64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
HÁBITOS DE VIDA E CONDIÇÕES DE SAÚDE DE ADULTOS COM LESÃO MEDULAR
Jamilly da Silva Aragão 1
Giovanna Karinny Pereira Cruz 1
Bertha Cruz Enders 2
Alexsandro Silva Coura 2
Diego de Sousa Dantas 3
Inacia Sátiro Xavier de França 4
1. Depto. de Enfermagem - UEPB
2. Depto.de Enfermagem - UFRN
3. Depto. de Ciências Biológicas - UFRN
4. Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Enfermagem - UEPB
INTRODUÇÃO:
Na atualidade, a lesão medular (LM) vem se constituindo em todo o mundo como um grave problema de saúde pública devido ao aumento dos episódios de violência urbana, a exemplo dos acidentes com veículos automotores e agressões com arma de fogo. A incidência mundial da LM varia entre 12,1 e 57,8 casos por um milhão de pessoas. O indivíduo com LM, em geral, apresenta limitações que podem acarretar importantes alterações no seu cotidiano, pois esse agravo causa perda parcial ou total da motricidade e sensibilidade, além de comprometimento vasomotor, respiratório, intestinal, vesical e sexual. Tais alterações modificam de maneira considerável o estilo de vida das pessoas acometidas. Portanto, elegeu-se como objetivo do estudo averiguar os hábitos de vida de adultos com lesão medular e estabelecer sua associação com algumas condições de saúde. A pertinência da presente investigação baseia-se na possibilidade de gerar conhecimento aos profissionais de saúde, traçar intervenções em educação e promoção da saúde com base nos hábitos de vida mais prevalentes e correlacionados com as complicações de saúde; Suscitar informações importantes para as (re)formulações das políticas públicas direcionadas às pessoas com deficiência, bem como estudar uma população com lacunas no tocante à pesquisas.
METODOLOGIA:
Estudo transversal, com abordagem quantitativa e analítica, realizado no ano de 2009 em todas as 61 Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF) existentes na cidade de Campina Grande-PB, Brasil. A população alvo foram todas as pessoas com LM adscritas nas 61 UBSF. A amostra foi composta por 47 participantes. Para recrutamento dos sujeitos foram considerados como critérios de inclusão: apresentar LM completa ou incompleta por qualquer etiologia diagnosticada por especialista, ter 18 anos ou mais, residir em Campina Grande, estar cadastrado na Estratégia Saúde da Família (ESF), apresentar função cognitiva preservada e aderir ao estudo. Foi utilizado um instrumento de coleta, que se configura como um formulário composto por 50 questões as quais versavam sobre variáveis sociodemográficas, de hábitos de vida e condições de saúde. Para coleta de dados, visitou-se as residências dos participantes, na companhia do Agente Comunitário de Saúde responsável pela respectiva micro-área de adscrição. O projeto só teve a coleta iniciada após o parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da UEPB. Em todo o processo, foram respeitadas as diretrizes da Resolução n.o196/96, do Conselho Nacional de Saúde. Para analise efetuou-se os testes de Qui-quadrado, Fisher e Coeficiente de Contingência.
RESULTADOS:
Identificou-se que 27,7% são tabagistas, 36,2% etilistas, 91,5% fazem uso de café e 63,8% não praticam atividades físicas. Verificou-se associação estatisticamente significativa entre a falta de apetite e os hábitos de vida (p=0,032), porém com um grau baixo de associação (r=0,032). A associação entre a constipação e os hábitos de vida apresentou significância estatística (p=0,011) e grau de associação baixo (r=0,007). Quanto ás condições de saúde, os dados revelaram que as doenças, agravos e/ou complicações de saúde mais frequentes foram: estresse (72,3%), insônia (70,2%), sentimentos negativos (70,2%), ansiedade (68,1%) e dor muscular (63,8%), sendo esses auto-referidos por mais da metade dos participantes. No tocante as implicações do estudo para a prática dos enfermeiros que assistem as pessoas com LM, é mister o desenvolvimento de intervenções pautadas na educação e promoção da saúde, pois a maioria dos participantes são sedentários e fazem uso de café pelo menos duas vezes ao dia. As ações de prevenção devem ser direcionadas para esses sujeitos e suas famílias considerando que o conjunto de hábitos de vida podem determinar más condições de saúde.
CONCLUSÃO:
Os hábitos de vida considerados negativos foram verificados em parcela significativa dos participantes, sendo constatado também, que a maioria apresenta quatro ou mais hábitos de vida negativos concomitantemente. Identificou-se, embora com baixa intensidade estatística, associação entre o acúmulo de quatro ou mais hábitos de vida negativos e as condições de saúde falta de apetite e constipação, facetas relacionadas com a nutrição e a eliminação de fezes, respectivamente, devendo a equipe de enfermagem ter atenção especial na promoção da saúde relativa a tais condições. Sugere-se o desenvolvimento de tecnologias efetivas para a verificação de medidas como o peso, a altura e o IMC em pessoas com paraplegia e tetraplegia; a replicação dessa pesquisa em outros municípios; e o desenvolvimento de estudos com maior poder de evidencia na verificação de intervenções não-farmacológicas para a prevenção ou o tratamento de complicações em pessoas com LM.
Palavras-chave: Traumatismos da Medula Espinhal, Condições de Saúde, Enfermagem.