64ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Gestão e Administração - 8. Organizações e Alternativas Organizacionais
CONFIGURAÇÃO DOS ESTUDOS EM RELACIONAMENTOS INTERORGANIZACIONAIS NO BRASIL: POR ONDE CAMINHAMOS?
Denise Rossato Quatrin 1
Breno Augudto Diniz Pereira 2
Juliano Nunes Alves 3
Leander Luiz Klein 4
João Heitor de Ávila Santos 5
1. Universidade Federal de Santa Maria
2. Prof. Dr./ Orientador - UFSM
3. Universidade Federal de Santa Maria
4. Universidade Federal de Santa Maria
5. Universidade Federal de Santa Maria
INTRODUÇÃO:
As relações interorganizacionais referem-se à interação entre organizações (Cropper, Ebers, Huxham, e Ring, 2008) e têm a prerrogativa de criar valor para as empresas que se comprometem a fazer parte dessa rede. Diversos termos são utilizados na apresentação dos relacionamentos interorganizacionais, estes incluem: redes, joint ventures, alianças estratégicas, cooperação. Cropper et al. (2008, p. 4) indicam que o estudo dos relacionamentos interorganizacionais “está preocupado com a compreensão do caráter e do padrão, as origens, fundamentos, e as conseqüências dessas relações”. Neste trabalho, o tema será referido como rede interorganizacional e a revisão irá explorar esta expressão a partir de uma perspectiva interdisciplinar. Ao fazer parte de um relacionamento interorganizacional, espera-se a partilha dos recursos entre as organizações envolvidas, o que resultará em vantagens competitivas mais sustentáveis (RING E VAN DE VEN, 1994). No entanto, a rede, com sua estrutura, regimentos e códigos de ética inibe as potencialidades existentes nas empresas, fazendo com que capacidades empreendedoras sejam contidas (PEREIRA, 2005). Atualmente a gestão das redes levanta novas questões. Torna-se assim importante aprofundar a compreensão de qual é o melhor modelo de gestão para as redes interorganizacionais e como as empresas podem nessa forma organizacional desenvolver novas capacidades.
METODOLOGIA:
Este estudo caracteriza-se como pesquisa bibliográfica com objetivo descritivo, sendo uma pesquisa teórica quanto à natureza e bibliográfica quanto aos procedimentos técnicos. Consiste basicamente em identificar nos periódicos nacionais o estágio em que se encontram os estudos sobre redes interorganizacionais, bem como, apresentar bibliometricamente o quanto evolui a procura por esse tema e seus principais pesquisadores e achados. A base de consulta restringiu-se a 295 periódicos nacionais, de onde foram selecionados todos os artigos sobre relacionamentos interorganizacionais publicados (51 periódicos continham o tema) do Qualis da Capes na área de Administração, Contabilidade e Turismo, no período compreendido entre 2004 e 2009, totalizando 195 artigos. Foram utilizados como critérios de avaliação dos artigos: quantidade de publicações/ano sobre o tema, as abordagens mais utilizadas, classificação no qualis ao longo dos anos, periódicos, locais do país mais estudados, teorias mais utilizadas, autores, e principais resultados ao longo do período estudado. Após procedeu-se a codificação e análise dos artigos, que foram categorizados, por ano, de acordo com a sua classificação: A1, A2, B1, B2, B3, B4 e B5. Para a obtenção das informações e artigos, foi realizada a tabulação dos dados e, posteriormente, foi feita a leitura de todos os artigos para identificar quesitos relativos à metodologia, principais resultados, teorias utilizadas e o local onde foi realizado o estudo.
RESULTADOS:
Pesquisas centradas nos periódicos B1 e B2 da Qualis; nenhum artigo A1; Preferência por periódicos B1 e crescimento da preferência por B3 e B4;Incipientes publicações do assunto em periódicos nacionais e raras em internacionais; 394 autores do tema no Brasil (Eugenio Avila Pedrozo, UFRGS - 8 artigos - e Alsones Balestrin, Unisinos - 7 artigos -); Instituições em destaque: UFSM (13 estudos) e UFRGS (12 artigos); Grande parte dos estudos ainda carece de autores mais específicos da área; A maioria dos estudos são fundamentações teóricas pouco focadas e genéricas, preocupadas, principalmente, em conceitualizar o tema; 50,77% dos estudos foram relativos às “redes” e 21,03% referentes às “redes de cooperação”. Menor participação dos estudos de “alianças”, “redes sociais”, “arranjos produtivos locais” e “joint-ventures”; Destaque para competitividade e desempenho, com 27 e 22 trabalhos, respectivamente (mais de 25% dos trabalhos); Estudos empíricos predominantemente qualitativos (71%); a maior parte dos estudos são exploratórios (39%), seguido de estudos descritivos (29%) e teóricos (23%).
CONCLUSÃO:
Pode-se constatar que o estudo do tema pouco evoluiu, o que se justifica pela predominância de trabalhos qualitativos através de estudos de casos específicos, que tiveram como foco principal o entendimento do tema e sua conceituação. Não se observa, portanto, a possibilidade de aplicação em outros ambientes, o que pouco contribui para a consolidação de uma teoria sobre relacionamentos interorganizacionais. Além disso, poucos são os estudos longitudinais, o que é demonstrado na reduzida presença de estudos amostrais (quantitativos) avaliados em vários períodos.
A evolução dos resultados ao longo dos anos 2004-2009 mostrou que são praticamente os mesmos. Ou seja, a formação dos relacionamentos contribui para uma maior troca de informações, diminuição dos custos de transação, além de maior capacidade de aprendizagem e inovação para os integrantes.
Os estudos mais representativos foram os relacionados a redes, redes de cooperação e alianças, por demonstrarem resultados mais significativos sobre relacionamentos interorganizacionais. Por outro lado, apresenta-se no período pesquisado 2004-2009 poucos estudos sobre clusters, joint-ventures e arranjos produtivos o que ainda para alguns autores é tratado nos estudos como alianças e os resultados mais voltados para competitividade e vantagem competitivas.
Palavras-chave: relações interorganizacionais, estudo bibliométrico, periódicos nacionais.