64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES EM CRIANÇAS DE ALMIRANTE TAMANDARÉ – REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA – PARANÁ.
Bianca Caroline Salvador 1
Regielly Caroline Raimundo Cognialli 2
André Luiz de Matos 1
Débora do Rocio Klisiowicz 4
Larissa Reifur 3
Márcia Kiyoe Shimada 3
1. Depto. de Farmácia, Universidade Federal do Paraná – UFPR
2. Depto. de Patologia Básica, UFPR
3. Profa. Dra. - Depto. de Patologia Básica, UFPR
4. Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Patologia Básica, UFPR
INTRODUÇÃO:
Segundo a Organização Mundial da Saúde estima-se que 3,5 bilhões de pessoas estão afetadas por parasitoses, e destas, 450 milhões apresentam-se doentes, sendo a maioria crianças. A cada ano, cerca de 65.000 mortes são atribuídas diretamente a infecções por ancilostomídeos, outras 60.000 devido a Ascaris lumbricoides e 100.000 devido a Entamoeba histolytica (MONTRESOR et al, 1998; WHO, 2011).
Dentre os principais agravos infecciosos destacam-se as infecções por enteroparasitos, um grave problema de saúde pública com prevalência maior em regiões sócio-economicamente desfavorecidas (GROSS et al, 1989; PEDRAZZANI et al, 1989; COOPER et al., 1993 apud VIERA, 2003).
Mesmo nesse panorama de relevância para a saúde pública mundial, apenas 1,3% dos 1.556 novos medicamentos, registrados entre 1975 e 2004, foram desenvolvidos para doenças negligenciadas nas quais se enquadram não apenas as enteroparasitoses, mas diversas doenças que compartilham características de relevância na saúde, mas contraditoriamente não no contexto de Pesquisa & Desenvolvimento de novos fármacos (CHIRAC, et al, 2006).
METODOLOGIA:
O trabalho foi realizado, durante o ano de 2011, com alunos do Centro Municipal de Educação Infantil Octacilia Betes Chimelli (CMEI) e da Escola Municipal José Antoniacomi de Almirante Tamandaré, município integrante da Região Metropolitana de Curitiba, no estado do Paraná. Este município possui 95.523 habitantes e uma área de 195,145 km² (IBGE, 2010).
Para a coleta das amostras fecais foi distribuido um kit de coleta, contendo materiais auxiliares, coletor universal, e lâmina destinada ao método de Graham, durante três dias. Essas amostras foram analisadas no laboratório de parasitologia do Departamento de Patologia Básica da UFPR, através dos métodos qualitativos de Hoffman e colaboradores (HOFFMAN, PONS, JANER, 1934), Faust e colaboradores (FAUST et al, 1938), Graham (GRAHAM, 1941) e do método quantitativo modificado de Kato-Katz (KATO, 1960; KATZ et al, 1972) pelos alunos (graduandos em Biologia, Biomedicina e Farmácia), professores e técnicos participantes do Projeto de Extensão “Fitoterápicos no Tratamento e Profilaxia de Enteroparasitoses” da Universidade Federal do Paraná.
RESULTADOS:
Foram analisadas amostras fecais de 83 das crianças do CMEI e 68 dos alunos da Escola Municipal. Das crianças do centro 31% mostraram-se positivas e dessas 20 (76,9%) monoparasitadas e seis (23,1%) poliparasitadas. Já nas amostras dos alunos da escola o quadro mostrou-se mais agravado visto que 58,8% foram diagnosticadas positivas, e dessas 26 (65%) estavam poliparasitadas e 14 (35%) monoparasitadas.
Segundo Costa-Macedo (1999) a prevalência de parasitoses intestinais está intimamente associada às precárias condições sócio-econômicas e ambientais. Tal afirmação pode ser reforçada quando analisada a situação de saneamento da região em que residem essas crianças, bem como a ausência de medidas profiláticas presentes no cotidiano das famílias.
Outra situação que agrava a alta prevalência encontrada é a falta de acesso a tratamento medicamentoso. Entretanto o uso desses medicamentos como terapêutica, pode ser considerado controverso, visto que apesar de possuir eficácia comprovada, podem gerar diversos efeitos adversos, dentre os quais a “resistência” do parasito. Assim, considerando-se os altos índices de reinfecção presentes em comunidades como a trabalhada a necessidade de constantes medidas terapêuticas pode levar a uma relação risco-benefício nem sempre positiva.
CONCLUSÃO:
A alta prevalência de enteroparasitoses (31% e 58,8%) associada ao poliparasitismo salientam o grau de importância na saúde pública que as infecções parasitárias possuem. Somando a esses dados as condições sócio-econômicas e ambientais da comunidade estudada (má qualidade de saneamento e difícil acesso ao sistema de saúde) verificou-se a necessidade de busca de medidas terapêuticas eficazes e de fácil acesso com o intuito de diminuir esses índices de positividade para melhorar na qualidade de vida da população da região.
Levando-se em conta, também, os efeitos adversos dos medicamentos alopáticos existentes hoje, a busca de formas alternativas para tratamento e prevenção como o uso de plantas medicinais ou de fitoterápicos é necessário até pelo fato de e estarem mais disponíveis à população carente.
No entanto a busca de medidas terapêuticas mais acessíveis não seria a única solução para controlar as enteroparasitoses, mas deverá, em paralelo, adotar uma educação sanitária efetiva e de real incorporação aos hábitos cotidianos da população com o auxílio da comunidade, escolas e governantes e de maneira rotineira.
Palavras-chave: Prevalência, Enteroparasitoses, Almirante Tamandaré.