64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 6. Parasitologia
ESTUDO DA ASSOCIAÇÃO ENTRE PARASITOSES INTESTINAIS E GORDURA FECAL AVALIADA PELOS MÉTODOS QUALITATIVOS E SEMIQUANTITATIVOS EM FEZES DE PACIENTES COM SOLICITAÇÃO DE EXAME PARASITOLÓGICO ATENDIDOS EM DOIS HOSPITAIS PÚBLICOS DE SÃO LUÍS-MA
Amanda Costa Pereira 1
Mirian de Moraes Nascimento 1
Vinícius Carvalho Ferreira 2
Diego de Sousa Arruda Lopes 3
Ana Cláudia Sampaio Costa Bastos 4
1. Depto de Farmácia, Universidade Federal do Maranhão - UFMA
2. Farmacêutico – Bioquímico
3. Prof. Ms. - Depto de Farmácia - UFMA
4. Profa. Ms./ Orientadora – Depto de Farmácia - UFMA
INTRODUÇÃO:
As funções do trato gastrointestinal estão suscetíveis a alterações que podem surgir em decorrência de diversas condições, o que pode resultar em uma absorção insuficiente de alguns ou todos os nutrientes obtidos, entre eles proteínas, carboidratos e lipídeos. Parasitoses intestinais é um exemplo de distúrbios que podem caracterizar uma má absorção destes nutrientes pela mucosa intestinal. Um quadro típico de má absorção é a presença de esteatorréia. A esteatorréia é considerada um estado ou sintoma caracterizado pela presença de lipídios em quantidade excessiva nas fezes, associada há uma descoloração, aumento de volume e odor fétido também presente nas fezes. Entre os parasitas mais frequentemente observados que possuem eficiência na capacidade de causar tal patogenia, destacam-se os helmintos da família Ancylostomidae (Ancylostoma duodenale e Necator americanus), Ascaris lumbricoides e o Strongyloides stercoralis, além principalmente do protozoário Giardia lamblia. O presente estudo foi realizado com o objetivo de observar se a presença de parasitoses intestinais tem realmente papel significativo no desencadeamento de uma síndrome de má absorção, com uma excreção anormal de nutrientes, e de forma mais expressiva, da gordura da dieta.
METODOLOGIA:
A pesquisa da presença e quantificação de gordura fecal (esteatorréia) associada à presença de parasitoses intestinais foi realizada através de métodos qualitativos e semiquantitativos em fezes de pacientes, de 2 a 65 anos de idade, com solicitação de exame parasitológico atendidos em dois hospitais públicos de São Luís – MA (Hospital Universitário Presidente Dutra e Hospital Universitário Materno Infantil) no período de setembro a novembro de 2009. Foram analisadas 92 amostras fecais de 30 pacientes infectados por Giardia lamblia, 30 infectados por Ancilostomídeos, 30 infectados por Ascaris lumbricoides e 2 infectados por Strongyloides stercoralis. Tais amostras positivas, confirmadas pelo exame parasitológico utilizando-se o método de Sedimentação Espontânea, foram encaminhadas ao Laboratório de Parasitologia do Departamento de Farmácia da UFMA para a verificação da presença de gordura fecal através da pesquisa microscópica qualitativa (teste de Sudam III) e a pesquisa semiquantitativa (esteatócrito).
RESULTADOS:
Das 92 amostras analisadas, 68,5% foram negativas para a presença de gordura fecal no exame qualitativo e 31,5% (29) foram consideradas positivas. As amostras consideradas positivas no exame qualitativo (29) foram analisadas pelo método semiquantitativo, o esteatócrito, e observou-se que das 29 amostras analisadas, 24 (82,75%) foram positivas para o esteatócrito. Entretanto, quando se avaliou o percentual de gordura fecal e o correlacionou com os padrões de normalidade para gordura fecal que é até de 2%, observou-se que apenas 19 (65,50%) amostras apresentaram valores acima da normalidade e consequentemente foram consideradas como fezes esteatorréicas. Tais amostras, analisadas macroscopicamente, nem sempre apresentaram as mesmas características em relação a cor, odor e consistência. A esteatorréia foi observada em 26,66% dos casos com giardíase, em 20% dos pacientes com ancilostomíase e em 16,66% dos casos de ascaridíase. Os casos de Estrongiloidíase não demonstraram a presença de gordura fecal. A simples presença destas parasitoses não se apresentou de forma tão eficiente para causar uma alteração na absorção intestinal de lipídios, fato este observado pelo número de resultados positivos, que foram inferiores a um terço do total de amostras analisadas.
CONCLUSÃO:
Com os resultados obtidos pôde-se concluir que 31,50% dos pacientes apresentaram positividade para o exame qualitativo, reforçando o fato de que técnicas simples de detecção de gordura como o Sudam III devem ser utilizadas apenas como triagem, e 26,08% dos pacientes apresentaram positividade para o exame semiquantitativo. Das 29 amostras positivas no exame qualitativo, 24 apresentaram positividade no exame semiquantitativo, representando 82,75% em relação as 29 amostras. Destas 24 amostras, 19 (65,50%) apresentaram valores acima da normalidade, correspondendo a 20,65% em relação a todas as 92 amostras analisadas. As análises macroscópicas realizadas nas amostras fecais positivas para presença de gordura fecal nem sempre revelavam as mesmas características de cor, odor e consistência. Entre as parasitoses, foi observado na giardíase a maior associação entre a doença e a excreção de gordura fecal em valores acima da normalidade, com 26,66% dos pacientes apresentando esteatorréia, seguido de 20% e 16,66% para pacientes com ancilostomíase e ascaridíase, respectivamente. Diante do exposto, não se observou grande correlação entre helmintos e protozoários estudados com a manifestação de esteatorréia.
Palavras-chave: Gordura fecal, Esteatorréia, Parasitoses intestinais.