64ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 1. Crescimento, Flutuações e Planejamento Econômico
SOJA E ÍNDICES DE DESENVOLVIMENTO NO ESTADO DO MATO GROSSO: UMA HIERARQUIZAÇÃO MUNICIPAL.
Angela Cristina dos Santos Carvalho 1
Oriana de Almeida Trindade 2
Ronie Carlos Magalhães Chagas 3
Antônio Cordeiro de Santana 4
Sérgio Rivero 5
1. Profa. Msc. Depto. Economia / Faculdade Metropolitana de Marabá – PA
2. Prof. Dra. Depto. Economia / NAEA – UFPA
3. Prof. Msc. Depto. Economia / Faculdade de Imperatriz – FACIMP – MA.
4. Prof. Dr. Depto. Economia / UFRA
5. Prof. Dr. Depto. Economia / UFPA
INTRODUÇÃO:
A expansão da soja sobre o território brasileiro, principalmente a sua recente expansão, que ocorre da região Centro-Oeste para a região Nordeste até a região Norte, traz ao debate nacional e internacional, questões relacionadas aos impactos econômicos, sociais e ambientais para as áreas ocupadas pela monocultura da soja e de outras commoditys. Esse debate tem uma análise plural que conjuga os conceitos de desenvolvimento econômico à mitigação dos impactos ambientais. A problemática existente não está condicionada somente à preservação do meio ambiente, mas também à redução das desigualdades regionais e estaduais em que se encontram as regiões mais pobres brasileiras. Esse trabalho tem como objetivo principal avaliar a ocupação da soja no estado de Mato Grosso, sob a análise do desenvolvimento econômico nos municípios com soja e sem soja. Dessa forma buscou-se avaliar se os índices de desenvolvimento social e econômico para os municípios com soja são melhores ou em que média estão quando comparados aos municípios sem soja para o estado em análise. Dessa forma esse estudo tem como contribuição avaliar se os municípios da recente ocupação da soja sofreram um processo de crescimento ou desenvolvimento econômico.
METODOLOGIA:
A análise comparou municípios com e sem soja de Mato Grosso, (1990 e 2000). A análise econômica avaliou o crescimento econômico, com as variáveis PIB e valor adicionado para cada setor econômico nas categorias municípios com e sem soja. No segundo momento, foi realizada a análise social, através da análise multivariada, onde foram reunidas 9 variáveis para cada categoria do estado em observação. Na análise econômica, a metodologia foi quantitativa, a partir de dados secundários do IBGE e IPEA, (1999 a 2007), onde foram organizados em formato de painel. As variáveis selecionadas foram: o PIB total, PIBpc, PIB agropecuário, industrial e serviços, área plantada e colhida de soja, VBP da soja, participação da soja no VBP e Valor adicionado dos setores do estado em análise. A análise socioeconômica foi quantitativa, (análise fatorial), a partir de dados secundários do IBGE, IPEA e PNUD, onde foram realizadas duas análises (1991 e 2000). Nessas análises foram escolhidas as variáveis que compõem o conceito de desenvolvimento econômico: mortalidade de até um ano de idade; percentual de pessoas que vivem em domicílios com água encanada; renda per capita; Índice de Gini; população rural; população urbana; taxa de alfabetização; índice de desenvolvimento humano municipal; e valor bruto da produção da agricultura dividido pela população rural.
RESULTADOS:
Os municípios mais ocupados com soja e área plantada acima de 110 mil ha, em 2000, apresentaram índices de médio a alto para o desenvolvimento. Dos dez municípios mais ocupados com soja em 2000, Novo São Joaquim apresentou o menor índice de desenvolvimento, (0,47), classificado como médio. O fator 3 que caracteriza a concentração de renda, foi de médio a alto para todos os 10 municípios mais ocupados. Os municípios com soja apresentaram um melhor desempenho, quanto ao fator 1 e ao índice de desenvolvimento. Para os municípios com soja observa-se um baixo índice do fator 2, caracterizando uma menor densidade demográfica, e um índice médio para o fator 3, representando uma alta concentração de renda. Quanto aos fatores dos municípios sem soja, observa-se um baixo desempenho do fator 1 e médio para o fator 2, que caracteriza a concentração de renda e maior incidência de população rural. Apesar de um fraco desempenho para a renda per capita e para o VBP da agricultura nos municípios sem soja, existe uma correlação positiva entre a população rural e a concentração de renda. 55% municípios com soja e 40% sem soja, em 2000, apresentaram o índice de médio a muito alto. 45% municípios com soja e 60% sem soja apresentaram o índice de baixo a muito baixo. Os municípios com soja apresentaram um índice acima de 0,63, considerado alto, quando comparado à média do estado. Nesses municípios, encontram-se as fábricas de beneficiamento da soja, representando a cadeia produtiva completa.
CONCLUSÃO:
Essa explosão da área plantada por soja significou além do aumento da renda, também uma atração grande de migrações populacionais, medidas pelas taxas altas de crescimento nessas regiões. No entanto, é essencial a presença do estado e de políticas públicas que ordenem e aloquem de forma mais adequada esse contingente de pessoas atraídas pelo crescimento econômico, de forma a elevar os índices de educação, saúde, emprego, renda e saneamento básico, entre outros. É importante considerar que a agricultura de larga escala dependente da soja pode vir a ser um fator de concentração fundiária e também, fomentar a exclusão de proprietários de terra nos municípios onde a atividade avança. A avaliação destes possíveis impactos negativos da soja pode ser feita de maneira sistemática e ser objeto de outros trabalhos acadêmicos.
Palavras-chave: Soja, Crescimento econômico, Planejamento do Desenvolvimento.