64ª Reunião Anual da SBPC

D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 3. Clínica Médica

EPIDEMIOLOGIA E DOR EM PACIENTES COM ESCLEROSE MÚLTIPLA

Leanderson Rodrigues Bonfim 1 Sônia Beatriz Félix Ribeiro 2 João Batista Ribeiro 3 Cátia Silva 4 Fabrízio Antonio Gomide Cardoso 5

1. Graduando do curso de Medicina – UFTM 2. Profa. Dra./Orientadora – Depto de Clínica Médica – Disciplina de Neurologia-UFTM 3. Prof. do curso de psicologia – UFTM 4. Serviço Social da UFTM 5. Prof. do curso de Fisioterapia - UFTM

INTRODUÇÃO:

A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença inflamatória crônica do Sistema Nervoso Central (SNC) caracterizada pela destruição da bainha de mielina. A evolução é extremamente variável e imprevisível, as vezes com caráter progressivo e incapacitante. A sintomatologia segue dois cursos bem distintos de acordo com a forma de apresentação clínica: Primariamente Progressiva (PP), de pior prognóstico ou Surto-Remissão (SR), a mais comum, com possível evolução para a forma Secundariamente Progressiva (SP). O diagnóstico da doença geralmente é de exclusão, em um paciente que apresenta uma clínica compatível e após serem realizados exames complementares (neuroimagem, líquor, laboratorial e funcional). As principais alterações são decorrentes de disfunções motoras (53,7%) e do sistema sensorial (50,7%), desde neurite óptica, parestesias, diminuição da sensibilidade vibratória, dolorosa, tátil, térmica e até mesmo quadro de dores difusas e incapacitantes. A dor é uma das manifestações mais frequentes e incapacitantes, com incidência estimada em 58% dos casos, podendo ser o único sintoma de um surto. Usualmente, a dor é crônica, do tipo neuropática central e é um achado frequente na evolução da doença. Nesse estudo avaliamos o perfil epidemiológico e pesquisa e caracterização de dor nos pacientes com EM atendidos em um Hospital universitário.

METODOLOGIA:

O estudo foi descritivo, prospectivo, através de entrevistas com pacientes maiores de 18 anos que realizavam acompanhamento na Neurologia no Ambulatório Central da UFTM - Uberaba-MG, no período de janeiro a dezembro de 2011. Os pacientes foram reavaliados quanto a dor após três meses da instituição do tratamento antiálgico adequado. O diagnóstico foi baseado nos critérios de Poser e Mcdonald (2005) para EM. Para a avaliação da dor foi utilizado a Escala Numérica de Dor (END) da Organização Mundial de Saúde, a classificação de dor da IASP (Protocolo de Dor da UFTM) e o protocolo de Teixeira (2008) para descrição de dor neuropática. Todos foram avaliados quanto ao exame neurológico, Expanded Disability Status Scale (EDSS) e preenchimento de instrumento de pesquisa. O Local da entrevista foi nas salas de atendimento do referido ambulatório.

RESULTADOS:

Foram avaliados 39 pacientes, 27 (69,23%) do sexo feminino e 12 (30,76%) do sexo masculino, com a média de idade de 44,13 anos. Destes, 74,28% são caucasianos, 39,30% aposentados, 51,28% com ensino superior e 23,07% com ensino médio completo. O tempo médio de doença foi de 10,7 anos, sendo 35 (89,74%) pacientes tinham a forma clínica SR, 3 (7,67) a forma SP e 1 (2,56%) caso da forma PP. Dor foi referido por 28 (71,79%) pacientes, com intensidade média da dor pela END de 4,0. Deste grupo,19 (67,85%) pacientes apresentam dor neuropática com tempo médio de doença de 9,10 anos, intensidade pela END 3,9 e EDSS médio de 3,05. Nestes pacientes os achados neurológicos mais frequentes foram: hipoestesia tátil/dolorosa/vibratória em 10 (52,63%) casos, dor tipo choque em MMII em 6 (31,57%) e neuralgia do trigêmeo em 3 (15,78%) pacientes. A dor nociceptiva foi presente em 16 (57,14%) casos, com tempo médio de doença de 11,37 anos, intensidade média de 4,5 e EDSS médio de 3. As queixas mais comuns foram 7 (43,70%) pacientes com cefaléia, 4 (25%) com lombalgia e 4 (25%) com artralgias. A dor mista foi percebida em 8 (28,57%) pacientes. Os pacientes com dor foram medicados para controle da dor e da evolução da doença, tendo uma redução média de 3 pontos da intensidade da dor pela END.

CONCLUSÃO:

O trabalho mostra que a EM foi prevalente em pacientes adultos jovens da raça caucasiana, predominantemente no sexo feminino, com a forma clínica Surto- Remissão mais prevalente, e está de acordo com a literatura. Além disso, 74,35% dos pacientes possuem pelo menos ensino médio completo. Ainda, 39,3% são aposentados seja pela idade ou pela incapacidade provocada pela doença. Com relação ao quadro álgico, 71,79% referiram dor, relacionada ou não a EM. O tipo mais comum foi a dor crônica do tipo neuropática, presente em mais de dois terços dos pacientes com dor. A intensidade da dor tanto neuropática como nociceptiva, foi reduzida em pelo menos três pontos na END, após instituição de medidas farmacológicas adequadas.

Palavras-chave: Dor, Avaliação, Esclerose Múltipla.