64ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
Diálogos entre a formação inicial e continuada nas práticas do cotidiano escolar da EJA
Edna Castro de Oliveira 1
Raiane Ferreira Teixeira 2
1. Profa. Dra./ Orientadora - Depto Educação Política e Sociedade - UFES
2. Universidade Federal do Espírito Santo – UFES
INTRODUÇÃO:
A pesquisa sobre os diálogos entre a formação inicial e continuada nas práticas do cotidiano escolar da EJA foi inspirada, a partir de 2007, no trabalho aprovado e publicado nos anais do II Seminário Nacional de Formação de Educadores de Jovens e Adultos, realizado em 2006, na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás-Goiânia, com objetivo de analisar as ações de formação produzidas nos entrelaçamentos das relações dos sujeitos-educadores da EJA em processo de formação no âmbito da Universidade, uma vez que, naquele contexto, eram os estudantes que assumiam a docência nas salas de aulas do Núcleo de Educação de Jovens e Adultos (NEJA).
Em função da parceria com a Prefeitura Municipal de Vitória, a pesquisa se voltou para os sujeitos educadores, numa outra perspectiva. Tomamos como objeto de estudo as relações entre os estudantes da graduação e os professores da EJA diurno, observando como acontece essa relação no cotidiano da sala de aula, e dos demais espaços de atuação no NEJA e durante as reuniões de formação e planejamento coletivo semanais. A hipótese é de que os múltiplos espaços e tempos de formação oportunizados pelo núcleo se constituem em laboratório de experiências teórico-práticas na EJA para a formação inicial e fundamentais para a formação docente.
METODOLOGIA:
Assumimos a pesquisa-ação como aporte teórico-metodológico, devido a natureza do trabalho coletivo que integra as ações do NEJA em parceria com o Sistema Municipal de Vitória. Além disso, “Trata-se de [...] uma estratégia de pesquisa que agrega vários métodos ou técnicas da pesquisa social, com os quais se estabelece uma estrutura coletiva, participativa e ativa ao nível da captação de informação.” (THIOLLENT, 2005, p.28). e Segundo Franco (2010), devemos optar pela pesquisa-ação por haver nesse processo uma trama complexa de relações entre os educadores, os estudantes da UFES dos diferentes cursos envolvidos, os coordenadores e professores da Rede municipal e do NEJA.
O lócus desta pesquisa foram as salas de aula do 1° e 2° segmentos da educação básica que funcionam pela parceria informal estabelecida entre o NEJA e o Sistema Municipal de Vitória e as participações nas Reuniões Semanais de Formação e Planejamento com a participação dos professores e equipe pedagógica da Escola Municipal de Ensino Fundamental de EJA “Admardo Serafim de Oliveira” e de dois monitores de graduação do NEJA.
Realizamos também um rastreamento e sistematização da produção bibliográfica, análise dos relatórios dos educadores e monitores e entrevistas com os sujeitos envolvidos
RESULTADOS:
Os resultados alcançados indicam aspectos positivos e desafiadores para professores e monitores, tais como: o estabelecimento ainda inicial de diálogos por parte de alguns professores; a abertura para experimentar com o registro e a socialização das práticas de forma reflexiva; o reconhecimento e valorização pelos docentes, de outros espaços coletivos de formação que transpõem os encontros da EJA diurno como política pública. Nesse caminhar, os sujeitos vêm experimentando o desenvolvimento da conscientização acerca dessas relações, mesmo que de maneira lenta e indireta, provocados pelas problematizações e orientações da equipe pedagógica para a reflexão das práticas e a transformação das mesmas. Essas pequenas mudanças ao longo do processo são resultado dos exercícios de reflexão e intervenção sobre as práticas realizadas coletivamente nos encontros semanais de acompanhamento, através das ações formativas que acontecem no espaço escolar em que segundo Freire (2005) a práxis verdadeira se constitui nesse movimento constante da teoria à prática e desta a uma nova prática, mostrando que é um exercício diário de busca na teoria e aplicação em sala de aula por meio da docência. Mas só é possível verificar as mudanças na nossa prática quando de fato se exercita a ação-reflexão.
CONCLUSÃO:
Nesse exercício de reflexão/ação possíveis diálogos vêm sendo desenvolvidos, ainda que de maneira inicial, requerendo trocas constantes entre professores e monitores, na construção de novos conhecimentos e estratégias metodológicas de ensino, o que leva ao enriquecimento das práticas pedagógicas de ambos. Para o estudante de graduação é uma forma de se inserir nas práticas de EJA, aprender sobre a diversidade dos seus sujeitos, a lidar com o contexto de sala de aula, uma vez que, junto com o docente, são chamados permanentemente a avaliar, planejar e problematizar as diferentes situações do contexto escolar para cumprirem com o plano de ensino e responderem às demandas de formação dos alunos. Neste contexto que envolve todos os espaços de atuação dos docentes e dos monitores esses são demandados a assumir a responsabilidade de uma postura ativa de ação e reflexão sobre as práticas desenvolvidas. Sendo assim, podemos constatar que ao longo da pesquisa houve mudança significativa na maneira de se pensar a educação dos sujeitos educadores envolvidos, que reconhecem a necessidade de contextualizar suas práticas e instigar a transformação das realidades dos educandos por meio da criticidade desenvolvida em conjunto com o conteúdo curricular obrigatório.
Palavras-chave: EJA, Formação de educadores, Prática escolar.