64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
ENSINO DE QUÍMICA E SUA RELAÇÃO COM O DESENVOLVIMENTO E A SUSTENTABILIDADE NA COMUNIDADE RURAL PONTA DE GRAMAME, EM JOÃO PESSOA –PB.
Moisés Horus Andrade Sousa 1
Amanda Cecília da Silva 1
Luís Victor dos Santos Lima 1
Sayonara Maria Ferreira de Araújo 1
Maria de Fátima Vilar de Queiroz 2
Tânia Maria de Andrade 3
1. Coordenação de Licenciatura em Química - PROBEXT/IFPB
2. Profa. Ms. - Coordenação de Licenciatura em Química - PROBEXT/IFPB
3. Profa. Dra./ Orientadora - Coordenação de Gestão Ambiental - PROBEXT/IFPB
INTRODUÇÃO:
O ensino de ciências vem experimentando intensas transformações. É inconcebível uma prática engessada, memorizadora de conteúdos, sem contextualização e muito menos sem olhar para a realidade social em que esse ensino encontra-se. Ao contrário, pensar em ciências e, neste trabalho, em química exige um esforço mútuo das pessoas envolvidas, um trabalho cooperativo em busca de objetivos comuns. Pensando nisso, este trabalho foi desenvolvido com o intento de transpor o conhecimento químico, produzido e apreendido por alunos e professores do IFPB, do curso de Licenciatura em Química, para uma linguagem acessível aos moradores da comunidade rural Ponta de Gramame, localizada em João Pessoa – PB e com vistas ao empoderamento da comunidade através da incorporação de práticas produtivas alternativas com base na compreensão e utilização prática dos conceitos da química. Uma comunidade que tem como sistema produtivo, a prática da agricultura familiar e que apresenta forte necessidade de melhorar a qualidade de vida através de alternativas de geração de renda e outras formas de inclusão social.
METODOLOGIA:
Esse trabalho foi realizado no período de novembro de 2011 e março de 2012, com moradores de uma comunidade rural, na cidade de João Pessoa -PB. O método utilizado nessa pesquisa visou diagnosticar a realidade dos moradores e, a partir dela, intervir construtivamente na realidade do público participante. Inicialmente, a equipe técnica realizou várias visitas in loco para efetuar os primeiros contatos com a comunidade, e fazer um levantamento das maiores necessidades desses atores sociais, através da aplicação de um questionário socioeconômico e cultural. Nesse questionário, estavam elencadas opções para a seleção de alguns materiais de limpeza que o público tivesse interesse em confeccionar. Após o levantamento dos dados, foram iniciadas as oficinas de aprendizagem, no tocante à confecção dos produtos de limpeza, assim como, no tocante ao empreendedorismo com ênfase na economia solidária. Ao término de cada ciclo de curso, foram aplicados questionamentos com os moradores da localidade verificando se as práticas de confecções realizadas naquele dia, seriam viáveis para produção e venda pela comunidade.
RESULTADOS:
Nos primeiros contatos realizados com o público, foi diagnosticado, que a maioria dos moradores são semianalfabetos, percebido como fator que os levam a se considerem incapazes de trabalhar em outra área que não fosse a agrícola. A equipe técnica do projeto, ao detectar essa realidade, buscou formas de transpor o conhecimento científico construído em espaços formais de ensino – o conhecimento químico, para uma linguagem de fácil compreensão. O uso da linguagem visual foi fundamental para que a execução das atividades propostas ocorresse. Mesmo a maioria sendo semianalfabeta e devido ao fato de atuarem no meio agrícola, possuem uma certa habilidade matemática que foi fundamental para a execução das atividades. Durante as oficinas, os participantes, foram estimulados a buscar, em seu meio, utensílios que auxiliassem na medição do volume das substâncias que foram utilizadas nas oficinas, em substituição aos materiais trazidos pela equipe tais como provetas, béquer, etc. No desenrolar das visitas e das práticas das oficinas, os envolvidos na pesquisa, passaram a adotar uma postura mais ativa, participante e crítica, o que pode-se considerar um aspecto de grande relevância para a pesquisa.
CONCLUSÃO:
Este estudo possibilitou ir além do enfoque químico e empreendedor, foi possível intervir em uma realidade social, onde a equipe deparou-se com indivíduos que se consideravam - por não terem pleno domínio da leitura -, incapazes de atuarem, reproduzirem, e gerenciarem uma nova fonte de renda, diferente da agricultura. A habilidade da matemática, associado ao uso de linguagem gráfica, colaborou para uma apreensão do saber, de forma mais efetiva. A assiduidade dos participantes, a percepção de formas de efetuarem medidas com utensílios do lar, é considerada um fator de grande valia nesse trabalho. No início deparamos com sujeitos que não acreditavam no seu potencial de aprendizado por diversos fatores, mas, essa crença aos poucos foi sendo dizimada, e juntamente, emergiu uma nova possibilidade de geração de renda. Em suma, essa práxis, ofereceu a esses indivíduos um acesso à novas possibilidades financeiras e educacionais, para que possam aprender a lidar com questões financeiras usando a capacitação oferecida, motivação, dedicação, associado ao saber popular, e, assim, possam em um futuro breve, otimizar essa capacitação básica, minimizando marcas de impotência social.
Palavras-chave: Ensino de Química, Desenvolvimento sustentável, Geração de renda.