64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
MUDANÇAS DE HÁBITOS DE SAÚDE BUCAL E TRATAMENTO ODONTOLÓGICO DURANTE A GESTAÇÃO EM GESTANTES EM ACOMPANHAMENTO DE PRÉ-NATAL NO HOSPITAL MATERNO-INFANTIL, SÃO LUÍS, MARANHÃO, BRASIL.
Rafiza Felix Marão Martins 1
Carolina Raiane Leite Dourado 1
Juliana Aires Paiva de Azevedo 1
Claudia Maria Coelho Alves 1
Cecília Claudia Costa Ribeiro 1
Erika Barbara Abreu Fonseca Thoma 2
1. Universidade Federal do Maranhão
2. Profa. Dra./ Orientadora - Depto. de Saúde Pública - UFMA
INTRODUÇÃO:
Os objetivos deste trabalho foram avaliar a adesão das gestantes ao tratamento odontológico e as mudanças de hábitos, consideradas como fatores de risco para a cárie e doença periodontal. A manutenção da saúde bucal é essencial para a obtenção de saúde geral no período pré-natal. Evidências atuais demonstram a importância de manter uma boa saúde bucal durante a gravidez, inclusive realizando tratamento odontológico quando necessário. Embora a gravidez não seja responsável pelo aparecimento de cárie e doença periodontal, as alterações hormonais e de hábitos relacionados a saúde oral neste período podem predispor/agravar as doenças contraídas, sugerindo que o acompanhamento e/ou tratamento odontológico no pré-natal faz-se necessário. Porém, nas mulheres grávidas, existem muitas crenças que contribuem para torná-las um grupo populacional pouco assistido por ações em Odontologia. A cárie dentária representa o principal problema odontológico de saúde pública em todo o mundo. São importantes as seqüelas decorrentes dessa doença e, no Brasil, são grandes os gastos dispensados para o seu enfrentamento. Acredita-se que os resultados desse estudo poderão subsidiar a implementação de políticas públicas de saúde voltadas para a prevenção de cárie dentária e doença periodontal em gestantes.
METODOLOGIA:
Este estudo faz parte de uma investigação maior, intitulada “Efeito das alterações bioquímicas, endócrinas e comportamentais da gestação na incidencia de cárie dentária.”.
Após aprovação pelo Comitê de Ética do Hospital Universitário – UFMA (CEP 231/10), foram entrevistadas 262 gestantes, em acompanhamento de pré-natal no Hospital Universitário Materno Infantil – UFMA, na cidade de São Luís – MA, utilizando-se um questionário estruturado acerca da adesão das gestantes ao tratamento odontológico e mudanças de hábitos relacionados à saúde bucal, que foi respondido após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Os resultados obtidos foram tabulados no programa Excel, para análise através de estatística descritiva. As análises foram efetuadas nos software Stata, versão 9.0 e Bioestat. Optou-se pela sumarização utilizando medianas porque a distribuição dos dados foi assimétrica (p-valor do teste de Shapiro-Wilk < 0,05). A comparação das freqüências entre os grupos foi realizada pelos testes exato de Fisher ou Qui-quadrado (amostras independentes, comparando-se os dados de uma mesma avaliação) e pelos testes de McNemar e Wilcoxon (amostras dependentes, comparando-se os dados entre as avaliações repetidas). O nível de significância adotado será de 5%.
RESULTADOS:
Das gestantes avaliadas, 30 (12.61%) relataram a realização de algum tipo de tratamento odontológico no primeiro trimestre da gestação, 10 (4.5%) no 2º trimestre e 2 (0,9%) efetuaram tratamento no último trimestre.
Verificaram-se diferenças no comportamento relacionado à saúde bucal das mulheres antes e durante a gestação. As frequências de uso de bochecho fluoretado (p<0.001) e escovação dentária após as refeições (p<0.001) foram menores durante a gestação quando comparadas ao período anterior à gravidez. Por outro lado, o número de lanches ingeridos por dia foi significativamente maior durante a gestação, quando comparado ao período anterior (p<0.001).
RIOS, D. et al., 2007, SCAVUZZI, 2008, Moimaz SAS et al., 2007, encontraram resultados semelhantes, nos quais a maioria das gestantes não procurou por assistência odontológica durante a gestação, e os motivos encontrados foram: crendices e mitos, falta de dinheiro/vontade/tempo, medo e outras razões.
Fourniol, 1998, encontrou aumento da prevalência de lesões cariosas em gestantes e atribuiu principalmente à deficiência de higienização bucal. Tommasi, 1989, diz que cáries dentárias em maior número em gestantes podem ser atribuídas à mudanças de hábitos alimentares, náuseas e vômitos, determinando uma higienização inadequada.
CONCLUSÃO:
Verificaram-se diferenças no comportamento relacionado à saúde bucal das mulheres antes e durante a gestação e das gestantes avaliadas, apenas uma pequena quantidade relatou a realização de algum tipo de tratamento odontológico. Estes resultados demonstram que existe a necessidade de implementação de políticas voltadas para a conscientização das mulheres, bem como das equipes de saúde, da necessidade de realização de tratamentos odontológicos preventivos e/ou interceptativos durante a gestação, bem como do acompanhamento odontológico pre-natal, levando-se em consideração que encontramos uma baixa frequência de idas ao dentista por mulheres grávidas, bem como diminuição dos hábitos de higiene oral e aumento da frequência de ingestão de alimentos açucarados por parte das gestantes, em consonância com os resultados encontrados em estudos semelhantes a este; comportamentos estes considerados de alto risco para o desenvolvimento de cárie e doença periodontal, e possível influência na saúde geral da mãe o do bebê.
Palavras-chave: saúde bucal, gestação, cárie dentária.