64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 5. Farmacognosia
AVALIAÇÃO DA CITOTOXICIDADE DE ÓLEOS ESSENCIAIS DE PLANTAS AROMÁTICAS
Marlla Kelly Lima de Queiroz 1
Mayara Fernandes Santos 1
Denise Fernandes Coutinho de Moraes 2
Victor Elias Mouchrek Filho 3
1. Graduandas do Curso de Farmácia – UFMA, São Luís-MA
2. Profa. Dra./Orientadora - Depto.de Farmácia – UFMA, São Luís-MA
3. Prof. Dr. - Depto de Tecnologia Química – UFMA, São Luís-MA
INTRODUÇÃO:
Com o destaque da fitoterapia no arsenal farmacêutico, a obtenção de óleos essenciais se constitui como uma importante atividade econômica, sendo largamente utilizada na indústria. Quatro espécies aromáticas foram alvo desse estudo: Eucalyptus tereticornis Sm(eucalipto), Zingiber officinale R.(gengibre), Ocimum gratissimum L.(alfavaca) e Citrus limon L.(limão). O óleo essencial extraído de folhas de eucalipto é rico em cineol e atua como repelente de insetos, desempenhando também forte ação larvicida, pupicida e adulticida sobre o mosquito vetor da malária. (NATHAN, 2007). O gengibre é utilizado como especiaria e erva medicinal com propriedades digestivas e antiemética, no tratamento de hemorragias e doenças respiratórias (DUKE et al., 1985). A alfavaca é utilizada na culinária e no tratamento de diversos males: nervosismo, paralisia, tosse, vômitos e tuberculose (PIO CORRÊA, 1984). Já o limão possui forte atividade antioxidante, anticarcinogênica, antiinflamatória, inseticida, analgésica e antimicrobiana(BENAVENTE, 2008). O presente estudo foi realizado com o objetivo de realizar a caracterização farmacobotânica de seus farmacógenos e avaliar a toxicidade dos seus óleos essenciais através do bioensaio com Artemia salina.
METODOLOGIA:
Os farmacógenos das espécies em estudo foram coletadas no Horto Medicinal da UFMA e sua identificação botânica foi realizada no Herbário Ático Seabra dessa mesma universidade. A análise macroscópica foi realizada a vista desarmada e com auxílio de estereomiscroscópio. Para a análise microscópica, foram realizadas secções transversais na região intermediária do limbo foliar e paradérmicas nas duas faces da epiderme, que foram clarificados e coradas com azul de astra e fucsina básica. As lâminas foram observadas em microscópio óptico. Para a obtenção do óleo essencial, as folhas foram secas, pulverizadas e submetidas à hidrodestilação, em destilador adaptado com aparelho de Clevenger. A toxicidade do óleo foi avaliada através de ensaios com larvas de A. salina, seguindo a metodologia descrita por Meyer (1982), com modificações. O óleo foi testado nas concentrações de 10, 100 e 1000 µg/mL e a DL50 foi determinada por regressão linear.
RESULTADOS:
Durante a análise microscópica da lâmina de E. tereticornis foi possível visualizar a presença de bolsas secretoras distribuídas em ambas faces do mesofilo. Z. officinale apresentou numerosas células secretoras na região do parênquima fundamental e da medula. Nas secções transversais de O. gratissimum foi observada a presença de tricomas glandulares peltados e capitados, assim como tricomas tectores unisseriados, bicelulares ou pluricelulares, sendo mais freqüentes junto a nervura central. A lâmina do pericarpo de C. limon L. em vista transversal nos revelou a distinção de epicarpo e mesocarpo. As bolsas secretoras de óleo essencial são grandes e se apresentam principalmente unidas à epiderme, também sendo observadas outras mais internamente, no mesocarpo. No Bioensaio com Artemia salina, o óleo essencial de E. tereticornis se mostrou praticamente atóxico, possuindo uma DL50 maior que 1000 µg/mL (1,77 x 1016 µg/mL) Já o óleo de Z. officinale e o óleo de C. limon se apresentaram moderadamente tóxicos, com uma DL50 de 181,97 e 186,25 µg/mL, respectivamente. Porém, o óleo de O. gratissimum foi o que se mostrou altamente tóxico, revelando uma DL50 de 19,14 µg/mL.
CONCLUSÃO:
A análise farmacobotânica nos permitiu garantir a autenticidade dessas 4 plantas, confirmando, através da análise microscópica seu caráter aromático; Foi possível verificar que é possível extrair óleo essencial de diferentes farmacógenos, como folhas (eucalipto), casca (limão), rizoma(gengibre) e partes aéreas (alfavaca), pois as quatro espécies em análise possuem numerosas estruturas secretoras de óleo essencial, algumas possuindo bolsas secretoras e outras tricomas, o que garantiu um bom rendimento do mesmo; O óleo essencial de E. tereticornis se mostrou ser praticamente atóxico frente ás larvas de Artemia salina, demonstrando maior segurança no seu uso, em geral. Enquanto que o óleo essencial de Zingiber officinale e de Citrus limon se mostraram moderadamente tóxicos e o óleo de Ocimum gratissimum se mostrou altamente tóxico, podendo então apresentar boa correlação com atividades biológicas, como a antitumoral e inseticida. São indispensáveis testes mais específicos de toxicidade geral dos vegetais para se fazer o uso medicinal e alimentar com segurança.
Palavras-chave: Óleos essenciais, Citotoxicidade, Artemia salina.