64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal
INFLUÊNCIA DO ESTRESSE SALINO SOBRE A CONCENTRAÇÃO DE SOLUTOS COMPATÍVEIS EM JATOBÁ SUBMETIDO A ESTRESSE DE NaCl.
Roberta Lane de Oliveira Silva 1
Cinthya Mirella Pacheco 2
Alison Alberto Laurindo de Lucena 3
Hugo Henrique Costa do Nascimento 4
Rejane Jurema Mansur Custódio Nogueira 5
1. Depto de Genética – UFPE
2. Depto. de Biologia – UFRPE
3. Depto. de Agronomia – UFRPE
4. Depto. de Ciências Florestais - UFRPE
5. Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Biologia – UFRPE Bolsista de produtividade – CNPq
INTRODUÇÃO:
Hymenaea courbaril L., popularmente conhecido como jatobá, é uma espécie arbórea, pertencente à família Fabaceae e a subfamília Caesalpinoideae, com ampla distribuição geográfica e grande importância econômica. Por ser uma espécie que apresenta boa adaptação a condições ambientais adversas, o jatobá tem sido considerado um excelente modelo em estudos que envolvam tolerância a estresses abióticos, sobretudo na região nordeste, a qual apresenta solos naturalmente salinizados. O estresse salino pode ser decorrente do uso de água salinas ou sódicas e pode promover a redução do crescimento e/ou desenvolvimento das plantas. No entanto, para tolerar a presença de sais, a planta pode ser acometida por outros tipos de estresses (osmótico, oxidativo) e acumular diferentes compostos orgânicos, como a prolina, carboidratos, aminoácidos e proteínas. Como esses compostos são os substratos necessários para o crescimento do vegetal, a variação em sua concentração está diretamente relacionada à maior ou menor tolerância ao estresse. Dessa maneira, procurou-se avaliar as principais estratégias bioquímicas envolvidas na resposta ao estresse salino em mudas de jatobá no estágio inicial de desenvolvimento.
METODOLOGIA:
O experimento foi conduzido em casa de vegetação do Laboratório de Fisiologia Vegetal da UFRPE, durante três meses. Nesse período as médias da temperatura e umidade relativa foram de 35°C e 30% de UR, respectivamente. As plantas foram regadas diariamente com solução nutritiva de Hoagland e Arnon a ½ força durante 20 dias (fase de aclimatação). Após esse período, as plantas foram submetidas a 75 mM de NaCl (estresse moderado) e 150 mM de NaCl (estresse severo), com cinco repetições. Após 24 e 48 horas de exposição ao estresse foram realizadas as análises bioquímicas utilizando-se 1g de matéria fresca do limbo foliar e 1g de raiz para preparação dos extratos. As amostras foram trituradas em almofariz adicionando-se 4 mL de tampão fosfato de potássio 100 mM (pH 7,0) e centrifugadas a 14000 rpm por 10 min. O sobrenadante foi retirado e utilizado para as análises de carboidratos solúveis totais (método do fenol-ácido sulfúrico, Dubois et al., 1956), teor de prolina livre (método da ninhidrina, Bates et al. 1973), proteínas solúveis totais (método de Bradford, 1976) e do teor de aminoácidos totais conforme Yemm & Cocking (1955). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas entre si pelo teste de Tukey (P < 0,05) utilizando o software ASSISTAT 7.6.
RESULTADOS:
No teor de carboidratos, em folhas, foram observados aumentos significativos de 5% e 68% no tratamento severo após 48h de estresse em relação às plantas do tratamento controle e do mesmo tratamento após 24h, respectivamente. Em raízes, porém, foi observada uma redução de 40% para o tratamento severo após 48h. A concentração de prolina, em folhas após 24h de estresse, apresentou um aumento de 10% no tratamento moderado, ao passo que no tratamento severo houve uma redução de 15%. Nas raízes, após 24h de estresse, a concentração de prolina no tratamento severo atingiu aproximadamente 434% enquanto que com 48h esse percentual reduziu para 291% em relação ao tratamento controle. Em folhas, o teor de proteínas solúveis aumentou significativamente nas plantas submetidas ao estresse nas duas épocas de avaliação em comparação as plantas controle. No entanto em raiz, as plantas apresentaram reduções de 75% no tratamento moderado após 24h de estresse em relação ao controle. Para o teor de aminoácidos não foram verificadas diferenças significativas tanto para folha quanto para raiz, com 48h de estresse. Em contrapartida, nas folhas houve aumentos significativos de 126% e 311% com o aumento de exposição ao estresse nos tratamentos moderado e severo, respectivamente.
CONCLUSÃO:
A elevação dos teores de carboidratos provavelmente está relacionada à manutenção do nível de água da folha e indução de ajustamento osmótico da planta. Apesar da concentração de prolina variar entre os tecidos da planta (folha e raiz), é possível inferir que esse fato pode estar ligado ao papel da prolina no ajustamento osmótico das células a condições adversas. O incremento nos teores de proteínas solúveis e aminoácidos é também uma das estratégias utilizadas pela planta em resposta aos danos gerados pelo excesso de sal ao longo do período de exposição ao estresse. Esse fato, por sua vez, pode ser resultado da ativação de um mecanismo de proteção ao aparato fotossintético. Portanto, conclui-se que as alterações bioquímicas ocorridas nas plantas de jatobá submetidas ao tratamento salino de certa forma contribuíram para a manutenção da integridade da membrana, visando o equilíbrio osmótico da célula. O acúmulo de compostos orgânicos nas plantas de jatobá provavelmente ocorreu em função do estresse salino aplicado, sobretudo na concentração de 150 mM de NaCl.
Palavras-chave: Hymenaea courbaril, Salinidade, Osmólitos.