64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia
REDES SOCIAIS E MEDIAÇÕES PENTECOSTAIS NAS FAVELAS DE CAMPOS DOS GOYTACAZES
Vanessa da Silva Palagar Ribeiro 1
Wania Amélia Belchior Mesquita 2
1. Lab. de Estudo da Sociedade Civil e do Estado, UENF
2. Profa. Dra./Orientadora – Lab. de Estudo da Sociedade Civil e do Estado, UENF
INTRODUÇÃO:
O estudo visa investigar a dimensão assistencialista das igrejas pentecostais na cidade de Campos dos Goytacazes-RJ. Neste sentido, trabalhou-se com a perspectiva das redes sociais identificadas nas relações observadas. E a partir da percepção “agentes mediadores ou mediadores sociais” de Pessanha (2008), foram identificados dentro do contexto em questão, os “nossos mediadores sociais”, tidos como os “nós” desta rede, neste caso os líderes de grupo religiosos, pastores e membros ativos da comunidade evangélica; onde em suas respectivas ações trabalham muitas vezes para além da esfera religiosa e através das redes de proteção desenvolvidas fora e dentro das instituições evangélicas constituem a ligação das relações sociais estabelecidas por estes agentes, que por sua vez, representam os laços da rede, ou seja, esses agentes seriam a nosso ver, a união de dois universos diferentes, neste caso, o universo do morador de favela ao do cenário político e social, principalmente por reapresentar a esta parcela da população a sua legitimidade enquanto sujeitos dos direitos de cidadania.
METODOLOGIA:
A metodologia utilizada foi a qualitativa realizada a partir do trabalho de campo, envolvendo a observação participante, conversas informais e entrevistas semi-estruturadas. Primeiramente foram selecionadas três favelas da cidade de Campos de acordo com suas características socioeconômicas e as condições de vida de seus moradores. Em seguida, foi feito levantamento das atividades realizadas pelas igrejas que envolvem ações assistencialistas. Também se realizou a observação participante dos cultos como forma de aproximação das instituições pentecostais. E ainda, a elaboração do diário etnográfico a partir das observações e comentários sobre o contexto e dinâmicas focalizadas no campo da pesquisa. Foram efetivadas entrevistas semi-estruturadas com os responsáveis das organizações de cunho assistencialista de confissão pentecostal, bem como os pastores dessas denominações. Também foram levantados dados a partir da realização do grupo focal. Logo, a pesquisa etnográfica apresentou igualmente grande relevância para análise dos dados obtidos, servindo como meio de descrição e posteriormente, reflexão do contexto pesquisado, enfatizando sua importância enquanto método de estudo.
RESULTADOS:
Em primeiro lugar foi contatada forte presença de igrejas pentecostais e neopentecostais no interior e ao redor das favelas de Campos, tais como: Assembleia de Deus Ministério Madureira, Universal do Reino de Deus, Igreja Pentecostal Filadélfia etc. Depois, identificamos que a Prefeitura da cidade historicamente ao lidar com políticas públicas direcionadas às favelas esteve preocupada basicamente com medidas limitadas apenas a casos emergenciais. Dessa forma, a população favelada da cidade ao ser atingida por carências e experiências de medo, risco e insegurança em face de um cotidiano marcado pela violência, drogas e armas, participam involuntariamente de uma acentuação do processo de perda da rede de proteção e, por isto, sentem dificuldade em serem reconhecidos no cenário público. Conforme indica a literatura sobre o tema no Brasil, observam-se nos pentecostais de Campos, estratégias de recrutamento de membros e mobilização assistencial de grupos religiosos. Através da ajuda dos agentes mediadores as igrejas desenvolvem atividades assistenciais junto aos moradores de favelas; e por meio do proselitismo religioso e da extensão de suas redes sociais para além das favelas, buscam orientar aos fiéis a superação de situações de vulnerabilidade que vivenciam em seu cotidiano.
CONCLUSÃO:
Durante as incursões ao campo de pesquisa foi constatada uma forte presença de igrejas pentecostais e neopentecostais no interior e ao redor das favelas de Campos. Todas se utilizam de práticas assistencialistas para com seus respectivos membros, como forma de ajuda mútua, pois os próprios membros dos templos evangélicos, havendo necessidade e por intermédio do pastor, colaboram com doações principalmente de alimentos e vestuário, indicação de empregos, ou então, arrecadação mensal de doações para manutenção de um fundo em casos de ajuda emergencial. Portanto, todas as igrejas pentecostais pesquisadas estabelecem redes de proteção social através da ação dos seus respectivos agentes mediadores, que servem para o enfrentamento dos problemas sociais vivenciados pelos moradores de favela. Portanto, se observa a importância e existência destas “redes evangélicas”, como suporte moral e social ao enfrentamento de situações adversas que muitos dos fiéis moradores de favelas se deparam cotidianamente.
Palavras-chave: Pentecostais, Redes Sociais, Mediação.