64ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 2. Química Ambiental
CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DA ÁGUA DA FOZ DOS RIOS TEFÉ, BAUANA E CURUMITÁ NA FLONA TEFÉ NO PERÍODO DE ENCHENTE
Elinéia Alves de Moura 1,3
Cássio Augusto da Silva Oliveira 1
Maria Cecília Rosinski Lima Gomes 2
João Paulo Borges Pedro 2
1. Graduando(a)/Universidade do Estado do Amazonas
2. Orientador(a)/Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.
3. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
INTRODUÇÃO:
A bacia Amazônica possui uma área de 6.500.000Km2 e cerca de 3.984.487 Km² desse total encontram-se no Brasil. O seu principal rio, o Rio Amazonas, percorre uma extensão aproximada de 6.518 Km. As bacias subsidiárias dos afluentes constituem uma complexa rede de rios meândricos, que na época das enchentes formam várzeas gigantescas e estas carregam em seu fluxo terras caídas. A Floresta Nacional de Tefé (FLONA Tefé), situada no Estado do Amazonas, possui uma área de 1.020.000 ha, com uma população estimada em 1.950 pessoas e está localizada entre a margem direita do Rio Bauana e esquerda do Rio Tefé e limitada pelos Rios Curumitá de Cima e Andirá. Sua área compreende os municípios de Tefé, Alvarães, Juruá e Carauari. A caracterização físico-química da água dos rios que constituem a FLONA Tefé se faz necessária para acompanhar o impacto causado pela influência das atividades do homem nas propriedades físico-químicas destes rios. No local ainda não houve trabalhos desta natureza, dessa forma esta caracterização poderá auxiliar em estudos posteriores. Este trabalho tem por objetivo a caracterização físico-química da água da foz dos Rios Curumitá, Tefé e Bauana no período de enchente, como uma ferramenta de gestão da área por parte dos órgãos ambientais competentes.
METODOLOGIA:
O Rio Tefé é afluente do rio Solimões. Os Rios Bauana e Curimitá são afluentes do Rio Tefé, que é o único rio navegável por embarcações de grande porte. Localizam-se em área protegida e atravessam uma floresta densa e nativa. Os rios são utilizados pelos moradores da FLONA Tefé e do entorno para transporte, pesca e lazer. A população local não causa um grande impacto ambiental nem interfere de maneira significativa na qualidade das águas dos rios.
Foram realizadas três coletas de amostras de água nos Rios Curumitá, Bauana e Tefé, no período de enchente. As amostras foram coletadas em dois pontos na foz de cada Rio: a) Rio Curumitá - Ponto Acima da Preciosa (CUR1); b) Ponto do Estirão (CUR2); c) Rio Tefé - Ponto Volta do Sapiá (TEF1); d) Ponto Acima das Cinco Bocas (TEF2); e) Rio Bauana - Ponto Boca do Camon (BAU1); f) Ponto Monte Carmelo (BAU2).
Em campo determinou-se temperatura, oxigênio dissolvido (OD), condutividade elétrica (CE) e pH utilizando sensor Multiparâmetros marca OAKLON, modelo PCD650, e turbidez com turbidímetro marca HANNA, modelo HI93703. As medições foram feitas em profundidade de 10 cm.
Em laboratório foi determinada a cor aparente, pelo método fotométrico, com o auxílio do Espectrofotômetro modelo DR 5000 marca HACH, em comprimento de onda de 465nm.
RESULTADOS:
A temperatura média dos rios variou entre 25,9 e 31,5 ºC. As temperaturas mais altas ocorreram nas coletas por volta de 12h. A média geral de pH foi de 7,4, indicando águas praticamente neutras.
Para cor aparente em mgPt L-1 as médias foram: CUR1 37,3±13,3; CUR2 38±13; BAU1 35,3±16,5; BAU2 35,3±12,2; TEF1 35,3±13,4; TEF2 46±5,6. Estes valores estão relacionados com a matéria orgânica, proveniente da vegetação e fauna em decomposição ao longo dos rios.
Obteve-se para transparência, em metros: CUR1 1,3; CUR2 1,3; BAU1 1,5; BAU2 1,4; TEF1 1,7; TEF2 1,6. Para turbidez obteve-se, em UNT: CUR1 3,9±1,0; CUR2 4,0±0,9; BAU1 1,5±0,5; BAU2 2,2±1; TEF1 2,1±0,4; TEF2 2,2±0,5. Estes valores mostram que a quantidade de sólidos em suspensão é baixa.
Obteve-se para OD, em mgL-1: CUR1 4,4±4,0; CUR2 4,0±3,3; BAU1 4,7±2,3; BAU2 4,6±2,7; TEF1 3,7±3,1; TEF2 2,3±1,7. Essa variação pode ter ocorrido devido ao período de enchente, quando há formação de áreas alagadas que geram aumento da matéria orgânica na água, além da resuspensão de sólidos do leito dos rios, gerando depleção de oxigênio para sua decomposição.
Para CE os valores, em µS/cm foram: CUR1 9,8±0,3; CUR2 9,8±0,3; BAU1 9,6±0,8; BAU2 9,5±0,1; TEF1 9,2±0,4; TEF2 9,1±0,4. Estes valores indicam que há pouca presença de sólidos dissolvidos.
CONCLUSÃO:
O oxigênio dissolvido foi um dos parâmetros que mais variou e apresentou valores baixos, quando comparados com corpos hídricos de outras regiões do país. Entretanto, essa é uma característica natural dos rios da bacia Amazônica, não sendo atribuída à poluição em áreas preservadas como a FLONA de Tefé.
Os resultados de condutividade elétrica e transparência permitem afirmar que os rios da FLONA Tefé classificam-se em águas pretas. Porém, os outros parâmetros analisados (pH, cor e turbidez) indicam que o rios são de águas claras. Como a condutividade é um parâmetro mais significativo para classificação de águas na Amazônia, conclui-se que os rios estudados são de água preta.
A caracterização físico-química dos corpos d’água estudados possibilitaram a compreensão da dinâmica de algumas variáveis limnológicas dos Curumitá, Bauana e Tefé no período de enchente, servindo como base para ações de gestão dos recursos hídricos da região.
Palavras-chave: FLONA Tefé, Caracterização físico-química, Qualidade da água.