64ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 7. Ciência e Tecnologia de Alimentos - 3. Tecnologia de Alimentos
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS E DOS RISCOS À SAÚDE PÚBLICA EM FEIRAS LIVRES E MERCADOS PÚBLICOS DO MUNICÍPIO DE CHAPADINHA, ESTADO DO MARANHÃO
Mônica Franciele da Silva 1
Camila Vieira da Silva 1
Alice Aparecida Gonçalves Ferreira 2
Jane Mello Lopes 3
Taciana Galba da Silva Tenório 4
Daniel Friguglietti Brandespim 5
1. Depto. de Agronomia/ CCAA- UFMA
2. Depto. de Zootecnia/ CCAA- UFMA
3. Profa. Dra./ Orientadora – Depto. de Zootecnia/ CCAA- UFMA
4. Depto.Medicina Veterinária - UFPI
5. Depto. Medicina Veterinária - UFRPE
INTRODUÇÃO:
A carne é considerada importante fonte de nutrientes na dieta alimentar da população. Sabe-se que mesmo que obtida de animais sadios, a qualidade da carne não depende somente da microbiota natural e de contaminantes patogênicos, mas também da higiene que vai desde o processamento, armazenamento e transporte, até as condições de comercialização. A aquisição de carnes em feiras livres é uma importante atividade para suprimento de alimentos nas cidades, especialmente no interior. No entanto, sabe-se que nesses locais, os riscos da contaminação de produtos cárneos elevam-se, pelo fato de estarem expostos sem refrigeração, sem proteção contra poeira, insetos e animais, e envolvendo diversas pessoas no processo de manipulação, onde a maioria desconhecem medidas básicas de higiene a serem empregadas em produtos alimentícios. Tornando assim, o ambiente propício para a incorporação de materiais considerados prejudiciais à saúde dos consumidores, podendo contribuir para a aquisição de DTAs (Doenças Transmitidas pelos Alimentos) e zoonoses. O objetivo desse estudo foi avaliar a utilização de práticas de manipulação por parte dos comerciantes, além de conhecer as condições higiênico-sanitárias dos estabelecimentos e levantar a opinião dos consumidores sobre as condições de higiene da carne.
METODOLOGIA:
O presente trabalho foi realizado no município de Chapadinha, Estado do Maranhão. O público alvo foi composto pelos comerciantes e consumidores de carne em feiras livres e mercados públicos desse município. Entrevistou-se 117 consumidores através da aplicação de um questionário com variáveis sobre conhecimentos da origem da carne, condições de higiene da feira, entre outras. Paralelamente à entrevista aos consumidores, os comerciantes de carne também foram entrevistados para detectar a procedência da carne comercializada e as ações de higienização da mesma, antes e durante a comercialização. Em cada barraca da feira foi aplicado um checklist, adaptado da RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002, onde aborda aspectos como: condições dos estabelecimentos, utensílios, condição de higiene pessoal e outros, sendo que todos estes aspectos foram observados pelo entrevistador durante a entrevista com o comerciante. Os dados dos questionários foram digitados e armazenados em planilha do Excel, onde se calculou as freqüências absolutas e relativas das variáveis estudadas, para o entendimento dos hábitos dos comerciantes e consumidores, acerca da venda e aquisição de carne nas feiras livres e supermercados.
RESULTADOS:
Em relação à estrutura dos locais visitados, observou-se que os produtos cárneos ficam pendurados em ganchos enferrujados e sujos em contato direto com balcões, assim expostas a insetos vetores e animais que circundam livremente no local. Em relação ao vestuário dos comerciantes, a maioria encontrava-se sujos de sangue e o próprio manipulador da carne é quem recebia o dinheiro, sujeitando assim o produto à contaminação. Dos comerciantes que compram a carne já abatida, o transporte é feito em caminhões baú, e aqueles que abatem em suas casas, transportam a carne em caixas de verdura até o mercado, facilitando a contaminação durante o transporte. Os comerciantes (53%) acreditam não transmitir micróbios durante o processo de manipulação e transporte, o restante (47%) diz ser possível a transmissão pelo contato com os consumidores e exposição a vetores. 50% dos comerciantes reconhecem a forma de venda inadequada, no entanto, justificam pelas baixas condições financeiras. Praticamente todos os consumidores entrevistados têm conhecimento sobre a transmissão de doenças transmitidas pela carne e quando questionados sobre a higiene do local, apontaram como péssima. Afirmaram desconhecer a origem da carne, além de considerar inadequada a forma de apresentação e comercialização do produto.
CONCLUSÃO:
As condições de comercialização de carnes no município são precárias e colocam em risco a saúde do consumidor. Desta forma curso de capacitação técnica para os comerciantes, programas de saúde e estruturação visando obter boas condições de funcionamento destes locais, poderiam melhorar estes serviços. Os consumidores reconhecem que quando os produtos cárneos são comercializados de forma precária, podem estar sujeitos a inúmeras enfermidades. Esta percepção é importante na escolha dos locais onde irão adquirir estes produtos.
Palavras-chave: Carne, Feira, Higiene.