64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 3. Clínica Médica
ARTERITE DE TAKAYASU NO MARANHÃO: ASPECTOS CLÍNICOS, LABORATORAIS E DE IMAGEM EM UMA CASUÍSTICA
Alessandra Porto Pereira Galdez 2
Raphael Lacerda Barbosa 1
Ana Caroline Fonseca Alves 2
Caroline Almeida Oliveira 2
Felipe Lacerda Barbosa 2
Maria do Carmo Lacerda Barbosa 3
1. Graduando - Medicina - UFMA
2. Graduado - Medicina - UFMA
3. Profa. Msc./ Orientadora - Depto de Morfologia - UFMA
INTRODUÇÃO:
A arterite de Takayasu (AT) é uma doença inflamatória crônica progressiva, de prevalência feminina, caracterizada como vasculite granulomatosa que envolve a aorta e seus principais ramos. No Brasil, não existem dados precisos sobre sua incidência. O mecanismo etiológico ainda não foi completamente elucidado, entretanto, alguns fatores podem estar relacionados na evolução da AT, como elementos imunológicos, genéticos e infecciosos. O quadro clínico inicia com sintomas inespecíficos como febre, perda de peso, cefaléia, mialgia e artralgia que evolui para estenose, oclusão e dilatação arteriolar, resultando em ausência de pulsos periféricos, regurgitação aórtica, sopros arteriais e diferença da pressão arterial entre os membros homólogos. O diagnóstico baseia-se na evolução clínica, em exames laboratoriais e de imagem, sendo a angiografia o exame padrão-ouro que oferece informações da lesão na parede arterial. É uma patologia de difícil manejo, cuja terapêutica se baseia no uso de corticosteróides combinados ou não a drogas imunossupressoras. Este trabalho tem por objetivo estudar as características epidemiológicas, clínicas, laboratoriais, de imagem e terapêuticas em uma série de casos de AT em dois hospitais de São Luís, Maranhão, Brasil.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo observacional retrospectivo, do tipo descritivo, de 11 casos de arterite de Takayasu. Os dados foram coletados de prontuários e fichas de atendimento dos pacientes do Hospital UDI e do Hospital Universitário Presidente Dutra (HUPD), em São Luís, Maranhão, compreendendo o período de 1993 a 2010. Os dados estatísticos foram analisados pelo programa Biostat 5.0 para a caracterização da amostra.
RESULTADOS:
Foram incluídos 11 pacientes, sendo nove (81,81%) mulheres, com idade média ao diagnóstico de 24,28 anos, assemelhando-se ao estudo americano com 75 pacientes, em que houve predomínio de mulheres (91%). Cefaléia (72,72%), tontura (63,63%) e hipertensão (45,45%) foram os achados clínicos mais comuns ao diagnóstico. As artérias carótida comum esquerda e renal esquerda foram os vasos mais freqüentemente acometidos na angiografia. Sete pacientes (63,63%) não obtiveram remissão sustentada em terapia isolada com corticosteróide (prednisona) na época do diagnóstico, tendo sido empregados imunossupressores, sendo azatioprina, metotrexato e micofenolato mofetil as drogas utilizadas. Durante a evolução, seis pacientes (66,66%) associaram imunomoduladores à prednisona, sendo azatioprina, metotrexato e etanercept as drogas utilizadas. Procedimentos endovasculares foram necessárias em 36,36% dos casos. Houve um caso de ré-estenose após angioplastia. Quatro pacientes engravidaram após diagnóstico, havendo uma gravidez gemelar bem sucedida e um aborto terapêutico. A gravidez em pacientes com AT deve ocorrer no período de remissão da doença e a gestação deve ser acompanhada por especialistas em gestações de alto risco.
CONCLUSÃO:
Esta série de casos demonstrou que, nos dois serviços onde a pesquisa foi realizada, a AT foi mais comum em mulheres jovens, havendo importante atraso no diagnóstico da AT. As manifestações clínicas mais freqüentes, ao diagnóstico, foram cefaléia, tonturas e hipertensão. Somente um caso apresentou vasculite cutânea como primeira manifestação. Observou-se ainda que o tipo V foi o padrão de envolvimento arterial predominante, as estenoses foram as lesões vasculares mais comuns e as artérias carótidas e renais foram os vasos mais acometidos. As alterações laboratoriais encontradas no momento do diagnóstico e durante a evolução foram: VHS elevado (87,5%) – realizado em sete pacientes -, com média de 67,6 milímetros na primeira hora (mm/1ª hora), variando de 19 a 101 mm/1ª hora; PCR elevado (62,5%), realizado em cinco pacientes; anemia (62,5%), leucocitose (37,5%), plaquetopenia (25%), leucopenia (37,5%) e creatinina elevada (12,5%). Além disso, notou-se que o tratamento isolado com corticosteróides não obteve resposta em muitos pacientes, tendo sido necessária a associação com drogas imunossupressoras, principalmente a azatioprina. Procedimentos endovasculares foram necessárias em 36,36% dos casos.
Palavras-chave: Arterite de Takayasu, Diagnóstico, Maranhão.