64ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências |
PROGRAMA MANEJO DE QUELÔNIOS, COMUNIDADES LOCAIS E ESCOLAS: DIÁLOGOS QUE AUXILIAM PROCESSOS DE EDUCAÇÃO CIENTÍFICA EM COMUNIDADES RURAIS DO BAIXO AMAZONAS. |
João Marinho da Rocha. 1 Augusto Fachín Terán 2 |
1. Curso de Mestrado Educação em Ciências na Amazônia. Universidade do Estado do Amazonas. Centro de Estudos Superiores de Parintins. UEA/CESP. 2. Professor Orientador – Curso de Mestrado Educação em Ciências na Amazônia. Universidade do Estado do Amazonas- UEA/MANAUS. |
INTRODUÇÃO: |
O projeto de manejo de quelônios teve sua origem em comunidades da cidade de Terra Santa no Estado do Pará, sendo abraçado pelo saber científico da Universidade Federal do Amazonas e órgãos como o Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis. Há 12 anos se desenvolve essa parceria entre os saberes tradicionais e saberes científicos. Neste processo há toda uma iniciativa em gerar nos envolvidos, atitudes que sustentem ações de manejo e preservação dos quelônios amazônicos. Sabe-se muito sobre as questões reprodutivas dos quelônios, mas pouco se conhece sobre a influencia das ações do programa nas questões educacionais. Nosso estudo ilumina essa questão necessária de um diálogo formal entre esses dois saberes que conduza a uma educação científica capaz da promoção humana. Indica-se como os saberes tradicionais amazônicos articulados aos saberes científicos ajudam a promover processos educativos. Isso contribui para que comunitários conhecidos como agentes ambientais voluntários ou agentes de praia, vejam-se como parte deste meio e, por isso mesmo, a partir de uma maior sensibilidade para as questões que lhes afetam, inserir-se cada vez mais no processo de cuidado com os recursos naturais amazônicos, e como consequência buscar melhorias para suas vidas. |
METODOLOGIA: |
Nosso estudo é de caráter qualitativo e buscou estudar as influencias das ações do manejo comunitário do baixo amazonas e sua relação com os processos de educação cientifica. A pesquisa foi realizada em três comunidades rurais amazônicas pertencentes ao assentamento agrícola de vila Amazônia, Parintins-AM que participam do programa de manejo comunitário de quelônios amazônicos “pé-de-pincha”. Para a coleta de dados foram utilizadas técnicas como a observação direta participante, questionários e entrevistas com alunos e agentes de praia. |
RESULTADOS: |
Em entrevista com os comunitários sobre a origem da implantação do projeto, indicam que “vendo o desaparecimento da espécie no lago da comunidade, alguns moradores se preocuparam, mas tinham como fazer alguma coisa pra resolver o problema”. Sobre a execução indicam que “O manejo é feito com a coleta dos ovos entre os meses de setembro e outubro, tem o acompanhamento na chocadeira até a eclosão dos filhotes, a alimentação lá no berçário e a soltura, e o monitoramento no lago”. Os comunitários lembram que “a participação dos técnicos do IBAMA e da Universidade ocorre principalmente nas fases de coleta e soltura” e acrescentam que ”a participação da comunidade ocorre em todas as etapas. Sem os comunitários, o projeto não teria sucesso”. Existe todo um esforço no cuidado dos quelônios como se percebe no relato de um deles quando afirma “trabalho como auxiliar de serviços gerais na escola e sou também agente de praia, cuido da limpeza da área da chocadeira, e também ajudo na troca de água no tanque berçário”. Então, há todo um diálogo desses saberes no desenvolvimento desse manejo, o que resulta em processos variados de Educação Científica nas comunidades que acabam articulando o manejo com todos os registros exigidos, mesmo, quando os técnicos da universidade não estão presentes. |
CONCLUSÃO: |
Há fortes indícios nos locais onde se desenvolve o projeto no baixo amazonas, em promover cada vez mais, um maior diálogo entre diferentes saberes para a geração de políticas educacionais que possam ajudar a construir uma vida amazônica com a “cara” dos seus habitantes. Iniciativas que ajudam comunidades inteiras a livrar-se, via processo educacional do perverso processo histórico de miséria social para o qual foram jogadas inúmeras comunidades amazônicas, tornadas pobres num ambiente tão rico e cobiçado por muitos de fora, mas que ainda não consegue possibilitar processos de cidadania sustentados em bases sólidas para os seus anseios. As ações de manejo trazem a possibilidade de Universidade, comunidades locais e escola promoverem o desenvolvimento do homem amazônico. |
Palavras-chave: Manejo de quelônios, Comunidades amazônicas, Educação Científica. |