64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA EM UM PROJETO SOBRE ORIENTAÇÃO SEXUAL PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL EM UMA ESCOLA DE BELÉM – PA.
Elisangela Barreto Santana 1
Maria Isabel A. da Silva 1
Elciane Pereira Ribeiro 1
Franciney Carvalho Palheta 1,2
1. Faculdade de Ciências Naturais - UFPA
2. Profº Msc./Orientador – Faculdade de Ciências Naturais – UFPA
INTRODUÇÃO:
A sexualidade é algo que mexe com o adolescente ao passar por transformações físicas e emocionais que são inatas ao ser humano. No entanto, lidar de maneira adequada com as dúvidas e mudanças pelas quais os jovens passam durante a puberdade tem sido um desafio na sociedade moderna, onde diariamente são enxurrados por informações via internet, TV, revistas, livros e outros, por isso faz-se necessário que o professor esteja atento a essa tendência dos alunos e tenha condições de dar orientações adequadas, visto que a orientação sexual é importante para a formação cidadã dos alunos. Os PCN tratam de sexualidade no eixo ser humano e saúde. Na escola cada bimestre trata de um tema e sexualidade foi escolhida para o último do ano, daí a motivação para desenvolver um projeto que trabalhasse orientação sexual. Foi desenvolvido o projeto “O que eu preciso saber sobre sexo?”. Esta atividade teve como objetivo responder as dúvidas e curiosidades dos jovens, além de debater sobre os tabus e crenças que influenciam o comportamento e as atitudes em relação à sexualidade.. O trabalho foi embasado na Teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel, segundo a qual práticas cotidianas podem ser trabalhadas de forma significativa aproveitando a estrutura cognitiva dos alunos e possibilitando uma aprendizagem significativa, sem prejuízo ao conteúdo proposto e oportunizando aos alunos um aprendizado construtivo dentro do processo de ensino e aprendizagem.
METODOLOGIA:
O desenvolvimento do projeto se deu em 14 semanas. Em cada aula foi feito com os alunos um questionário oral com o intuito de saber qual o grau de entendimento dos mesmos relacionados ao tema em questão, o que segundo Ausubel (1998), significa identificar os subsunçores, ou seja, conhecer o que o aluno já tem em sua estrutura cognitiva, que irá ajudar a estruturar de maneira significativa o tema principal que é a educação sexual e seu relacionamento com a saúde. As atividades envolveram aulas expositivas, construção de mapas conceituais, resolução de questionários, músicas, vídeos, discursões e debates e como encerramento dos conteúdos foi realizado um júri simulado com o tema aborto. As aulas foram divididas em cinco subtemas que foram identidade sexual, Sistema reprodutor masculino e feminino, aborto, doenças sexualmente transmissíveis e métodos contraceptivos e planejamento familiar. Visto que mapas conceituais podem ser utilizados também como instrumento de avaliação, os alunos foram encorajados a fazer um mapa conceitual como instrumento avaliativo, além de responder a questionários ao final de cada aula com o intuito de avaliarmos o grau de aprendizagem dos alunos, e eventuais necessidades de aprofundar um ou outro assunto. Os alunos também foram avaliados com base nas pesquisas que faziam para a produção de uma cartilha.
RESULTADOS:
As atividades de orientação sexuais desenvolvidas nos mostraram a necessidade que os jovens têm de informações coerentes e atuais sobre os temas abordados. Por motivos variados que vão desde o medo à influência de tabus em geral os jovens não obtém ajuda ou informações relacionadas com o seu próprio corpo e como consequência se tem visto o aumento do índice de AIH/AIDS no estado do Pará entre jovens de 15 a 25 anos(BRASÍLIA, 2011). Outro passo importante foi avaliar a aprendizagem dos alunos, o que foi feito continuamente durante as aulas, primeiro através de questionários que eram oferecidos ao final de cada subtema abordado. Em fim, mesmo que os alunos tenham demonstrado diferentes respostas às atividades e diferentes graus de aprendizagem, o que é de se esperar, não há dúvida de que o projeto marcou a formação dos alunos envolvidos. Todos saíram com um grau de conhecimento muito mais amplo do que tinham anteriormente e reconhecidamente desenvolveram habilidades que eles mesmos desconheciam ter anteriormente, como expressão verbal, determinação, apresentação oral e disposição para ouvir e opinar respeitando o ponto de vista dos outros evitando preconceitos, além de desenvolver a autonomia e criatividade, o que é negligenciado numa abordagem de ensino tradicional.
CONCLUSÃO:
O presente trabalho abordou a aprendizagem significativa como metodologia de ensino e avaliou a aprendizagem dos alunos de diferentes maneiras esperando alcançar um nível de aprendizagem pelo menos próximo entre os alunos. De acordo com David Ausubel, para que ocorra a aprendizagem significativa é necessário duas condições específicas, materiais potencialmente significativos, o que foi fornecido de diversas maneiras conforme explanado no decorrer do trabalho, e disposição em aprender, o aluno deve manifestar uma disposição para relacionar de maneira substantiva e não arbitrária o novo material, potencialmente significativo, à sua estrutura cognitiva ( MOREIRA, 2008). Em se tratando de jovens em defasagem idade-série isso se tornou um desafio. Embora nem sempre tivéssemos a participação de todos os alunos regularmente matriculados, os que participaram do projeto foram suficientes para garantir um bom nível de aprendizagem. O trabalho nos ensinou que o papel do professor vai além transmitir ou mediar informações, é necessário estar atento as diferentes realidades em que os alunos estão inseridos, pois isso influencia diretamente sua postura e atitude em sala de aula. Outro aspecto relevante é não impor condições de aprendizagem, mais saber se adaptar as dificuldades que surgem e aos diferentes níveis de compreensão que os alunos se encontram, utilizando uma abordagem de ensino que valorize o aluno e contribua para a aprendizagem, fugindo da metodologia tradicional.
Palavras-chave: Orientação sexual, sexualidade, aprendizagem significativa.