64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
O PROCESSO DE URBANIZAÇÂO COMO FATOR DETERMINANTE NA MODIFICACÃO DA SEGURANÇA E DO HABITO ALIMENTAR: UM ESTUDO DO CENTRO DA CIDADE DO RECIFE (PE).
Ítalo César de Moura Soeiro 1
Pedro Felipe Cavalcanti dos Santos 1
Fillip Grimily Pereira Farias 1
Paulo Antônio Araújo Carvalho 1
Reydson Augusto Machado de Souza 1
Anthony de Padua Azevedo Almeida 1
1. Depto. de Ciências Geográficas, Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
INTRODUÇÃO:
O foco principal deste artigo é abordar as conseqüências da urbanização na segurança e nos hábitos alimentares da população rotativa do centro da cidade do Recife em Pernambuco, tendo em vista as implicações que este modo de vida tem nos hábitos alimentares e nas representações simbólicas envolvidas. Trata alguns aspectos que modificam esses perfis alimentares. O Alimento é um dos requisitos para a existência de um ser, e o consumo desta comida desempenha um papel na formação cultural de um povo. A urbanização atua como fator determinante na modificação desses perfis dietéticos, pois vem atribuindo novas formas de consumo alimentar, afetando assim, nosso paladar e trazendo novos padrões, costumes, hábitos e práticas alimentares. Começam a desaparecer os considerados “antiquados” rituais familiares. Hoje o companheiro na hora da refeição, não é mais a família e sim, o ônibus, a televisão e desconhecidos. As refeições realizadas em casa, com horas determinadas, estão se tornando cada vez mais raras.
METODOLOGIA:
A maior parte dos trabalhos de avaliação do consumo alimentar de populações fundamenta-se na aferição dos macro-nutrientes, respectivo ao consumo calórico e no consumo daqueles micronutrientes mais freqüentemente associados ou às deficiências ou às doenças crônicas não transmissíveis da mencionada população, porem neste trabalho visou-se fazer uma análise qualitativa dos dados. Faze-se um estudo de caso do centro da cidade do Recife, onde se aplicou um questionário que foi utilizado com usuários de estabelecimentos comerciais, lanchonetes e restaurantes na região central de Recife, o qual serviu para análise dos discursos de 12 usuários. Analisou-se este questionário em dois planos, o dos alimentos consumidos e o dos alimentos desejados, estudando também seus riscos.
RESULTADOS:
O publico que fez parte da pesquisa veio de alguns bairros periféricos da cidade do Recife como: Tejipio, Areias, Coqueiral, Barro, entre outros e ate mesmo de municípios da Região Metropolitana do Recife como: Jaboatão, Olinda, Camaragibe, Paulista, etc., tornando assim inviável o retorno para suas residências. Partindo desta observação, a qual se confirmou com a aplicação dos questionários, pode-se afirmar que a distribuição regional da cidade do Recife, está interferindo nos padrões culturais e simbólicos, trazendo riscos tanto para a instituição familiar, quanto para a saúde destes trabalhadores. O sistema industrializado e centralizado do processamento alimentar criou um tipo inteiramente novo de surto com potência para deixar milhões de pessoas doentes. O sistema frigorífico, por exemplo, que surge para abastecer as redes de fast food - um sistema moldado segundo as necessidades das referidas redes e cuja meta é fornecer quantidades maciças de carne moída uniformizada para que todos os hambúrgueres destas redes tenham gosto e qualidade idêntica – mostrou ser extremamente eficiente para disseminar doenças, pois se um hambúrguer estiver contaminado, existe uma grande possibilidade de que todo o lote também esteja.
CONCLUSÃO:
A pesquisa partiu do pressuposto de alertar e contribuir para debates sobre o assunto. É necessário concluir que o hábito de consumir de uma forma crescente produtos industrializados, é uma marca do mundo moderno. Faz parte do fenômeno da globalização. O processo de urbanização influencia nos hábitos e na segurança alimentar. O rápido processo de urbanização da população brasileira e sua concentração nas grandes cidades vêm revolucionando esses hábitos. O agrupamento do mercado de trabalho, na cidade do Recife tem como conseqüência o aumento das distâncias dos locais de moradia em relação ao centro de trabalho. Isso tornou o hábito de fazer refeições fora de casa, uma necessidade e não mais um luxo. Desta forma, comidas rápidas como sanduíches, marmitas e redes de fast food passam a dominar a alimentação da população rotativa da área analisada- surgindo deste modo a figura dos bóias-frias urbanos. Interferindo de tal modo na vida social e familiar destes trabalhadores. Esses novos hábitos que estão sendo adquiridos trazem riscos, como, infecção alimentar, entre outras. Uma indústria de alimento moderna projetada para a produção em massa de alimento, pode se tornar um vetor para disseminação de uma doença mortal. Segundo Eric Schlosser, todos os dias, aproximadamente 200 mil pessoas nos Estados Unidos, adoecem por causa de algum alimento contaminado, 900 são hospitalizadas e 14 morrem.
Palavras-chave: Urbanização, Modificação, Hábitos alimentares.