64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 4. Antropologia Rural
AGRONEGÓCIO E TRANSFORMAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS NO LESTE DO MARANHÃO
Diana Patrícia Mendes 1
Annagesse de Carvalho Feitosa 2
Maristela de Paula Andrade 3
1. Depto de Sociologia e Antropologia, Universidade Federal do Maranhão – UFMA
2. Depto de Sociologia e Antropologia, Universidade Federal do Maranhão – UFMA
3. Profª. Drª./ Orientadora – Depto de Sociologia e Antropologia - PPGCS/UFMA
INTRODUÇÃO:
A mesorregião Leste Maranhense vem passando, a partir da década de 1970, por sérios conflitos socioambientais em função do avanço de monoculturas como a soja e, sobretudo, o eucalipto. Estes empreendimentos vêm transformando a estrutura agrária e trazendo significativas conseqüências para as famílias camponesas e para os recursos naturais desta grande região também conhecida como Baixo Parnaíba. Este trabalho aborda os conflitos socioambientais ocasionados pelos avanços desses monocultivos, envolvendo populações tradicionais que vivem secularmente nesta região, apropriando-se e manejando os recursos da natureza de forma sustentável. Essas famílias aí desenvolvem atividades agrícolas, extrativas e de pequena criação, tendo sido alcançadas pela transformação de seus territórios em campos de soja e de eucalipto.
METODOLOGIA:
O trabalho vincula-se a estudos de iniciação científica, no âmbito do projeto Campesinato e Crise Ecológica – impactos sociais da sojicultura para segmentos camponeses no Leste Maranhense coordenado pela Profª. Drª Maristela de Paula Andrade. Foram realizados revisão de literatura e levantamentos de informações secundárias. Para obtenção dos dados empíricos realizaram-se vários períodos de trabalho de campo no município de Santa Quitéria do Maranhão, quando foram feitas observação direta, anotações em caderno de campo, entrevistas gravadas e conversas informais com pessoas envolvidas nos conflitos. Nessas oportunidades, foram realizados, também, croquis dos povoados, registro fotográfico, alem de marcação com GPS dos locais apontados pelas famílias como imprescindíveis as suas atividades econômicas. A partir desses pontos estão sendo elaborados mapas com base numa cartografia social. Foi aplicado, também, um formulário para coleta de dados demográficos, de infra-estrutura, de produção agrícola e extrativa, dentre outros.
RESULTADOS:
Enquanto a soja foi implantada na região por agricultores provenientes do Sul do país, denominados regionalmente de gaúchos, a implantação do eucalipto se vincula à ação de empresas ligadas ao Grupo Suzano Papel e Celulose. Dentre os principais problemas trazidos pela ação de tais empreendimentos se destacam: os desmatamentos das áreas de chapada, com extinção de fauna e flora nativos; contaminação dos recursos hídricos por agrotóxicos utilizados nos plantios tanto da soja como do eucalipto; extinção de recursos hídricos. Registram-se conflitos agrários a partir da apropriação fraudulenta de terras, diminuição das áreas de cultivo e de extração de frutos nativos como pequi e bacuri; proibição dos camponeses desenvolverem a pequena criação de animais; questões envolvendo as relações de trabalho dos que se empregam nas chamadas firmas. Estas circunstâncias colocam as populações tradicionais da região diante de uma situação de impossibilidade de se reproduzir material e socialmente.
CONCLUSÃO:
Com a pesquisa foi possível registrar os grandes males provocados por tais empreendimentos (soja e eucalipto), já que os relatórios de impacto ambiental exigidos pela legislação brasileira, na maioria das vezes, estão servindo de instrumento de manipulação por parte dos grandes projetos. Identificamos também que as famílias que ocupam esses espaços há gerações são forçadas a abandonar seus modos de vida, alterando de forma negativa seu espaço cultural, de trabalho e de sociabilidade.
Palavras-chave: Monoculturas, Impactos socioambientais, Leste Maranhense.