64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 3. Fisiologia Vegetal
ASPECTOS NUTRICIONAIS EM TECIDOS FOLIARES DE Carapa guianensis (ANDIROBA) SOB SISTEMA AGROFLORESTAL
Rodolfo Pinto de Jesus 1
Patrícia Chaves de Oliveira 2
1. Graduado em Ciências Biológicas - UFPa
2. Profa. Dra./ Orientadora, Depto Ciências Biológicas - UFPa
INTRODUÇÃO:
Apesar das espécies florestais que predominam na Amazônia representarem uma fonte importante de recursos naturais para as populações tradicionais e região como um todo, poucos estudos sobre os seus aspectos botânicos e ecológicos são realizados (BOUFLEUER, 2004). O que se observa, segundo Felsemburgh (2006), é um rápido processo de desmatamento e, consequentemente, diminuição da cobertura de ecossistemas florestais tropicais devido a uma exploração predatória.
Carapa guianensis, a popular andiroba, é uma das inúmeras espécies arbóreas da floresta amazônica com importância econômica, destacando-se pela variada utilização da matéria prima. Além da madeira de excelente qualidade, a espécie é muito valorizada pelo óleo extraído das sementes, de grande potencial para uso medicinal. Porém existem poucos estudos voltados para a espécie (NEVES et al, 2004).
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a dinâmica de Nitrogênio e Fósforo em tecidos foliares de andiroba plantadas em Sistema Agroflorestal em área de agricultura familiar no município de Santarém-PA, propondo-se a avaliar a retranslocação de Nitrogênio (N) e Fósforo (P) ao longo da ontogênese foliar em tecidos de folhas maduras e senescentes de Carapa guianensis.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado em um Sistema Agroflorestal onde os indivíduos da espécie em estudo estão distribuídos com espaçamento entre linhas de plantio de 6m e entre plantas da mesma linha de 12m, tendo sido implantadas sob vegetação com regeneração de 1 a 4 anos.
Foram coletadas manual e aleatoriamente 10 folhas (repetições), sendo 5 folhas maduras (aquelas que tiveram expansão foliar máxima) e 5 folhas senescentes (aquelas em processo de amarelecimento, sem ter sofrido o processo de abscisão) no mês de novembro de 2007. O material coletado foi armazenado em sacos de papel e acondicionado em caixa de isopor. No Laboratório de Ecofisiologia Vegetal da Universidade Federal do Pará – Campus de Santarém, as amostras foram levadas à estufa de ventilação forçada sob temperatura de 70°C durante 24 horas, para obtenção do peso constante. Após a secagem as folhas foram trituradas para, em seguida, serem realizadas as análises químicas de determinação de nitrogênio, segundo metodologia de Kjeldahl (1999), e de fósforo, conforme método de Costa (2004).
As análises estatísticas foram determinadas pelo programa Bio Estat 4.0 e se caracterizaram por Análise de Variância Fatorial, Análise de Correlação Linear de Pearson e Análise Multivariada através do teste de Hotteling (AYRES et al, 2005).
RESULTADOS:
Os resultados demonstraram que as árvores de andiroba encontravam-se sob estresse nutricional, especificamente fósforo, o que não ocorreu para o nitrogênio, embora as concentrações desse nutriente estejam no limite para entrar na situação de estresse. Estes dados sugerem que plantas de andiroba são sensíveis a baixos teores de fósforo e nitrogênio nos solos como o do agroecossistema estudado (TRINDADE, 2008).
De acordo com os resultados obtidos através da análise da Matriz de Correlação, foi identificada uma correlação linear positiva (r=0,9957) entre as concentrações de fósforo em folhas maduras e as razões de N/P em folhas maduras, sugerindo que o um aumento nas razões de N/P o que, indiretamente, insinua um aumento de Nitrogênio em folhas maduras. Também foram observadas correlações positivas (r=0,9707) entre concentrações de nitrogênio em folhas maduras e senescentes, onde um aumento na concentração de nitrogênio em tecidos foliares maduros de andiroba levaria a um aumento na concentração de tecidos foliares senescentes, o que não ocorre, por exemplo, para fósforo. Este comportamento ecofisiológico diferenciado para fósforo e nitrogênio em plantas de andiroba ocorre devido as mesmas estarem em déficit de fósforo no solo e menos de nitrogênio.
CONCLUSÃO:
As árvores de andiroba encontravam-se sob estresse nutricional, especificamente com fósforo, fato este que sugere a adoção de práticas de adubação fosfatada em agrossistemas locais.
Não houve situações de estresse por nitrogênio em plantas de andiroba, embora as mesmas estivessem próximas do limite adequado para esse nutriente. A demanda elevada por esse nutriente pela espécie pode ser visualmente observada pelas elevadas alturas das árvores.
Plantas de andiroba melhor reabsorvem nitrogênio do que fósforo a partir de folhas senescentes indicando ser esta a estratégia de economia de nitrogênio.
Palavras-chave: Retranslocação, Nitrogênio, Fósforo.