64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
MEIO AMBIENTE E ÓBITO POR DOENÇA DE ALZHEIMER; HÁ ASSOCIAÇÃO?
Milena Cristina da Silva Almeida 1
Camila de Moraes Santos Gomes 1
Luiz Fernando Costa Nascimento 2
1. Departamento de Medicina, Universidade de Taubaté – UNITAU
2. Prof. Dr./Orientador – Departamento de Medicina, Universidade de Taubaté – UNITAU
INTRODUÇÃO:
A doença de Alzheimer (DA) é a mais frequente causa de demência, caracterizada por ser neurodegenerativa e progressiva, com deterioração cognitiva, perda progressiva da memória e distúrbios comportamentais com acúmulo de placas amiloides extracelulares e emaranhados neurofibrilares intraneuronais. A principal causa é o fator genético e acomete mais a população idosa, assim com o envelhecimento progressivo da população, a incidência de DA vem aumentando a cada ano. O panorama geral das condições ambientais e de saúde da população pode ser evidenciado por meio de mapas que permitam observar a distribuição espacial de situações de risco e dos problemas de saúde. Análises espaciais da distribuição da DA ainda não foram realizadas, porém o mapeamento da doença torna-se um instrumento importante para a saúde pública, tanto no diagnóstico quanto no planejamento. Com a análise espacial é possível pesquisar se existe uma associação entre a doença com as áreas de ocorrência. É conhecido o papel da exposição a poluentes do ar e doenças dos aparelhos respiratório e circulatório. Nesta linha, haveria uma associação entre poluentes ambientais e DA? O objetivo deste trabalho foi identificar padrões espaciais da distribuição da mortalidade por DA no estado de São Paulo no período de 2004 a 2009.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo ecológico com dados sobre mortalidade por DA, obtidos do DATASUS relativos ao período compreendido entre os anos de 2004 e 2009. Estes dados são codificados pela CID-10, no grupo de causas G30, como causa básica. Esses casos foram analisados por taxa por 100.000 habitantes. Dados sobre a produção em toneladas de cana-de-açúcar, referentes ao período de 2004 a 2009 e o mapa digital dos municípios de São Paulo foram obtidos do IBGE e analisados por taxa por 100.000 habitantes. Foi construído um banco com todos os casos de mortalidade por doença de Alzheimer e produção de cana-de-açúcar. Esta planilha, no formato DBF, foi importada pelo programa TerraView 4.0.0, de acesso público e desenvolvido pelo INPE. Com esta base digital dos municípios do estado de São Paulo, foi procedida a análise espacial. A análise espacial estimou a autocorrelação espacial dos eventos pelo coeficiente Global de Moran (I). Foi utilizada a técnica de Kernel de suavização estatística que identifica áreas de maior incidência de casos. Depois de feita as estatísticas espaciais foram comparadas os mapas com dados sobre mortalidade por DA e produção de cana-de-açúcar.
RESULTADOS:
Entre 2004 e 2009 foram notificados 13030 óbitos por DA no estado de São Paulo com taxa de 5,33 óbitos por 100.000 habitantes. O mapa da distribuição espacial dos óbitos, com índice Global de Moran I =0,084 (p-valor <0,01), revelou uma maior concentração de altas taxas no norte e noroeste do estado, se destacando os municípios de Novo Horizonte, Ribeirão Preto, Araraquara, São José do Rio Preto, Araçatuba, dentre outros. Na região central do Estado destaque para os municípios de Rio Claro, Piracicaba e Limeira. Nas demais regiões, Sudeste, Sul e Litoral apenas se destacam os municípios de São Paulo, Santo André e Santos. O mapa de Kernel da taxa de óbito por 100.000 habitantes evidenciou uma mancha quente de altas taxas (hot spots) na região norte do estado. O mapa da distribuição da produção, em toneladas, de cana de açúcar no estado de São Paulo, Índice Global de Moran I=0,29 (p-valor < 0,01), mostrou um aglomerado de altas taxas de produção em toneladas por 100.000 habitantes nas regiões norte e noroeste do estado, enquanto nas regiões sul e sudeste um aglomerado de baixas taxas. O mapa de Kernel da taxa de produção de cana-de-açúcar mostrou também um hot spot na região norte do estado, apresentando grande semelhança com o mapa de Kernel de óbitos por DA.
CONCLUSÃO:
Neste trabalho foi identificado um padrão espacial da distribuição de óbitos por DA no norte do estado de São Paulo. Foi encontrada também uma correlação espacial entre a distribuição dos óbitos e a produção, em toneladas, de cana-de-açúcar, permitindo criar uma hipótese para a associação de poluentes ambientais, como os pesticidas, com os óbitos por DA. Este é o primeiro trabalho realizado sobre análise espacial e DA no estado de São Paulo.
Palavras-chave: Doença de Alzheimer, Análise espacial, Poluição ambiental.