64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 2. Comportamento Animal
BIOLOGIA REPRODUTIVA DE HYPSIBOAS CREPITANS (ANURA, HYLIDAE)
Ana Paula Barbosa Nascimento 1
Juliana Zina Pereira Ramos 1
1. Depto.de Ciências Biológicas, UESB, Jequié/BA
2. Prof.ª. Dra. /Orientadora - Depto.de Ciências Biológicas - UESB
INTRODUÇÃO:
A reprodução é um dos aspectos mais estudados em população de anuros (ver Prado et al. 2000; Zina & Haddad, 2005; Toledo & Haddad, 2005), sendo este um fator importante na determinação da distribuição espacial e temporal das espécies de anuros. Estes podem apresentar três padrões temporais de atividade reprodutiva: o explosivo e o prolongado (Wells,1977),além do contínuo considerado por Crump (1974). As estratégias reprodutivas adotadas por eles são influenciadas por esses padrões temporais. Embora em diversas regiões do Brasil, espécies de estação reprodutiva prolongada e/ou contínua representem uma significativa parcela da comunidade de anuros, poucos estudos são conduzidos a respeito da biologia reprodutiva destas espécies. Dessa forma, através do estudo da biologia reprodutiva de H. crepitans, o presente trabalho visa contribuir com informações sobre uma espécie de ampla distribuição geográfica restrita a áreas de Caatinga.
METODOLOGIA:
O presente estudo foi realizado em uma área de Mata de Cipó (Fazenda Brejo Novo, 13º56’34,5’’S; 40º06’31,6’’W), localizada no município de Jequié, estado da Bahia. Entre os meses de agosto de 2011 e fevereiro de 2012 foram realizadas as atividades em campo. As excussões noturnas foram feitas num intervalo de aproximadamente 15 dias (entre os meses de agosto a novembro) e semanalmente (entre os meses de dezembro a fevereiro), além disso, foram utilizados dados adicionais anteriormente ao início do período de estudo (agosto/2010 a março/2011). O número de espécimes em atividade de vocalização, os sítios utilizados para reprodução, presença de fêmeas e desovas foram registrados. Os exemplares adultos foram preservados em álcool 70% e depositados na coleção zoológica da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, campus de Jequié. Os machos em atividade de vocalização foram gravados com gravador digital Marrantz e microfone direcional Sennheiser para posterior digitalização através do software Raven 1.4 (frequência = 44 kHz e 16 bits de resolução). Além disso, foram obtidos dados abióticos (pluviosidade e temperatura do ar) que será correlacionado com o número máximo de machos em atividade de vocalização.
RESULTADOS:
Hypsiboas crepitans, tal como esperado, foi registrada em atividade durante todos os meses em que o estudo foi realizado. Foram medidos o Comprimento Rostro-Cloacal (CRC) de 22 indivíduos de Hypsiboas crepitans, 14 machos e oito fêmeas. Os valores dos Comprimentos Rostro-Cloacais médios apresentados pelos machos foram significativamente diferente da média apresentada pelas fêmeas o que demonstra um dimorfismo sexual de tamanho entre os exemplares estudados. As razões operacionais foram baixas, pois houve um grande número de machos em relação ao de fêmeas, o que justifica a chegada assincrônica destas. Havendo assim um aumento no leque de escolhas realizado pelas fêmeas (Bastos & Haddad,1999).Os casais foram encontrados no período de agosto, setembro, outubro e janeiro. Fêmeas desovadas apresentaram ovócitos imaturos em seus ovários, um indicativo de que a espécie apresenta desova parcelada. Em campo, as desovas de H. crepitans foram registradas em pequenas panelas às margens de corpos de água permanente, sendo estes os mesmos sítios utilizados para atividade de vocalização dos machos. Estas características comportamentais em consonância com a baixa razão sexual operacional determinam características típicas de espécies de estação reprodutiva prolongada.
CONCLUSÃO:
Os dados obtidos no presente estudo confirmam que H. crepitans apresenta estação reprodutiva prolongada, uma vez que foi possível visualizá-la em atividade em todos os meses de coleta, além disso, a espécie apresenta razão operacional baixa e adota como principal estratégia reprodutiva a de macho vocalizador. A análise dos Comprimentos Rostro-Cloacais de casais demonstrou que não há uma associação estatisticamente significativa entre os tamanhos corpóreos dos machos e fêmeas.
Palavras-chave: Hylidae, Estação reprodutiva, Ecologia.