64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
SENTIMENTOS VIVENCIADOS POR DOENTES DE AIDS NA FASE INICIAL DO TRATAMENTO COM ANTI-RETROVIRAIS
Diogo Silva de Morais 1
Patrícia Maria Figueiredo Cruz 1
Raul Ribeiro Soares 1
Carmosina Araújo Coutinho 1
Francisco Angelo Damasceno Balica 2
José de Ribamar Ross 3
1. Faculdade de Medicina – CESC/UEMA
2. Faculdade de Enfermagem – CESC/UEMA
3. Prof.Orientador - Diretor do Curso de Enfermagem - CESC/UEMA
INTRODUÇÃO:
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) começou a ser estudada desde a década de 1970, mas só em 1981 é que foram reconhecidos os primeiros casos nos Estados Unidos. Sendo uma doença incurável, tornou-se um dos maiores problemas mundiais de saúde pública, atingindo milhares de pessoas em todo o mundo.
Este estudo objetiva conhecer os sentimentos vivenciados pelo doente de AIDS durante a fase inicial do tratamento com ANTI-RETROVIRAIS (ARV), os quais proporcionaram melhorias significativas na condição social, na qualidade de vida dos pacientes infectados e a relevante diminuição nos índices de morbimortalidade.
No entanto, esse tratamento apresenta uma série de reações tanto de ordem psicológicas quanto físicas. E como ele se faz por tempo indeterminado, em princípio por toda vida do paciente, tem-se observado problemas em sua adesão e/ou continuidade. Assim, pretendeu-se avaliar os efeitos colaterais dos ARV, além de contribuir com a conscientização dos pacientes portadores do vírus sobre o tratamento e fortalecer o apoio aos profissionais de saúde para o melhor enfrentamento das reações medicamentosas, a fim de diminuírem as abstenções ao tratamento.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado no Serviço de Atendimento Especializado em HIV/AIDS (SAE) na cidade de Caxias – MA com o consentimento da direção da entidade. Foram entrevistados 11 (onze) doentes (20%), que se encontravam entre o primeiro e terceiro mês do tratamento com ARV, no período de 10 a 31 de maio de 2011. Os sujeitos foram informados da necessidade de assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecidos.
Como instrumento de coleta de dados, utilizou-se um roteiro de entrevista semiestruturado composto de duas partes: uma com dados de identificação e outra com cinco perguntas abertas. As perguntas foram aplicadas aos pacientes acompanhados no SAE durante as consultas com o enfermeiro, através de uma abordagem individual no ato da consulta, logo sendo convidado a participar da pesquisa no consultório privativo.
A análise e interpretação dos dados basearam-se em depoimentos individuais dos pacientes, que foram gravados, transcritos, analisados, categorizados de acordo com as unidades de significados apreendidas e discutidos.
RESULTADOS:
Os doentes de AIDS, ao iniciarem o tratamento com ARV, além de estarem fragilizados com a aceitação da doença, sofriam diferentes tipos de reações, que se manifestavam sob diversas formas. Portanto, é fundamental que os usuários sejam previamente informados pelos profissionais de saúde, sobre a possibilidade de ocorrerem esses efeitos e a temporalidade deles tão logo inicie o uso dos medicamentos. Dessa forma, alguns pacientes com um prévio conhecimento sobre as reações demonstraram melhor adesão, mesmo apresentando efeitos colaterais; outros, por verem os medicamentos como a única forma de mantê-los vivos, renderam-se a qualquer custo às medicações. Sendo assim, é necessária uma avaliação por um profissional de saúde, a fim de estabelecer a confiança do paciente naqueles e no sistema de saúde, com o propósito de identificar e superar as manifestações decorrentes do tratamento com ARV.
As reações mais identificadas foram neuropsiquiátricas, gastrointestinais e neurológicas, sendo as gastrointestinais as principais entre as queixas. Ademais, estudos anteriores mencionaram a mesma sintomatologia, evidenciando que mesmo com o desenvolvimento de medicamentos mais eficazes, os efeitos adversos gastrointestinais estão entre os mais prevalentes.
CONCLUSÃO:
Os resultados sugerem que os doentes ajam e reajam de acordo com os efeitos que os medicamentos causam, podendo-se comportar de forma positiva ou negativa, dependendo, dentre outros fatores, do contexto educacional, familiar, econômico e informativo sobre os ARV.
Quanto às reações medicamentosas do início do tratamento, constatou-se que, inicialmente, a maioria dos pacientes foi informada quanto a elas, sendo um dos pontos principais no processo de adesão. Apesar da singularidade de cada entrevistado, foi possível verificar que a maioria dos efeitos no início do tratamento foram semelhantes. Todos os entrevistados sofreram algum tipo de reação adversa na fase inicial do tratamento, porém, mesmo com obstáculos, os pacientes se mantiveram firmes no enfrentamento da terapia ARV.
Portanto, estes doentes estão imersos em diversas situações, em constante mudança. É nesse contexto que entra o profissional de saúde, que, além de cuidador, desempenha o papel informativo e educador com êxito.
Palavras-chave: HIV/AIDS, Sentimentos, ANTI-RETROVIRAIS.