64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
COMPOSIÇÃO DE ESPÉCIES E BIOLOGIA REPRODUTIVA DE MORCEGOS (mammalia,chiroptera) EM UM FRAGMENTO DE FLORESTA AMAZÔNICA DA ILHA DE SÃO LUÍS, MA, BRASIL.
Dyego Bruno Sena Lima 1
Isabel Cristina Lopes Dias 1
Edenilde Alves dos Santos 1
Adely Fátima Dutra Vieira 1
Lívia Regina Montes Gama Rios 1
1. Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente – UFMA
INTRODUÇÃO:
Os morcegos (mammalia, chiroptera) constituem a segunda maior ordem entre os mamíferos, representando cerca de um terço da fauna de mamíferos brasileiros. Estudos apontam o neotrópico como a região de maior riqueza na quiropterofauna do mundo. No entanto, populações de morcegos parecem estar em declínio em muitas regiões do planeta. O período reprodutivo é uma fase crítica para a maioria dos organismos vivos e tem se tornado uma área de grande interesse entre os biólogos. Condições ambientais e fatores endógenos estão fortemente associados com reprodução dos morcegos, assim, a reprodução torna-se um fenômeno bastante complexo, tanto do ponto de vista ecológico quanto fisiológico. Dada a grande escassez de informações e com vistas na implementação de programas e projetos de manejo e conservação do bioma amazônico, o presente trabalho teve como objetivos estudar a composição das espécies bem como a biologia reprodutiva de uma comunidade de morcegos em um fragmento de mata amazônica da Ilha de São Luís, Maranhão, Brasil.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado na reserva Biológica da Merck. As coletas foram realizadas quinzenalmente durante três dias consecutivos, compreendendo o período de dezembro de 2007 a junho de 2008. Foram utilizadas 6 redes de neblina de 12m x 2,5m cada, sendo estas abertas as 18:00 e fechadas por volta das 06:00 da manhã sendo vistoriadas a cada 30 minutos. Os indivíduos capturados foram identificados, observados quanto ao seu estágio reprodutivo, pesados com auxílio de uma pesola, medidos com um paquímetro digital, marcados com uma caneta de tinta permanente e soltos. As medidas coletadas foram o comprimento do antebraço e o tamanho corpóreo. Os indivíduos não identificados foram acondicionados em sacos de algodão para posterior identificação em laboratório. Quanto ao estágio reprodutivo os machos capturados foram classificados em reprodutivos (testículo escrotal) ou não-reprodutivos (testículo abdominal) e as fêmeas em relação às condições das mamas em inativas ou lactantes. Também foi verificada nas fêmeas a presença ou ausência do estado de prenhez por apalpação na região abdominal. A razão sexual de cada espécie também foi observada, utilizado o teste qui-quadrado. Foram calculadas também a diversidade através dos índices de Shannon (H’) e Simpson.
RESULTADOS:
Foram coletados um total de 276 indivíduos pertencentes a 17 espécies e 3 famílias num total real de 1728 horas/rede. A riqueza foi relativamente menor quando comparada a outros trabalhos na mesma área de estudo. Phyllostomidae foi a família mais representativa (14 espécies) seguida por Emballonuridae (2 espécies) e Vespertilionidae (1 espécie). As espécies com maior ocorrência foram destacadamente Artibeus obscurus, seguida por Carollia perspicillata. A diversidade encontrada pelos índices de Shannon (H’) e Simpson (1/índice Simpson) foi de 1,98 e 4,747, respectivamente. Duas espécies apresentaram diferenças significativas na razão sexual, Carollia perspicillata (χ2 = 4.74 ; p<0.05) e N. stramineus (χ2 = 5 ; p<0.05). Dos espécimes capturados 129 eram jovens e 114 adultos, destes 59 (21,4%) se encontravam em estágio reprodutivo. O número de fêmeas na condição lactante e de prenhez foi de 32 (21,3%), A maior ocorrência de fêmeas prenhes ou lactantes foi durante a estação chuvosa. O número de machos com testículo escrotal foi de 42 indivíduos (33,3%). Foi observado um maior número de indivíduos em estágios não reprodutivo em relação ao estagio reprodutivo (Tabela 2). Apesar de não haver diferença na condição reprodutiva entre machos e fêmeas (F = 0,045, p = 0,833) observa-se uma diferença significativa no número de indivíduos reprodutivos e não reprodutivos das espécies como um todo (F = 4,766, p = 0,035). Das 17 espécies encontradas, 12 estavam em estágio reprodutivo.
CONCLUSÃO:
A maior ocorrência de fêmeas lactantes e prenhes na estação chuvosa poderia estar associada à disponibilidade de alimento, o que favoreceria a sobrevivência das crias, já que a maioria das espécies estudadas é preferencialmente frugívora e o período de frutificação corresponde normalmente à estação de umidade mais elevada. A temporada de maior atividade reprodutiva dos morcegos capturados coincidiu com o período de maior pluviosidade na área de estudo.
Palavras-chave: reprodução, riqueza de espécies, áreas alteradas.