64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 6. Nutrição - 3. Análise Nutricional de População
INSEGURANÇA ALIMENTAR EM ÁREA DE INSTABILIDADE ECONÔMICA E SOCIAL DE SÃO LUÍS, MA
Alana Caroline Amorim de Miranda 1
Juliana Ramos Carneiro 1
Jéssica Magalhães Fonseca 1
Carlos Alexandre Moraes Alves 1
Soraia Pinheiro Machado 1,2
1. Universidade Federal do Maranhão - UFMA
2. Profa. Msc./ Orientadora - Centro de Ciências Biológicas e da Saúde - UFMA
INTRODUÇÃO:
Entende-se por Segurança Alimentar a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais e tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis (PEREIRA et al., 2006). As diferenças de acesso aos alimentos e à alimentação saudável, condições socialmente produzidas, impactam negativamente no bem-estar e na qualidade de vida das famílias e de seus membros (PANIGASSI et al., 2008). Nesse sentido, é de extrema importância avaliar a insegurança alimentar (IA) para definir políticas públicas que visem garantir o direito à alimentação e à redução da exclusão social. O presente estudo teve como objetivo avaliar a insegurança alimentar (IA) numa área de instabilidade econômica e social de São Luís – Maranhão.
METODOLOGIA:
Realizou-se estudo transversal em um bairro de instabilidade econômica e social, do município de São Luís – MA no período de 26 de março a 5 de abril de 2012, em que se randomizaram quarenta residências, distribuídas em duas ruas também randomizadas. Houve 10% (quatro famílias) de perda por recusa em responder o questionário ou ausência de indivíduos na residência, resultando em 36 famílias avaliadas. Para avaliar a IA, utilizou-se a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), instrumento validado com quinze perguntas que abordam a experiência de insuficiência alimentar nos últimos três meses, em seus diversos níveis de intensidade, desde a preocupação de que a comida pudesse faltar à mesa, até a vivência de passar um dia inteiro sem comer. Além disso, os chefes das famílias foram questionados quanto ao número de pessoas na residência, à presença e quantidade de menores de 18 anos e maiores de 60 anos e à participação em programas de recebimento de auxílio ou alimentação. Os resultados foram expressos em frequências e médias para as variáveis estudadas e o programa Microsoft Excel versão 2007 foi utilizado para a construção do banco de dados.
RESULTADOS:
Foi elevada a proporção (91,7%) de famílias que apresentavam algum grau de IA, sendo 63,9% com IA leve, 19,4% com IA moderada e 8,3% com IA grave. Os resultados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (PNAD) de 2004 apontam para cerca de 40% da população brasileira vivendo com algum grau de IA (CORRÊA; LEON, 2009). O fato de ser a área investigada de instabilidade econômica e social, pode justificar a elevada prevalência de IA encontrada no presente estudo. O número médio de pessoas por domicílio era de 4,3, variando de 2 a 10, sendo que a maioria tinha 3 (27,0%) ou 4 pessoas (27,0%) por domicílio. Entre as famílias que apresentavam insegurança alimentar moderada ou grave, todos (100,0%) demonstraram preocupação com a falta de alimentos e relataram ficar sem dinheiro para ter uma alimentação saudável e variada, reforçando que tanto a preocupação de que o alimento falte à mesa, como a monotonia do cardápio, são características da insegurança alimentar. Os seguintes trechos de falas dos entrevistados ilustram tais situações: “No final do mês só tem ovo pra comer”; “É normal, a gente sempre fica preocupado de que falte comida”.
CONCLUSÃO:
A situação de insegurança alimentar encontra-se prevalente nas famílias entrevistadas, demonstrando que o direito humano à alimentação adequada está sendo violado, e ratificando que em áreas de instabilidade econômica e social como esta: sem rede de esgoto, condições precárias de abastecimento de água e ruas sem pavimentação; a insegurança alimentar tende a aumentar. A elevada prevalência de IA coloca o grupo estudado em situação de risco nutricional e de saúde, devendo, portanto, ser alvo de programas e políticas públicas que visem garantir o direito à alimentação e a redução da exclusão social.
Palavras-chave: insegurança alimentar, área de risco, políticas públicas.