da pesquisa assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para coleta de dados, foi utilizado um formulário para identificação dos fatores de risco intrínsecos e extrínsecos, segundo as seguintes variáveis: idade, sexo, hipótese diagnóstica, tempo de internação, percepção sensorial, umidade, atividade, nutrição, comorbidade, mobilidade, pressão, força de cisalhamento/fricção. As informações coletadas foram transferidas para a planilha do aplicativo Microsoft Office Excel 2007 e submetidas à análise estatística descritiva dos mesmos. Para atender as normas da Comissão Nacional da Ética em Pesquisa contidas na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, o projeto foi submetido à avaliação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do HUUFMA, onde obteve parecer favorável. Pesquisa com consentimento do paciente ou responsável legal.
RESULTADOS:
Dentre os setenta pacientes, trinta e nove encontravam-se com UP. A maior ocorrência de UP foi o sexo masculino (54,83%); a cor da pele foi branca (50%) e a faixa etária foi a do idoso (43,33%). Outros estudos também identificaram maior ocorrência de UP nos idosos, mostrando que essa faixa etária é fator de risco para o desenvolvimento de UP. O tempo médio de internação foi de 96,46 dias. A hipótese diagnóstica predominante foram os distúrbios neurológicos (51,28%), seguido pelos distúrbios renais (12,82%). Em relação à doença de base, 56% dos pacientes que desenvolveram UP apresentaram alguma comorbidade, sendo que 35,9% eram portadores de Hipertensão Arterial Sistêmica e 30,8% portadores de Diabetes Mellitus. Vale ressaltar, que houve pacientes que apresentaram as duas comorbidade ao mesmo tempo. As comorbidades são significantes para o desenvolvimento das UP, uma vez que estas levam a instabilidade hemodinâmica, limitam a mobilidade e predispõem a um maior período de internação. As causas intrínsecas mais frequentes foram alteração da percepção sensorial (82,2%), umidade da pele (79,8%), e nutrição inadequada (64,5%). Os fatores extrínsecos mais frequentes foram fricção e cisalhamento (79,3%), mobilização inadequada (73,4%) e força de pressão no corpo (68,3%).
CONCLUSÃO:
No presente estudo a existência de fatores de risco denota a relevância de investigar a influência da variedade de fatores que aumentam o risco de ocorrência de UP, sendo assim, fundamental a adoção de protocolos assistenciais que levem em conta a magnitude dos fatores de risco identificados. Essa multiplicidade de fatores verificada nos remete a refletir sobre a necessidade de uma avaliação clínica sistematizada do paciente que contemple a complexidade dos fatores e condições presentes durante a internação. Dessa forma, compreende-se que para prestar assistência com qualidade e integralizada, baseada na concepção holística, é necessário ter em mente que são vários os elementos que podem desencadear a ocorrência de UP, não dependendo, pois, unicamente dos cuidados prestados pela equipe multiprofissional, mas também, da identificação dos vários fatores que se interagem entre si, dentre os quais estão os relacionados aos pacientes e à própria instituição, como provedora de condições para prestação de cuidados.
Palavras-chave: Úlcera por pressão, Fatores de risco, Cuidados de enfermagem.