64ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 7. Oceanografia - 1. Oceanografia Biológica
DISTRIBUIÇÃO E HABITAT DA BOLACHA-DA-PRAIA Mellita quinquiesperforata (LESKE, 1778) NA PRAIA DO ARAÇAGI, MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DE RIBAMAR, MA.
Camila Chaves Silva 1
Jacyara Nascimento Corrêa 1
Priscila Coelho Ribeiro 1
Jainara da Silva Miranda Reis 1
Pâmella Mayara Ferreira de Matos 1
Flávia Rebelo Mochel 2
1. Departamento de Oceanografia e Limnologia, Universidade Federal do Maranhão – UFMA
2. Profa. Dra./ Orientadora – Departamento de Oceanografia e Limnologia – UFMA
INTRODUÇÃO:
Mellita Quinquiesperforata, mais conhecida como bolacha-da-praia pertence à Classe Echinoidea, do filo Echinodermata, do grupo Irregularia. Os ouriços conhecidos como irregulares são característicos de ambientes arenosos e areno-lamosos. Geralmente encontram-se enterrados, sendo escavadores e detritívoros (LAWRENCE 1982 apud DIAS, 2008). O litoral do Maranhão é o segundo maior litoral do Brasil, com 640 km de extensão e se caracteriza por extensos manguezais, praias arenosas e dunas. Entre os impactos ambientais observados nas praias de São Luís destaca-se a ocorrência de espécies bênticas exóticas, provenientes da água de lastro das embarcações que trafegam na Baía de São Marcos.
O conhecimento das informações de distribuição e habitat da bolacha-da-praia é de extrema importância para averiguar as espécies nativas, monitoramento do ambiente costeiro e recuperação de áreas costeiras degradadas. Neste contexto, este trabalho tem como objetivo contribuir para o conhecimento do habitat e distribuição das bolachas-da-praia do litoral de São Luís, estado do Maranhão.
METODOLOGIA:
A área de estudo situa-se na Praia do Araçagi, litoral noroeste da Ilha de São Luís, nas coordenadas 02° 27’ 41” S e 44° 11’ 00”W . Foram feitas coletas em dez/2010, mar/abril/mai de 2012. Em campo, dividiu-se a área em três perfis: (1) perfil proximal, situado à faixa de areia paralela a linha d’ água no nível mais baixo da maré; (2) perfil distal, porção mais distante da água onde foi possível ainda encontrar a bolacha-da-praia e (3) perfil mediano situado entre esses dois perfis. Todos os perfis foram traçados com base na presença de animais e distância da linha d’ água durante a maré mais baixa de sizígia, até o ponto mais afastado da água onde foi encontrado ainda algum indivíduo. Com auxilio de trenas e estacas determinou-se em cada perfil 15 quadrantes de 1 m². Para a coleta dos animais utilizaram-se pás e sacos plásticos. Amostras de areia com 50 g foram retiradas dos 15 quadrantes da coleta de maio de 2011 e colocadas em sacos plásticos para as análises granulométricas e para os teores de umidade e matéria orgânica em laboratório.
RESULTADOS:
Em quatro coletas, foi possível amostrar 60 quadrantes, totalizando 60 m² da praia do Araçagi. Foram encontrados 173 indivíduos. Constatou-se que na maior altura de maré obteve-se o maior número de indivíduos. Na coleta de dezembro de 2010 em maré 0.8m foram coletados 115 indivíduos, com densidade média de 7,67 animais por m². Em março de 2011 em maré negativa, de altura -0.5m foram coletados 40 indivíduos, com densidade média de 2,66 animais por m². Em abril de 2011 em maré de altura negativa -0.4m foram coletados 12 indivíduos, numa densidade média de 0,8 animais por m². Na última coleta em maio de 2011 em maré de 0.7m foram capturados 6 indivíduos, com densidade média de 0,4 animais por m².
Prazeres & Mochel (2007) destacam a influência das estações seca e chuvosa como importante fator que interfere na salinidade e, portanto, pode influenciar a distribuição e a dinâmica da população de M. quinquersperforata.
As análises granulométricas demonstraram a predominância de areia muito fina (AMF), com média 27,46% das 15 amostras, e a menor na fração de cascalho (CASC) com 0, 004%.
Os resultados da umidade e teor de matéria orgânica não apresentaram nenhum padrão. A menor umidade encontrada demonstrou 16,69% e para matéria orgânica apresentou-se 0,31% como o menor valor.
CONCLUSÃO:
Constatou-se que essas grandes amplitudes de maré influenciam mesmo que indiretamente a distribuição das comunidades bentônicas por exporem regiões que permanecem submersas praticamente o ano inteiro e por submergirem faixas da praia que normalmente estão descobertas. O tipo de sedimento, ou seja, a fração granulométrica do mesmo possui a capacidade de retenção de fluidos e sólidos e na penetração de gases como o oxigênio.
Palavras-chave: Mellita, Habitat, Echinodermata.